Elite International recruta em Lisboa jovens angolanos
A falta de quadros qualificados é uma das grandes dificuldades com que se deparam as empresas angolanas da sua gestão quotidiana. O país tem quotas de recrutamento e uma das formas que utiliza para colmatar esta lacuna é tentar cativar os jovens angolanos que investiram na sua qualificação além-fronteiras a regressarem ao país. É essa a missão da Elite International Careers que realiza em Lisboa, na próxima semana, o seu 4º Fórum de Recrutamento Elite Angolan Careers.
09.03.2012 | Por Cátia Mateus
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O evento é reservado e só se entra por convite. É assim que a Elite International Careers (EIC) realiza os seus fóruns de recrutamento nos vários países onde marca presença. Os interessados em participar nos eventos realizam uma inscrição prévia e a empresa faz um mix entre os candidatos a participantes e o perfil que as empresas representadas esperam encontrar no certame. O 4º Fórum Elite Angolan Careers que arranca a 16 de março, em Lisboa, registou cerca de cinco mil inscrições de participação. No final e feita a triagem, em função das necessidades das empresas, apenas 10% tiveram direito ao convite que garante a entrada no local onde se realiza o fórum e que EIC prefere não revelar.
O convite é quase o bilhete premiado da lotaria, mas por detrás desta seleção rigorosa que conduz à possibilidade de participar no 4º Fórum Elite Angolan Careers está um exaustivo trabalho da equipa liderada por Miguel Vieira, o diretor-geral da Elite International Careers para os mercados de África e América Latina e responsável pela realização destes fóruns. “O objetivo é criar uma plataforma onde o maior número de candidatos angolanos qualificados possam encontrar-se com algumas das maiores empregadoras de Angola”, explica o responsável que justifica a escolha de Lisboa como anfitriã do evento pelo facto de Portugal continuar a ser o país europeu onde a empresa consegue detetar o maior número de candidatos angolanos e assim dar resposta a um interesse crescente das empresas angolanas em “entrevistar e recrutar candidatos angolanos educados na Europa”.
A edição deste ano - a quarta do Fórum Elite Angolan Careers em Lisboa - contará com a presença de 23 empresas que disponibilizarão, segundo Miguel Vieira, mais de 400 vagas de emprego para consolidar uma carreira em Angola e promover o regresso dos talentos angolanos espalhados pelo mundo ao seu país de origem. O caminho é reunir candidatos altamente qualificados e colocá-los em contacto direto com os 100 membros da comitiva empresarial que estarão no local.
O Fórum decorrerá de 16 a 18 de março e arrancará com “uma cerimónia de abertura e um cocktail de networking onde os candidatos terão uma primeira oportunidade de conhecer todas as empresas presentes no evento”, explica o diretor-geral. Para os restantes dois dias do Fórum estão previstas as maratonas de entrevistas que decorrerão entre as 8h e as 18h. “Durante este horário, cada candidato terá a sua agenda personalizada com entrevistas que serão pré-agendadas pela nossa plataforma online, de acordo com os convites que os candidatos tenham recebido por parte das empresas participantes”, enfatiza Miguel Vieira adiantando que “os candidatos terão também a possibilidade de participar nas apresentações feitas pelas empresas onde serão abordadas questões como as oportunidades de carreira, formação e desenvolvimento e perfil necessários para as suas operações em território angolano”. Para o diretor-geral da EIC nos mercados da África e América Latina, “esta é uma excelente oportunidade para que candidatos e empresas consigam entrevistas adicionais às previamente agendadas pelo sistema online”. Em paralelo a estas entrevistas, o evento contempla ainda uma série de workshops e atividades de team-building para apoiar os candidatos no processo de recrutamento.
Um país que aguarda os seus profissionais qualificados
E embora Angola seja uma terra de inúmeras oportunidades, o Governo privilegia os seus profissionais ainda que apoie a sua formação fora do país. Não são raros os casos de jovens angolanos que estudam na Europa como bolseiros de empresas angolanas, que apoiam a sua formação com a condição de que coloquem o saber alcançado ao serviço do país, uma vez concluídos os seus estudos. Mas além deste apoio, o Governo tem também uma política de contratação voltada para dentro. As quotas de contratação estipuladas são claras: 70% nacionais e 30% expatriados. E a Elite International Careers tem vindo a desempenhar um papel ativo neste processo de angolanização, através da satisfação da necessidade de recursos humanos qualificados das empresas nacionais ou internacionais que operam em Angola.
Os Fóruns, como o que esta semana se realizará em Lisboa, são uma face desse trabalho. E oportunidades não faltam. Entre as empresas participantes estão a Chevron, Cummins, Total, Unitel, Accenture, Banco Privado Atlântico, Baker Huges, Banco BAI, Banco Comercial Angolano, eni Angola, Elecnor Angola, Millennium Angola, Siemens e muitas outras.
As vagas disponibilizadas deverão incidir na indústria petrolífera, mas também noutros sectores. “A maior parte do PIB angolano é originário da indústria petrolífera, por isso grande parte dos nossos clientes são oriundos dessa indústria. Contudo, há cada vez mais participação de empresas de outras indústrias como a banca, as telecomunicações ou bens de grande consumo”, explica Miguel Vieira acrescentando ainda que “pela nossa experiência, a maioria dos pedidos de recrutamento vão incidir sobretudo em perfis de engenharia, ciências da terra, economia e finanças, e business e marketing”.
