Tradicionalmente assegurado pelos estudantes universitários, este ano, o habitual acréscimo de ofertas de trabalho gerado pelo período natalício está também a ser disputado por pessoas que estão no desemprego, devido à recessão económica.
Este trabalho sazonal garante uma média de 500 euros mensais e dura entre dois a três meses e está, por norma, ligado a empresas da área do retalho e da distribuição.
Na Multipessoal, empresa de recursos humanos do grupo Espírito Santo, os pedidos dos clientes subiram 10 a 20% nestes últimos dois meses para fazer face ao maior volume de trabalho. “Ou seja, são entre 500 a 600 ofertas, concentradas, na sua maioria em Lisboa e Porto”, especifica João Silva, d irector comercial de Trabalho Temporário e Outsourcing da Multipessoal.
Entre as funções mais requisitas estão as promotoras para embrulhar prendas, os repositores e embaladores, pessoal de armazém (vários), operadores de empilhadoras e operadores de call-center para as áreas de venda e crédito e ainda figurantes para envergar a fatiota do Pai Natal.
“Tipicamente são estudantes universitários que asseguram este tipo de trabalho até porque este pico coincide com o calendário académico, ou seja, quem quer trabalhar em part-time durante este período pode depois dedicar-se às frequências que começam em Janeiro e Fevereiro”, diz João Silva. Mas este ano, e tal como já aconteceu em 2008, “não são só as pessoas típicas que estão a procurar este trabalho sazonal”. Em virtude da taxa de desemprego ser mais elevada, existem também muito desempregados, sublinha o responsável da Multipessoal.
Jornalistas a embrulhar prendas
Carla Marques, directora comercial da Vedior Recursos Humanos acrescenta que são muitos os candidatos com formação ao nível do 9º e do 12º ano, mas existe também um número significativo de licenciados (das tradicionais áreas já cronicamente associadas ao desemprego) a candidatarem-se a este tipo de trabalho, com o canudo em Comunicação social, Direito, Letras e da área do Ensino, para citar alguns exemplos.
Entre Outubro e Dezembro, o grupo Select Vedior, líder no trabalho temporário, recebeu entre 500 a 1000 pedidos para este trabalho sazonal, um número que ainda assim decresceu em relação ao ano passado “devido à crise”.
Os pedidos-extra começam a chegar habitualmente em Setembro, mas este ano, e também por motivos de contenção económica, “as solicitações só começaram a processar-se em Outubro e Novembro”, conta João Silva, da Multipessoal.
Há cada vez mais pessoas a recorrer a empresas de recrutamento temporário nesta época, pois fazem um contrato de trabalho temporário com todas as garantias legais associadas a este tipo de contratação, condições que o recibo verde não lhes dá.
Quando termina o Natal, muitas delas são ainda mantidas por mais duas ou três semanas na organização pois há um número significativo de empresas que necessitam de trabalhadores suplementares para ajudar a reorganizar o trabalho acumulado nesse pico de final do ano.