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Emprego aumenta na agricultura

08.08.2003


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Fernanda Pedro e Ruben Eiras

Força de trabalho cresce 0,5% em 2002


O NÚMERO de pessoas a trabalhar na agricultura está a aumentar em Portugal.

De acordo com os últimos dados do Inquérito à Força de Trabalho 2002 realizado pelo Eurostat, cerca de 12,5% da população activa portuguesa exercem actividade no sector agrícola, o que significa um crescimento de meio ponto percentual em relação ao ano anterior.

Por sua vez, os dados do INE revelam que 621.000 portugueses trabalhavam neste sector no 4º trimestre de 2002 e que este valor já subiu para os 635.600 no fim do 1º trimestre deste ano.

Portugal é assim o país da UE com a segunda maior força de trabalho neste segmento económico. A média europeia é de 4%, menos de um terço do valor português.

De acordo com a Confederação da Indústria Portuguesa (CIP), este comportamento do mercado laboral deve-se ao recurso corrente do duplo emprego nas áreas rurais: a população complementa uma actividade no sector secundário ou terciário com outra, por conta própria ou subordinada, na agricultura.

As centrais sindicais, por outro lado, mostram-se reticentes quanto à exactidão destes números. João Proença, secretário-geral da UGT, classifica esta tendência do mercado laboral de "surpreendente", já que face ao peso ainda muito elevado da mão-de-obra agrícola no total da população activa nacional, "seria de esperar algum ajustamento para baixo".

Mas a raiz desta subida no emprego agrícola também pode sustentar-se na crise que afecta a indústria nacional. "Estes dados parecem ir ao encontro das teses que defendem que o sector agrícola continua a ser, pelo menos em termos estatísticos, uma 'almofada de emprego' para a perda de postos de trabalho do sector industrial", contrapõe.

Já a CGTP explica esta grande percentagem de pessoas a trabalhar na agricultura como sendo uma "máscara" do desemprego.

"Existe muito desemprego oculto na agricultura, que faz baixar a taxa oficial de desemprego", argumenta Eugénio Rosa, economista do gabinete de estudos da CGTP. O especialista salienta que o sector agrícola contribui para baixar a produtividade nacional. Embora empregue uma elevada percentagem da população (12,5%) corresponde apenas a 4% do PIB.

As mulheres sempre foram uma força importante nesta actividade. Hoje representam 51,9% da mão-de-obra agrícola. Número que justifica mais uma iniciativa da Associação das Mulheres Agricultoras Portuguesas (AMAP), que se traduzirá num estudo de diagnóstico sobre a participação das mulheres empresárias agrícolas no domínio dos programas de apoio, focalizado na promoção da igualdade de oportunidades.

O estudo, financiado pelo III quadro comunitário através do Programa de Desenvolvimento Rural AGRO, tem como meta a obtenção de um quadro alargado sobre a participação das mulheres na liderança e gestão da exploração agrícola, as suas atitudes face ao investimento, à modernização, inovação e novas iniciativas económicas.

"Depois deste estudo, a realidade rural portuguesa irá mudar", refere Salomé Gorjão Grilo, presidente da AMAP.





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