Os portugueses sempre foram reconhecidos pela sua capacidade de adaptação à aprendizagem de novos idiomas. Estima-se mesmo que em Portugal se falem cerca de 80 línguas diferentes. Uma valência que pode ser muito útil ao país em matéria de expansão económica, já que amplia as oportunidades de negócio com outros países e abre portas a oportunidades de carreira além fronteiras. Mas ter a chamada ‘queda' para as línguas deixa de ser suficiente quando a meta é mesmo conquistar outros mercados e concorrer em igualdade com outros profissionais. Os portugueses já perceberam que o comum curso de idiomas está ultrapassado e agora procuram formações específicas à sua medida e das suas exigências profissionais. As escolas já começam a oferecer planos de estudo de idiomas pensados ao detalhe e pormenor para cada área profissional. Inglês para comerciais, espanhol para negociações, francês para atendimento telefónico, são apenas alguns exemplos da diversidade de oferta que já é possível encontrar.
Inglês, espanhol, francês, italiano, alemão, português para estrangeiros e, dentro das línguas menos comuns, o mandarim ou japonês figuram entre a lista de idiomas mais procurados em matéria de aprendizagem pelos portugueses. A mera curiosidade já abriu portas à necessidade e exigência profissional e hoje dizer no currículo que se tem “conhecimentos de inglês” pesa pouco na balança do recrutador. Bom, bom é mesmo dizer que se frequentou, por exemplo, um curso de inglês jurídico, ou de alemão para negociações e apresentações, ou uma formação de técnicas de escrita comercial ou liderança de reuniões em determinado idioma. Isso sim, soma pontos no seu currículo. E as escolas de línguas já acordaram para esta realidade e estão a ampliar cada vez mais a sua oferta.
Catherine Bright, directora da escola de idiomas SpeakWell, confirma esta tendência. A escola que lidera funciona desde 1995 e na sua oferta incluí cursos de inglês, português para estrangeiros, espanhol, francês, alemão, italiano e russo. “A grande maioria do nosso público-alvo são as grandes empresas, espalhadas por todo o país, que procuram cursos feitos à medida dos seus colaboradores, das suas funções e necessidades de negócio, numa abordagem sempre muito personalizada e flexível”, explica a directora referindo ainda que “o nosso público não procura aulinhas de inglês ou espanhol, mas sim uma resposta muito prática e personalizada às suas necessidades profissionais”.
Uma realidade que Catherine Bright acredita que se evidenciará cada vez mais no futuro por via de um mercado de trabalho cada vez mais global e competitivo. A nova vaga de profissionais não tem tempo a perder e tem de recolher efeitos práticos imediatos do tempo que disponibiliza na sua aprendizagem e formação.
Inglês para Negociações, Apresentações, Reuniões, Atendimento Telefónico ou outros idiomas, são alguns dos cursos que a escola tem disponíveis, mas Catherine Bright explica que a tendência actual é ser a escola a adaptar-se às necessidades dos seus clientes. “Se não temos determinado curso, mas a empresa cliente precisa dele, nós criamos sempre em função das suas necessidades técnicas, tempo disponível e duração desejada”, explica.
A directora argumenta que esta nova realidade no mercado das escolas de línguas conduz também a uma concorrência cada vez maior. Para assegurar a qualidade da formação, os alunos/ empresas devem procurar instituições que trabalhem com nativos e tenham uma boa estrutura de apoio pedagógico, sejam as aulas leccionadas em ambiente de trabalho ou nas instalações próprias da escola.
Falar “portunhol” é, felizmente, uma realidade cada vez mais ultrapassada nas empresas portuguesas que procuram agora um relacionamento cada vez mais profissional com os seus parceiros estrangeiros, treinando as suas equipas profissionais para uma comunicação imaculada em qualquer idioma ou área profissional
Mulheres lideram na aprendizagem de idiomas
E nesta corrida à aprendizagem de novos idiomas, as mulheres são quem lidera. Segundo um estudo da empresa de formação à distância Master D. Portugal, 60% dos alunos que frequentam cursos de idiomas online são mulheres. Uma conjuntura que registou um crescimento de 11% durante o último ano, face a 2008.
A empresa que dispõe de 54 centros em Portugal, Brasil, Espanha, China e Grécia, explica que o seu universo académico é maioritariamente formado por mulheres com idades compreendidas entre os 16 e os 25 anos e habilitações académicas ao nível do 12º ano de escolaridade (34%) e licenciatura (26%). Segundo Diana Duarte, directora docente da Master D. Portugal “este número superou em cerca de 20% o número de homens que se matricularam nos cursos de idiomas através da net”.
A especialista explica esta tendência com o facto de “as mulheres sentirem mais necessidade de competir por um posto de trabalho conforme às suas ambições profissionais e de procurarem, cada vez mais, novas oportunidades além fronteiras”. Diana Duarte enfatiza a ideia de que “o mercado de trabalho está cada vez mais exigente na selecção de profissionais e com o aumento das empresas de âmbito internacional, os cursos de idiomas são cada vez mais necessários para a inserção no mercado laboral e progressão de carreira”. Paralelamente, a especialista está convicta de que “com a crise a empurrar a taxa de desemprego para índices cada vez mais preocupantes, as mulheres são as primeiras a querer investir mais na sua formação, seja para conseguir um melhor posto de trabalho ou para encontrar uma oportunidade de emprego fora do seu país”. Entre os idiomas que registaram maior procura nos últimos anos destacam-se o mandarim e o castelhano.