A tendência é sobretudo sentida entre as gerações mais jovens, os designados millennials, mas de um modo geral, o salário já não é encarado como o principal referencial na estratégia de carreira de um profissional. O especialista norte-americano Geoffrey James, coach, colunista da Inc.com e autor de várias obras focadas na gestão de talento e de carreira, elenca 10 factores que contam mais para um profissional, na sua opção de carreira e na motivação, do que um aumento. ?“Se quer reter um profissional na sua empresa antes de o aumentar, analise a sua estratégia de gestão”, defende o especialista. Para o autor de “Business Without the Bullsh*t” e do blogue “Sales Source”, “há argumentos mais sólidos e eficazes do que o dinheiro quando o objetivo é motivar e reter um profissional”.
É verdade que qualquer pessoa quer sentir que é justamente recompensada pelo trabalho que desenvolve e que a sua remuneração lhe permite viver sem sobressaltos, mas “contrariamente ao que é comum pensar-se, os profissionais valorizam muitas outras coisas além do salário”. Geoffrey James não tem mesmo dúvidas em afirmar que não é a remuneração que segura um profissional numa empresa ou projeto: “se se sentir bem tratado, valorizado pelo seu desempenho, um profissional estará disposto não só a trabalhar por menos dinheiro, como será mais produtivo e feliz na sua carreira”.
O que 'segura' um profissional?
Que fatores são esses que tornam leal até o profissional mais mal pago? O especialista inquiriu centenas de profissionais, procurando analisar as suas motivações e a sua relação com as chefias, para concluir que há dez factores que influenciam de forma decisiva a motivação, produtividade e compromisso de um profissional à sua empresa.?A primeira coisa que um profissional ambiciona é “ter orgulho na organização que integra e na função que desempenha”. A segunda é serem tratados com respeito e com justiça. “Os profissionais detestam favoritismos e esperam sempre que os prémios e as promoções, a existirem, sejam atribuídos a quem trabalha arduamente e não aos 'engraxadores'”, realça James. O terceiro factor é ter um chefe capaz de merecer a sua admiração, respeito e lealdade.
?No domínio do quotidiano profissional há ainda outros aspetos determinantes para consolidar o compromisso de um profissional com a sua empresa. “Qualquer profissional quer sentir que a sua opinião é ouvida e que conta na definição das estratégias da organização. Na mesma medida, a conciliação entre a carreira e a família é muito valorizada”. Não quer dizer que os profissionais não estejam dispostos a vestir a camisola 24 sobre 24 horas, mas é determinante que sintam pertencer a uma organização que lhes reconhece o direito e a necessidade de ter uma vida além do trabalho, com qualidade.
?O modelo de gestão e de partilha de conhecimento é outro dos aspetos valorizados pelos profissionais que, garante o especialista, “precisam, cada vez mais, de sentir que têm no chefe um aliado disposto a partilhar conhecimento e ajudá-los a evoluir e não alguém que está permanentemente a analisar o seu desempenho e anotar as falhas, ser fornecer orientações de melhoria”. Da lista dos 10 aspetos mais valorizados pelos profissionais de Geoffrey James fazem ainda parte o reconhecimento do mérito - e nele, ambição de ver afastados de funções “aqueles profissionais que se dedicam a infernizar a vida dos colegas e a minar o bom ambiente de trabalho” -, a diminuição dos níveis de stress no trabalho, a segurança no emprego e um ótimo ambiente de trabalho em equipa.