Ruben Eiras
APENAS 10% das empresas conseguem executar com eficácia a estratégia
de negócio que conceberam. O valor foi divulgado por Luís
Reis, director do Hay Group em Portugal, aquando da apresentação
de um estudo realizado por aquela consultora no evento "Criação
de valor através do aumento da competitividade", organizado
recentemente pelo Instituto de Formação de Executivos Nova
Fórum, da Universidade Nova de Lisboa (UNL).
De acordo com aquela pesquisa realizada a nível
mundial, tal situação decorre do facto de 74% dos colaboradores
não perceberem a estratégia das suas organizações.
"Para que isto não aconteça, as empresas têm
que adoptar os três pilares que sustentam a boa 'performance': a
clareza da estratégia, a responsabilização flexível
e a capacitação da estrutura", enumera Luís
Reis.
O consultor refere que a aplicação do primeiro princípio
consiste em que as pessoas compreendam claramente o seu papel na organização
e os processos que deverão realizar para obter resultados e criar
valor. Quanto à segunda regra, a responsabilização
e o compromisso da força de trabalho deve estar alicerçada
em políticas de recompensa que valorizem o desempenho individual
ou de equipa acima da média. "Isto implica a adopção
de sistemas de gestão de desempenho que fomentem e liguem os resultados
da empresa à 'performance' dos colaboradores", salienta
Luís Reis.
O terceiro princípio assenta no desenvolvimento da força
laboral. As técnicas a serem utilizadas são a identificação
das competências necessárias para obter o desempenho excelente
e a medição da motivação, capacidade e nível
de conhecimentos técnicos.
Neste nível, Luís Reis avança que, segundo os estudos
do Hay Group, as empresas com maior sucesso apostam cada vez mais em técnicas
de mobilidade interna baseadas em sistemas de avaliação
de potencial e de "coaching" - formação personalizada
- individual.
As ferramentas de gestão mais utilizadas para atingir este objectivo
são os sistemas de monitorização dos conhecimentos
técnicos e do desenvolvimento individual (como os de gestão
de competências).
Quanto às empresas expostas a ambientes mais turbulentos e que
necessitam de dar respostas rápidas às oscilações
do mercado, Miguel Pina e Cunha, docente na UNL e outro dos oradores no
certame, defende que estas deverão adoptar o modelo organizacional
baseado na filosofia do "jazz", "uma música que
vive muito do improviso, mas que assenta em regras mínimas que
nunca são quebradas".
Segundo este académico, a empresa que se organizar neste modelo
aumentará as suas capacidades de adaptação, de inovação
e de participação da força de trabalho. Isto porque
na organização "jazz" todos podem liderar, dada
a possibilidade de conceder autonomia aos colaboradores sem perda de controlo
do processo. "A organização não cai na anarquia
devido à existência das estruturas mínimas, que podem
ser prazos de entrega, normas de qualidade ou objectivos a cumprir",
observa Miguel Pina e Cunha. Ou seja, o foco não recai sob a forma
como se alcança a meta, mas sim "alcançá-la".
Todavia, o docente de gestão refere que, na maioria dos casos,
este tipo de modelo organizacional só se enquadra em ambientes
empresariais que se norteiam por um elevado nível de profissionalismo
e de competência no trabalho e em segmentos de actividade intensivos
em conhecimento, como o de tecnologias de informação.