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A carreira nas «passerelles»

17.09.2004


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Maribela Freitas

SER modelo é o sonho de carreira de muitos jovens portugueses. O EXPRESSO foi saber junto de quem trabalha nesta área como é a actividade de manequim, qual a melhor estratégia de carreira a seguir e como se prepara a saída desta profissão.


Maria Wood começou a sua carreira aos 19 anos quando Miguel Blanc — director-geral da agência de modelos L'Agence, com que esta modelo actualmente trabalha - a encontrou na rua e lhe propôs enveredar por esta actividade. Aos 22 anos, já passou um ano a trabalhar em Londres — na Agência Premier — e confessa que «esta experiência foi benéfica, pois quando regressei passei a ter mais trabalho».

No que respeita a formação, Maria Wood considera que um curso de manequim não é condição essencial para se enveredar pela actividade de modelo. «Foi praticando que aprendi tudo o que sei sobre esta profissão. Ser modelo é algo que se aprende fazendo e muitas vezes o que os cursos de manequins fazem é criar falsas expectativas a quem quer enveredar por esta actividade».

O cansaço, stresse e desgaste físico do dia-a-dia são situações com as quais um modelo tem de lidar, a par das alturas em que há muito trabalho e outras em que escasseia, provocando instabilidade na sua vida laboral. «O primeiro ano de trabalho é o mais complicado de todos e o facto de se estar numa agência ajuda imenso a arranjar trabalho e a gerir a carreira», explica Maria Wood.

No seu caso e no que respeita à gestão da profissão, opta por recusar trabalhos que envolvam uma maior exposição corporal. Apesar do cenário traçado, Maria Wood pensa que é o «status» ligado à profissão que induz tantos jovens a seguirem esta via de carreira.

A trabalhar também com a mesma agência que Maria Wood, Bruno Rosendo começou como manequim há três anos, aos 17 anos de idade. A sua curta carreira já o levou a desfilar em Paris e Milão. «Comecei sem grandes expectativas, apenas por curiosidade. De um momento para o outro começaram a aparecer cada vez mais trabalhos», explica o modelo. Para Bruno Rosendo «trabalhar no estrangeiro é mais fácil, já que existem mais oportunidades do que em Portugal». Mas nem tudo são facilidades nesta área. «As maiores dificuldades que enfrentamos são psicológicas e de alguma instabilidade na carreira», salienta.

A gestão da sua carreira deixa-a a cargo da agência de modelos e quanto à formação também refere que «aprendi tudo com a minha agência e no trabalho do dia-a-dia». O «glamour» associado à profissão de modelo é para Bruno Rosendo aquilo que atrai cada vez mais jovens a esta actividade profissional.

Ser manequim hoje

Esta ânsia de muitos jovens em quererem ser modelos é algo que Miguel Blanc conhece bem. Com 37 anos, foi manequim durante muitos anos e está actualmente na direcção da L'Agence — Agência de modelos e produção, onde diariamente chegam rapazes e raparigas que querem seguir esta área. «Existem muitas pessoas que querem vir para esta profissão, muito motivados pela mediatização a ela associada». Acrescenta que «muitas vezes as pessoas não têm noção das qualidades que são necessárias para enveredar por esta área e é muito complicado gerirmos essas expectativas sem magoar os candidatos». Mesmo assim afirma que hoje são menos aqueles querem ser modelo do que há cinco anos. Por sua vez, o palco das «passerelles» também pode ser um trampolim para outros voos. Para Miguel Blanc, «há também quem veja nesta profissão uma forma de chegar a actor».

Quanto à oferta formativa, aquele responsável observa que «existe falta de formação com qualidade em Portugal» e, corroborando as opiniões já expressas anteriormente pelos jovens modelos, «na maioria dos casos criam expectativas que não podem ser correspondidas».

É que nesta área e nos tempos que correm, mais do que ter um bom físico, a personalidade do modelo é altamente valorizada, bem como a sua atitude perante a actividade, o seu espírito de sacrifício e a sua perseverança. Só assim se pode ser bem sucedido num mercado marcado pela saturação. «Há demasiados manequins para o trabalho que existe em Portugal», refere Miguel Blanc.

E apesar de existir um maior número de raparigas a quererem ser modelos, começam a surgir mais rapazes interessados. «Esta é uma profissão fantástica, recheada de viagens e onde se conhecem diversas pessoas e culturas», salienta Miguel Blanc. No entanto, é uma actividade laboral com duração limitada, da qual é necessário preparar a saída com alguma antecedência.

Existem várias possibilidades profissionais na área que passam pela produção, representação ou como no caso do Miguel Blanc, de gestão de carreiras de quem abraça esta profissão. Ao nível dos conselhos de carreira, o antigo manequim salienta que os modelos têm de se consciencializar de que esta profissão exige muito trabalho. Além disso, «devem ser poupados e aprumarem-se na gestão da sua carreira».






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