Angola é um país rico em recursos minerais, com fortes potencialidades de expansão no turismo e na agricultura. Mas na verdade, o país tem carências em diversas áreas que precisa de colmatar. “As instituições académicas do país estão a apostar em infraestruturas e programas que irão certamente produzir profissionais para dar resposta às necessidades mais evidentes, coisa que já está a acontecer em algumas áreas em concreto, como a área legal e formação de juristas”, constata. Mas enquanto estas infraestruturas não estão otimizadas, resta a Angola promover eventos da natureza destes fóruns de recrutamento.
No último fórum realizado em Lisboa, em março de 2011, as empresas disponibilizaram mais de 90 ofertas de emprego em dois dias, o que resultou na contratação de mais de 243 profissionais angolanos. Números que a organização quer superar nesta edição. Entre o perfil dos candidatos selecionados para participar no evento de Lisboa estão graduados angolanos, com licenciatura ou mestrado, mas também candidatos com cursos técnico profissionais completos e profissionais no ativo em diversas áreas. Tudo porque as empresas têm necessidades distintas. E para os que conseguiram passar o rigoroso crivo da seleção da Elite International Careers, Miguel Vieira aconselha a preparar em antecipação a sua presença no fórum da próxima semana. “A nossa recomendação é que façam um research sobre as empresas presentes no fórum e vejam quais as vagas disponíveis. Também recomendamos que os candidatos participem nas sessões de preparação que os nossos consultores preparam uma semana antes do fórum, onde são dados conselhos sobre como aproveitar ao máximo o evento”.
Depois desta paragem em Lisboa, território de eleição para o recrutamento de candidatos angolanos, a EIC tem também fóruns agendados para Luanda (de 16 a 17 de junho), Londres, onde estará de 5 a 7 de outubro deste ano e Cape Town, onde marcará presença de 30 de novembro a 2 de dezembro.
“Portugal continua a ser o país europeu com maior número de candidatos angolanos”
Miguel Vieira
Diretor-geral da Elite International Careers para África & América Latina
P: Qual a importância deste evento e porquê a escolha de Portugal para a sua realização?
R: O nosso objetivo é mais uma vez, criar uma plataforma onde o maior número de candidatos angolanos qualificados se possam encontrar e reunir com algumas das maiores empregadoras de Angola. Estamos agora no nosso quatro ano em Lisboa e continuamos a ver um grande interesse por parte das empresas em entrevistar e recrutar candidatos angolanos educados na Europa e Portugal continua a ser o país europeu onde encontramos o maior número de candidatos angolanos, daí a nossa presença ontínua em Lisboa, com este Fórum.
P: Quantos quadros querem recrutar nesta edição do Fórum?
R: As empresas este ano vão estar presentes no nosso evento com mais de 400 vagas e o objetivo é apoiá-las a recrutar o maior número de candidatos para as as vagas abertas. Nas últimas edições do Fórum de Lisboa, temos tido uma média de 95 contratações imediatas (durante as 48 horas do evento) e cerca de 180 adicionais durante os 60 dias após o evento. Para além dos 60 diias após o evento, torna-se difícil manter as estatísticas pois dependemos muito do feedback das empresas e elas têm processos de recrutamento contínuos. A verdade é que as oportunidades do Fórum são únicas, dando aos candidatos a excelente oportunidade de no mesmo lugar conhecer, interagir e possivelmente serem entrevistados por algumas das maiores empresas presentes em Angola, que normalmente são representadas pelos seus diretores de Recursos Humanos ou diretores gerais.
P: Qual o público-alvo que quer atingir com o evento de Lisboa?
R: Ao longo dos anos temos vindo a desenvolver um amplo conhecimento do mercado que nos permite concentrar os nossos esforços de recrutamento em mercados específicos, para satisfazer as necessidades dos nossos clientes que são tanto candidatos como empresas. Assim, no evento em Lisboa queremos atrair e recrutar candidatos angolanos que residam não só em Portugal, mas em toda a Europa, de forma a criar uma plataforma única que responda a necessidade dos empregadores participantes que escolhem os nossos fóruns com o objetivo de conhecer, entrevistar e recrutar candidatos angolanos e assim dar resposta às quotas que o Governo impõe a todas as empresas a contratação de 70% de nacionais e 30% de expatriados. Como empresa de recrutamento, estamos contudo abertos a receber CV's de candidatos de todas as nacionalidades, mas o objetivo destes fóruns Elite Angolan Careers é apoiar as empresas a recrutar candidatos angolanos para as suas operações no país.
P: Em que áreas incidirá, maioritariamente, esta missão de recrutamento?
R: Como se sabe, a maior parte do PIB angolano é originário da indústria petrolífera e, consequentemente, a maioria dos nossos clientes são empresas dessa indústria. Contudo, há cada vez mais participação de empresas de outras indústrias como a banca, as telecomunicações ou bens de grande consumo.Todas estas empresas têm necessidades diferentes, mas a nossa experiência é que os pedidos de recrutamento vão incidir sobretudo em perfis de engenharia, ciências da terra, economia e finanças, e business e marketing.
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