NO QUE se refere ao artigo publicado no artigo do Expresso/Emprego
de 03.07.12. intitulado - "Centros de Emprego pouco eficazes"
julgamos pertinente tecer algumas considerações:
- O comentário, perante a possibilidade da publicação
do artigo com base no estudo aí especificado, foi-nos solicitado
a menos de 24 horas, como é hábito, do chamado "deadline"
do jornalista em causa. Apesar disso, enviei antes desse limite a posição
do IEFP por escrito;
- É natural que qualquer Serviço Público de Emprego
e Formação (SPEFP) se defronte com uma contradição
com a qual tem que saber viver.
As expectativas legítimas dos desempregados tendem sempre, sobretudo
em épocas de maior desemprego, a superar a sua capacidade e o seu
empenho, pela simples razão de que têm uma função
complementar, e logo selectiva, face àquilo que determina, no essencial,
a situação real no mercado de trabalho - a actividade económica
e a respectiva evolução
O IEFP desde Maio de 2000 já realizou quatro inquéritos
ao atendimento (o últimos dos quais apresentado em Junho de 2003
mas realizado em Março de 2003). No caso do estudo referido pelo
vosso jornal a amostragem envolvia 1212 jovens à procura do primeiro
emprego e 1284 desempregados de longa duração (DLD).
Em Março de 2003 o número de referência para estas
amostras era de 68.433 jovens desempregados e de 148.327 respectivamente.
Os inquéritos do IEFP não são por amostragem, no
sentido habitual do termo. São exaustivos para todas as pessoas
que se dirigiram a um Centro de Emprego num determinado dia escolhido
ao acaso.
As taxas de resposta, por via postal e tratadas informaticamente, nos
primeiros três casos no Departamento de Estatística do então
MTS e, no último caso, no IEFP oscilaram entre os 44,5% e os 57,5%
(no inquérito de Março de 2003).
Numa escala com o máximo de quatro pontos, o inquérito de
Março de 2003 apresentava os seguintes valores:
Atendimento global - 3,69 (3,04 em Maio de 2000);
Brochuras e outro material de informação - 3,38;
Adequação das instalações - 3,74;
Organização dos serviços - 3,56;
Competências dos funcionários - 3,77;
Simpatia dos funcionários - 3,84;
Empenhamento na resolução do assunto - 3,62.
Estes valores estão ao mesmo nível dos inquéritos
anteriores, apresentando a sua evolução uma ligeira melhoria
ao longo do tempo.
Estes dados foram fornecidos por escrito ao autor do artigo do vosso jornal.
Na medida em que se expressa uma avaliação global sobre
os Centros de Emprego no próprio título, alimentei a legítima
expectativa que os dados fornecidos pelo IEFP pudessem ser contrapostos
como uma visão alternativa sobre o mesmo assunto, tal como me parece
ser a boa aplicação dos princípios da deontologia
da informação.
O ignorá-los de forma selectiva e intencional acaba por resultar
no reforço de uma das posições em detrimento da outra,
o que configuraria um processo de manipulação da informação.
- O recurso a afirmações individuais dos desempregados podem
permitir a ilustração de aspectos qualitativos e não
a sua extrapolação para o universo, porque em grandes números
é sempre possível encontrar alguém que esteja em
todas as possíveis posições do leque de opiniões.
Caso contrário, poderíamos estar a avaliar o funcionamento
dos serviços em qualquer sentido apenas dependendo da pessoa concreta
que expressa a respectiva opinião.
- Por último, constata-se que o estudo que serviu de base ao artigo,
tem o sugestivo título de "Avaliação do Impacto
da Estratégia Europeia para o Emprego em Portugal" conta com
180 páginas, das quais foram apenas consideradas relevantes as
4,5 páginas respeitantes aos Centros de Emprego.
Certo de que V. Exa. não deixará de procurar informar correctamente
os leitores do prestigiado jornal que dirige, e no pressuposto de que
encetará as devidas diligências para o efeito.
Com os melhores cumprimentos, o presidente da Comissão Executiva,
Mário Caldeira Dias