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Bolseiros fundam associação

12.09.2003


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Maribela Freitas

EM PORTUGAL a investigação científica tem ainda um longo caminho a percorrer e muito do trabalho realizado nesta área é feito através dos bolseiros que anualmente se envolvem no trabalho de investigar.

A Associação dos Bolseiros de Investigação Científica (ABIC) nasceu, em Fevereiro deste ano, com o objectivo de dinamizar esforços para melhorar o estatuto dos bolseiros, contribuindo para o reconhecimento e dignificação destes trabalhadores.

Na sua actividade, a ABIC tem como objectivos representar os bolseiros de investigação científica, defender os seus interesses, participar em todas as questões que interessem aos seus membros (designadamente na elaboração da política científica nacional), bem como defender e estimular a actividade científica no país.

"Uma das nossas primeiras acções passa por fazer um levantamento dos bolseiros de investigação científica que existem a trabalhar em Portugal", explica Nuno Castro, membro da direcção da ABIC.

Este universo é vasto e não é conhecido na sua totalidade. "Este é um trabalho moroso. Estamos a contactar a Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT) e diversas instituições da área da investigação, para saber com rigor o número de bolseiros de investigação científica a laborar no país, bem como as suas condições de trabalho", refere Nuno Castro.

A ABIC, na sua moção orientadora, refere que "os cerca de quatro mil bolseiros da FCT, a juntar aos bolseiros de outras entidades e à enorme massa de bolseiros afectos a projectos de investigação, asseguram, no seu conjunto, actividades que vão da investigação científica ao desenvolvimento experimental e tecnológico, à docência e à prestação de serviços de vária ordem que requerem uma mão-de-obra qualificada do ponto de vista científico e técnico".

A ABIC defende uma política que garanta a utilidade dos investigadores


Para além de querer realizar o rastreio dos bolseiros, a ABIC tem outros objectivos de luta e um deles passa por continuar a campanha para a alteração do Estatuto do Bolseiro de Investigação Científica.

Para esta associação, o crescimento da produção científica nacional tem sido feito com o contributo destes bolseiros. Contudo, considera que estes têm um estatuto que dignifica muito pouco a sua actividade, não lhes reconhece o trabalho que realizam e nega-lhes direitos básicos.

A ABIC quer assim um novo estatuto para estes trabalhadores que, entre outros aspectos, lhes dê por exemplo direito ao subsídio de desemprego e que haja fiscalização para que não sejam utilizados bolseiros para assegurar necessidades permanentes de trabalho, sem serem integrados nos quadros dessas instituições.

No fundo, é "ver consignados mais direitos e combater algumas injustiças", explica Nuno Castro.

Outro dos problemas que preocupam a ABIC é a falta notória de emprego científico em Portugal e a inserção profissional dos bolseiros. Por isso, considera urgente a adopção de medidas que promovam a criação de emprego científico, tanto no sector público como no privado.

"Não existe uma política de inserção profissional dos bolseiros em Portugal. O Estado tem de assegurar condições profissionais para garantir a investigação científica, o que é útil para o desenvolvimento do país", refere Nuno Castro.

E acrescenta: "Muitos jovens investigadores vivem de bolsas e com a diminuição registada recentemente na sua atribuição, muitos irão para o desemprego. Com esta atitude, estamos a hipotecar o futuro".





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