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Brasil recruta para os Jogos Olímpicos

Brasil recruta para os Jogos Olímpicos

Segundo dados oficiais, o Governo Brasileiro concedeu, apenas no primeiro semestre de 2012, 833 vistos de trabalho a portugueses. O número traduz um aumento de 63% face aos primeiros seis meses de 2011 e deverá continuar a aumentar já que o país irmão continua a lutar com fortes carências de profissionais qualificados em área chave. Para os Jogos Olímpicos, por exemplo, o Brasil já está a contratar no estrangeiro.
15.11.2012 | Por Cátia Mateus


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O Rio 2016 acredita na diversidade e quer constituir uma equipa formada por pessoas de várias ideias, raças, culturas e origens”. Este é um dos mandamentos do Manifesto da Diversidade, elaborado pela organização do Comité Rio 2016 para os Jogos Olímpicos que o Brasil acolherá. A viabilização do evento implicará a participação de mais de 60 mil voluntários, oriundo de vários países, mas os números de profissionais a contratar é igualmente surpreendente. O processo de recrutamento para os próximos Jogos Olímpicos já está a decorrer e é extensa a lista de oportunidade divulgada pela organização do Rio 2016 na página oficial do certame em www.rio2016.com. Com uma lista de oportunidades em constante atualização, a comissão organizadora dos Jogos Olímpicos salienta o caráter global deste recrutamento e enfatiza a aposta da organização em recrutar profissionais altamente qualificados, nas mais variadas áreas, em diversos países do mundo. Uma competição de talento que pode abrir importantes portas aos profissionais portugueses, conhecidos pela sua competência técnica, espírito hospitaleiro e facilidade no domínio de idiomas. Há milhares de vagas em aberto e o número deverá crescer à medida que se aproxima o evento. Numa consulta rápida pelo site de recrutamento do Rio 2016 é possível encontrar processos em aberto para o preenchimento de vagas em posições de especialista em infraestruturas de TI, especialistas de transportes, analistas administrativos, gerentes de monitorização e controle, especialistas de logística, analistas de orçamento, analistas de relações com Comités Olímpicos, técnicos de segurança no trabalho, analistas de sistemas, especialistas de projetos, coordenadores de tecnologia e resultados, gerentes de vendas e de licenciamentos, advogados, especialistas em alojamento, especialistas de telecomunicações, coordenadores de segurança da informação, gerente de vendas e patrocínios, gerentes de contas, arquitetos e engenheiros. A organização dos jogos explica que “as candidaturas devem ser feitas através do site oficial do evento” e adianta que “todas as oportunidades geradas para o Rio 2016 serão divulgadas apenas por esta via”. Segundo o Comité Rio 2016, “caso o perfil dos candidatos não se enquadre em nenhuma das vagas disponibilizadas, aguarde pela divulgação de novas vagas ou submeta uma candidatura espontanea para a nossa base de dados através da mesma plataforma”. A organização salienta ainda que “os candidatos deverão passar por um rigoroso processo de seleção conduzido pela organização, que não implica qualquer pagamento para o candidato”. Mas além das oportunidades geradas para os Olímpicos de 2016, o Brasil tem inúmeras outras carências profissionais. Segundo Carla Rebelo, presidente da empresa de recrutamento Kelly Services no Brasil, “estima-se que o país necessite seis vezes mais do número de engenheiros que será capaz de produzir nos próximos cinco anos”. A especialista relembra que a propósito desta carência os governos português e brasileiro já assinaram um acordo de cooperação no sentido de agilizar o processo de reconhecimento de diplomas académicos de engenheiros e arquitetos formados em universidades portuguesas. Segundo Carla Rebelo, “as empresas brasileiras que se deparam com dificuldades em encontrar o volume de profissionais que necessitam, começam cada vez mais a integrar a importação de mão-de-obra nos seus planos estratégicos de expansão”. As áreas