A Organização Internacional do Trabalho (OIT) coloca a economia mundial em recuperação, mas reconhece no seu último relatório Global Employment Trends, divulgado esta semana, que este otimismo ainda está longe de chegar ao emprego, sobretudo para os jovens. Segundo a organização, “no ano passado quase 78 milhões de jovens, em todo o mundo, estavam sem trabalho”.
205 milhões de desempregados em todo o mundo é o saldo da contabilização feita pela OIT para o ano de 2010. Um panorama sombrio que sendo idêntico ao apurado em 2009 agrava o pessimismo entre todos os que enfrentam o desemprego e não vislumbram, para breve, uma inversão deste cenário. Na verdade, esta manutenção dos números do desemprego, onde a taxa para a economia global continua nos 6,2%, não vai de encontro ao que a OIT classifica de “clara recuperação dos principais indicadores económicos do produto interno bruto, consumo empresarial e privado, bem como do comércio mundial”, já que todos estes índices recuperaram e ultrapassaram os níveis pré-crise financeira mundial.
Para 2011 a organização estima uma taxa global de desemprego de 6,1%, o equivalente a 203,3 milhões de desempregados. Mas a persistência de uma taxa de desemprego elevada entre os jovens é uma das grandes preocupações da organização, a par com a precariedade dos postos de trabalho criados que, segundo a OIT, representa atualmente metade do total do emprego.
Na realidade, o aumento exponencial do desemprego entre os jovens foi uma das maiores consequências da crise mundial, mas igualmente preocupante é a existência de uma franja da população jovem mundial (entre os 15 e os 24 anos) que simplesmente já desistiu de encontrar emprego. Tanto mais que, diz a organização, “na União europeia e nos países desenvolvidos, a tendência continua a ser a de aumento do desemprego, enquanto nos países em desenvolvimento o panorama é de estagnação”. Só a União Europeia foi responsável por mais de metade do aumento do desemprego entre 2007 e 2010. “Muitas economias simplesmente não estão a gerar emprego suficiente para absorver o aumento da população em idade ativa”, esclarece o relatório.
O rácio que mede a capacidade de gerar emprego de um país/região desceu de 61,7%, em 2007, para 61,2% em 2009 e segundo a OIT é provável que em 2010 se fique pelos 61,1%. O relatório Global Employment Trends revela ainda que “no segundo trimestre de 2010, em 64 países com dados disponíveis, o número de países em que este rácio continuava a descer era o dobro dos já apresentavam sinais de crescimento”.
A taxa global de desemprego entre os jovens situou-se, em 2010, nos 12,6% (aproximadamente 77,7 milhões). Um valor que é ligeiramente inferior ao apurado em 2009, altura em que o mundo tinha 79,6 milhões de jovens sem trabalho. Apesar deste ligeiro movimento positivo, a OIT diz acreditar que “os números não mostram o real impacto que a crise teve neste grupo etário”. Em 56 países detetaram-se menos 1,7 milhões de jovens no mercado de trabalho, contrariamente ao que seria de esperar com base nas tendências a longo prazo. Isto é indicio de que há uma camada de jovens que não entraram nas estatísticas dos desempregados porque, fruto da sua descrença na possibilidade de encontrar um emprego, não estão à procura de trabalho.
Uma situação que pode ainda piorar em muitos países e que leva a OIT a aconselhar as economias mais avançadas a promover um investimento capaz de gerar emprego.