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Emprego em I&D cresce, mas pouco

24.03.2005


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Ruben Eiras

PORTUGAL possui uma das maiores taxas de crescimento do emprego em Investigação & Desenvolvimento (I&D) da UE. Segundo uma recente análise do Eurostat, entre 1999 e 2002, os postos de trabalho em actividades científicas cresceram em Portugal cerca de 1,32%, situando-se a média europeia nos 1,87%.

Todavia, este ritmo de crescimento não aparenta ser suficiente para Portugal convergir com a Europa, em tempo útil, no capítulo das altas qualificações. Com efeito, face ao total da população activa, os investigadores só representam 0,77% dos portugueses empregados, enquanto que a média da UE é de 1,44%.

Segundo José Bancaleiro, gestor de recursos humanos da Opca e especialista em sistemas de medição do capital humano, falta uma cultura que valorize a I&D em Portugal. «Basta pensar que nos ‘rankings’ de profissões mais admiradas: os investigadores são praticamente ignorados», observa. Aquele responsável salienta ainda que «precisávamos de alguns ‘Carlos Lopes e Rosas Motas’ para servirem de modelo e incentivarem o fortalecimento deste tipo de cultura».

A nível de medidas concretas para criar um ambiente cultural mais propício ao crescimento de uma mentalidade inovadora, Márcia Trigo, directora da Escola de Negócios da Universidade Autónoma de Lisboa, defende a reconversão de milhares de professores que possuam um baixo nível de empregabilidade científica e tecnológica. «O Japão é um excelente exemplo neste domínio, ao reconverter milhares de professores de história, de sociologia e de outros domínios, em profissionais tecnológicos, através de cursos de pelo menos três anos de duração», sugere.

Por sua vez, José Bancaleiro sublinha que o sucesso do Plano Tecnológico do Governo na dinamização do emprego em I&D dependerá em muito do reforço da ligação entre as universidades tecnológicas e as empresas de inovação. Neste plano, advoga a criação de melhores condições logísticas — por exemplo, nos parques e ninhos de empresas — e financeiras para que jovens empreendedores possam testar as suas ideias de negócio. «Aproveitar, potenciar e estender a outras cidades a experiência das universidades do Minho, Aveiro e Coimbra, que já deram frutos, pode ser o primeiro passo duma boa estratégia», remata aquele especialista.





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