da engenharia e funções executivas são, segundo a presidente da Kelly Services Brasil, as mais carenciadas “devido ao perfil exigido pelas empresas recrutadoras, na sua maioria multinacionais, que esperam do Brasil um nível de performance idêntico ao de outras empresas do seu grupo noutros países. Mas o facto é que, com este nível de exigência, o Brasil para estas funções mais técnicas e específicas, não teve ainda tempo de desenvolver quadros suficientes”. Carla Rebelo não tem dúvidas de que o país apresenta ainda um gap muito sério de qualificados suficientes para fazer face às necessidades das empresas. “O crescimento económico e o sentido de urgente recuperação do tempo perdido, intensificam a procura por profissionais e os portugueses, claramente pela vantagem da língua e proximidade cultural, têm uma maior aceitação. Até porque são ainda raros os profissionais com conhecimentos e habilidade para utilizar línguas estrangeiras no contexto profissional”, concluí. Lacuna nas qualificações promove bons salários para estrangeiros O número de profissionais portugueses que têm rumado ao mercado brasileiro em busca de novas oportunidades de emprego tem vindo a duplicar, de ano para ano. Em 2011, o Governo brasiliero concedeu 1600 vistos de trabalho a portugueses, o dobro dos emitidos em 2010. Este ano, os dados relativos ao primeiro semestre do ano já superam em 63% dos verificados até junho do ano passado. Números que comprovam uma tendência crescente de portugueses a trabalhar no brasil e que Carla Rebelo comprova: “a Kelly Services Portugal e a Kelly Services Brasil têm trabalhado em conjunto na identificação e recrutamento de vários profissionais das áreas da engenharia e também de recursos naturais que estejam interessados em vir trabalhar no território, em projetos de dois a quatro anos”. Oportunidades que estendem a diversos sectores. Segundo a especialista, o salário médio do Brasil ronda os 1350 reais (aproximadamente 512 euros), e é atualizado anualmente em 7 a 8% (o chamado dissídio obrigatório). Contudo, as diferenças salariais entre profissionais qualificados e operacionais são muito significativas. Refere Carla Rebelo que “um chefe de contabilidade, por exemplo, com bom domínio de inglês e reporting internacional recebe, em média, 9000 reais (cerca de 3600 euros) mensais, um salário bem acima do praticado em Portugal”. Outra diferença é nos estagiários. No Brasil, um colaborador em início de carreira que ainda esteja a estudar na universidade, não trabalha de graça e aufere entre 800 a 900 reais (320 a 360 euros) mensais. Valores que aumentam imediatamente para 1400 reais (560euros) mensais no primeiro ano após a conclusão do curso. Os salários na área da engenharia variam consoante a experiência profissional dos candidatos mas, adianta a especialista que “em regra, um engenheiro com mais de sete a oito anos de experiência, tem atualmente um salário entre os 13 mil e os 15 mil reais mensais (cerca de cinco a seis mil euros)”. Por outro lado, “existe uma valorização que o mercado está disposto a pagar, de cerca de mais 20%, a quem tiver um bom domínio de inglês”, reforça a presidente da Kelly Services Brasil. No país, a maioria dos cargos executivos de empresas, com bom domínio de inglês e mais de 15 anos de experiência na área das vendas, finanças e operações, variam entre os 25 e os 35 mil reais (dez a 14 mil euros). Salários a que se juntam ainda outros benefícios como o subsídio de refeição (6 a 10 euros diários), o seguro de saúde e a cobertura de seguro dentário. “Dado o momento de escassez de candidatos, algumas empresas suportam ainda o custo de arrendar um imóvel, uma ou duas viagens por ano ao país de origem e outros benefícios como escolas para filhos. Mas tudo depende da posição negocial do candidato”, reforça Carla Rebelo. As condições são aliciantes, mas a especialista adverte para a necessidade de cumprir todos os requisitos legais para trabalhar no território e nunca partir à aventura, sem ter visto e emprego assegurado.


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