Reconquista - Rede Expresso
AS «CONDIÇÕES deploráveis» em que funciona a Escola Superior de Tecnologia e Gestão (Estig) de Beja — instalada há cerca de sete anos em armazéns arrendados à Refer — condicionam a qualidade do ensino ministrado, a motivação dos alunos e a sua própria participação noutro tipo de projectos.
Quem o diz é o presidente do conselho executivo daquele estabelecimento de ensino, Miguel Tavares, que não encontra outras razões para a não inclusão de verbas destinadas à construção das novas instalações da escola na proposta do Plano de Investimentos da Administração Central (Piddac) para 2005 — contrariamente às expectativas de alunos e docentes — que não sejam razões de ordem financeira.
Construção adiada?
«A única justificação terá a ver com restrições orçamentais dentro do ministério, mas o que nós achamos é que o nosso projecto é prioritário para todos os alunos e que devia ser mesmo considerado», diz o responsável, relembrando, no entanto, que a ministra da Ciência, Inovação e Ensino Superior, Maria da Graça Carvalho, aquando da sua última visita a Beja, não falou em datas de arranque. «Na realidade o que ela disse no seu discurso é que a construção seria tão cedo quanto possível, se bem que depois em reunião connosco e com os alunos deu a entender que seria no próximo ano, portanto toda a gente ficou com essa ideia».
No Piddac para o próximo ano constam somente 150 mil euros na rubrica estudos (projecto e revisão de projecto), que no entender do professor nem sequer são necessários dado que a escola «tem verbas suficientes para fazer a revisão» do projecto que deverá estar concluído no final deste mês.
Assim sendo, adianta Miguel Tavares, caso fossem disponibilizadas mais verbas, em Janeiro do próximo ano poder-se-ia dar início à abertura do concurso público e em Julho ao arranque da obra.
Face aos valores inscritos na proposta do Piddac, as obras só deverão ter início no final de 2006, se bem que segundo as verbas previstas para os anos seguintes só em 2008 «aparece um valor razoável para a construção», diz o presidente da Estig, salientando, no entanto, que também não há garantias que esses valores se mantenham.
«Parece mesmo o protelar de uma decisão de arranque de umas instalações que reconhecidamente são mais que necessárias para nós», considera ainda Miguel Tavares, relembrando que a Estig, com 1462 alunos, é a maior escola do Instituto Politécnico de Beja e a que tem as piores condições.
Da vasta lista de problemas, o docente destaca a insuficiência de salas de aulas e laboratórios, que obriga ao recurso a pavilhões pré-fabricados instalados no campus do IPB, a inexistência de gabinetes de professores — um pavilhão pré-fabricado construído em 2001 junto às instalações da Estig faz as vezes de gabinete para 91 docentes —, a insuficiência de sanitários e os quilómetros que separam a Estig do campus do IPB onde estão instaladas a biblioteca e a cantina, entre outros serviços, o que leva os alunos a despenderem tempo e dinheiro em transportes públicos.