A definição de critérios de qualidade da formação exigida para o acesso ao título profissional, a atribuição de títulos de especialista ou o controlo de quem trabalha na área sem as devidas habilitações, serão algumas das áreas de atuação da ordem dos fisioterapeutas. A constituição deste organismo é uma reivindicação antiga da Associação Portuguesa de Fisioterapeutas (APF) e a sua criação foi aprovada recentemente na generalidade pelo parlamento, tendo baixado à comissão competente da especialidade. Neste momento são cerca de seis mil os profissionais no ativo, mas dentro de quatro anos estima-se que este número ascenda aos dez mil. Para já o mercado de trabalho ainda não está saturado e são nas áreas do desporto, geriatria e neurologia onde a procura por estes especialistas é maior.
De acordo com um estudo divulgado pela APF em novembro do ano passado a taxa de empregabilidade média de uma licenciatura em fisioterapia era de 88,35%. Na Escola Superior de Tecnologia da Saúde de Lisboa do Instituto Politécnico de Lisboa (ESTESL), nos anos letivos de 2006/07 e 2007/08 a inserção dos seus alunos no mercado de trabalho foi de 96,7%. Para Pedro Rebelo, diretor da licenciatura em fisioterapia da ESTESL “continua a haver ainda muita procura por estes profissionais” . Tanto assim é que a esta instituição de ensino chegam propostas de trabalho oriundas de organismos públicos e privados, nacionais e internacionais.
Uma realidade sentida também na Escola Superior de Saúde da Universidade de Aveiro ( ESS /UA). “Os contactos informais com antigos alunos indicam que apesar das dificuldades sentidas na generalidade dos novos licenciados, os fisioterapeutas conseguem a sua integração na vida ativa, refletindo-se as maiores alterações no vínculo e instabilidade de trabalho” , revela Nelson Pacheco da Rocha, diretor da ESS /UA. Alguns estudantes desta instituição têm ido trabalhar para o estrangeiro e não é raro chegam a esta escola pedidos de fisioterapeutas para trabalhar em França e Inglaterra.
Apesar de se assistir cada vez mais a um aumento geral de procura de cuidados de fisioterapia, Nelson Pacheco da Rocha revela que “as áreas da geriatria e neurologia serão provavelmente as de maior crescimento” . A estas Isabel de Souza Guerra, presidente da APF junta a do desporto. A fisioterapia cardio-respiratória, na saúde da mulher e no meio aquático são especialidades que começam a ter procura e a que a escolas da área começam a responder com formação pós-graduada feita à medida das necessidades. Segundo a presidente da APF uma das incumbências da ordem será a capacidade de atribuir títulos de especialidade e assim valorizar a formação obtida.
Isabel de Souza Guerra considera que “neste momento não há trabalho para todas os licenciados, muito pelos constrangimentos que nos são impostos” . Um desses constrangimentos é o facto da Entidade Reguladora da Saúde – que tutela as unidades de saúde no país - ter uma visão dos cuidados da fisioterapia como dependente de uma direção médica. “Enquanto assim for os fisioterapeutas não terão a capacidade de montar as suas unidades autónomas. Considero que estes profissionais têm grande capacidade para trabalhar diretamente com as populações e é uma área enorme que deverá crescer” frisa a presidente da APF. Acrescenta que a associação que dirige tem vindo a lutar contra este fator e crê que futuramente também a ordem o irá fazer. Sem este constrangimento existiriam, na opinião de Isabel de Souza Guerra, mais oportunidades de trabalho.
Com a regulação da profissão, a ordem irá também atuar no combate a quem trabalha no mercado sem as devidas habilitações. “Vemos com grande preocupação a grande quantidade de pessoas sem qualquer formação académica de base que estão a fazer fisioterapia” , salienta a presidente da APF. Uma realidade a que a ordem poderá colocar um ponto final.