Cátia Mateus
Despertar os prazeres do estômago pode ser um bom mote para criação de um negócio. Maria Jorge Amaro e Filipa Belchior resolveram aliar esse desafio ao de perpetuar os paladares tradicionais portugueses, através de um serviço de «take away» e «catering». Apesar da tradição, a Cozinha da Quinta inova pela transparência dos processos. O espaço, semelhante a um «aquário», está à vista dos clientes e dá-lhes a conhecer os segredos da comida e doçaria nacionais.
Foi nesta ideia de transparência que as empreendedoras sustentaram o seu projecto. Maria Amaro argumenta que «o conceito da cozinha como área onde o cliente não entra cai por terra na Cozinha da Quinta». Maria e Filipa quiseram criar uma empresa onde o cliente vê como é confeccionado aquilo que vai comer, os ingredientes utilizados e os processos adoptados. Esta transparência — materializada por uma cozinha onde as paredes são substituídas por vidros — «é também ela uma afirmação de qualidade e cumprimento das normas impostas a este tipo de negócios».
Descontentes com os seus empregos anteriores, Maria Amaro (licenciada em Direito) e Filipa Belchior (licenciada em História) apostaram tudo na concepção de um projecto empresarial onde a burocracia é mais que muita.
A empresa funciona há três anos, mas a ideia tem outros tantos de maturação. Isto porque para se criar um negócio em Portugal não é fácil, «nesta área a dificuldade é acrescida, pois o licenciamento e as questões burocráticas são muitas e não se esgotam na criação da empresa», explicam as empreendedoras.
Segundo Maria Amaro, «esta é uma área ainda em crescimento, mas apenas para as empresas que se posicionem no mercado de forma profissional, rigorosa e séria». A sócia, Filipa, explica que «na Cozinha da Quinta existe um veterinário que nos dá assessoria na área da higiene alimentar e nos permite manter os níveis de exigência contínuos associados a esta área de negócio, para além de monitorizar a qualidade dos produtos utilizados».
As duas empresárias, que participam activamente na confecção das ementas, centram o seu público-alvo nas empresas e particulares, mas é no primeiro segmento que querem expandir a actividade no futuro. Actualmente, a Cozinha da Quinta faz um contrato com as empresas e vai diariamente ao local entregar as refeições. Mas as duas empreendedoras prestam também serviços de «catering» em eventos e ocasiões festivas (como Natal e Páscoa), para as quais confeccionam ementas especiais (ver o sítio www.cozinhadaquinta.pt)
Em média, uma refeição na Cozinha da Quinta ronda os oito euros por pessoa, mas, esclarecem, «os preços divergem consoante a ementa». A empresa tem sede na Quinta da Beloura e está também presente em Telheiras. Ao todo emprega já sete funcionários.