Nos últimos 25 anos, Vítor Rodrigues geriu equipas e liderou projetos em multinacionais de renome como a Oracle, Microsoft, Microstrategy e Meta4. Precisou de mais. No final do ano passado, deu por terminada a sua última missão como diretor da área de negócio empresarial (enterprise business group lead) da Microsoft, para colocar no terreno um projeto próprio que teimava em manter na gaveta. Aproveitou a boleia da transformação digital - que está a testar a rapidez de adaptação de empresas em todo o mundo - e criou a Magic Beans. A tecnológica surge, segundo o seu mentor, como “um fornecedor independente, especializado e exclusivamente dedicado a disponibilizar serviços cloud (nuvem) em Portugal” e endereça um mercado que Vítor Rodrigues estima valer atualmente €125 milhões, “registando um crescimento de 30%, que tem tendência para acelerar nos próximos anos”.
A adoção da nuvem, essência da tão falada transformação digital, é muito mais do que uma simples melhoria e evolução de soluções tecnológicas, aplicações, serviços e infraestruturas. Para Vítor Rodrigues, fundador e CEO da recém-criada Magic Beans, “o processo vai muito além disso, pressupondo uma nova forma de comprar e adotar tecnologia”. Foi a constatação de que muitas empresas falham neste processo, que inspirou o ex-quadro da Microsoft a trocar uma carreira empresarial pelo papel de empreendedor. Algo que, confessa, desempenhou toda a vida “mas em empresas de terceiros”.
A Magic Beans entrou em atividade este mês, focada na convicção de que “a nuvem pode e deve ser a base de toda a estratégia de transformação digital das empresas, o que implica uma alteração a partir de dentro das organizações e trabalhar os alicerces, as estratégias, os processos, os recursos e as ferramentas, e não apenas a adoção da nuvem como uma mera nova tecnologia”, explica.
O que as multinacionais lhe ensinaram
Para liderar este processo Vítor Rodrigues conta uma especialização tecnológica nas áreas de estratégia, organização, otimização operacional e implementação de sistemas de informação, consolidada nas empresas por onde passou nos últimos 25 anos. O objetivo do gestor é “colocar o conhecimento de uma rede nacional e internacional de especialistas em nuvem, ao alcance das empresas portuguesas para que estas possam proceder a uma verdadeira transformação digital dos seus negócios, alcançar novos patamares de competitividade e beneficiar das novas oportunidades e novos negócios que esta desbloqueia”.
A empresa nasce como uma “cloud first company” (empresa nativa da era nuvem) e visa segundo o gestor, “disponibilizar às empresas as melhores práticas e metodologias de transformação digital alicerçada na nuvem”. A Magic Bean arranca para o mercado com quatro profissionais altamente especializados e uma previsão de alcançar os 12 quadros, ainda durante este ano. A empresa atuará sustentada numa rede de parceiros (especialistas e líderes de mercado na sua área) que permitirá “apoiar as empresas clientes ao longo do seu percurso de transformação digital, identificando soluções, modelos e estratégias específicas para cada caso”.
O projeto de Vítor Rodrigues tem como alvo o mercado nacional, durante esta fase de arranque, mas a partir do segundo ano a empresa começará a atuar em mercados internacionais. “Queremos estar sedeados em Portugal, criar emprego e utilizar a massa crítica nacional, mas sem deixar de apoiar clientes de outras geografias”. Para o primeiro ano de atividade, o CEO tem estimada uma faturação na ordem dos €900 mil euros, montante que deverá duplicar a cada ano.