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«Sinto-me rico profissionalmente»

26.03.2004


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Maribela Freitas

TOM McGibney saiu muito cedo do seu país natal, a Irlanda, para ir estudar para os Estados Unidos da América. Foi aí que tirou um MBA em Harvard que lhe possibilitou trabalhar para o Citybank. Esteve neste país durante vários anos, até que decidiu voltar para a Europa, pois ambicionava "mais qualidade de vida", como o próprio afirma. No final dos anos oitenta "aterrou" em Portugal, onde permanece até hoje, depois de há cerca de dez anos ter fundado a consultora de gestão Erindale, à qual preside.


Este irlandês de 55 anos possui um Bachelor of Commerce pelo Trinity College de Dublin e um MBA pela Harvard Business School, de Massachusetts, nos Estados Unidos da América. Tem ainda pós-graduações em áreas como planeamento e controlo de produção e "marketing".

"Depois de ter feito o MBA, entrei para o CityBank, através de um processo de recrutamento dentro da universidade. Fui trabalhar como gestor de recuperação de empresas e saí daqui para trabalhar numa companhia de consultoria", relembra Tom McGibney.

Ao todo foram 17 os anos em que trabalhou nos EUA, até que decidiu que queria voltar para a Europa.

Este empresário explica que "os americanos vivem tudo com muita intensidade. Entrei num período da minha vida em que trabalhava sete dias por semana e a família acabou por ser prejudicada. A minha decisão de vir para a Europa prendia-se a uma busca de qualidade de vida pessoal que os EUA já não me proporcionavam".

Pela sua persistência a empresa onde trabalhava acedeu e mandou-o para Portugal.

"O meu patrão mandou-me para cá porque pensou que assim que eu visse as condições de trabalho portuguesas, quereria voltar. Cheguei a este país de mente aberta e conheci pessoas com quem me relacionei muito bem. Achei que este país poderia dar-me a qualidade de vida que eu ambicionava".

Quanto à forma de trabalhar, Tom McGibney encontrou muitas diferenças em relação aos EUA.

"No início foi muito difícil ajustar-me à forma nacional de trabalhar. Hoje as gerações mais novas já têm consciência de que é preciso colaborar para o sucesso da empresa na qual trabalham", refere.

Contudo, ao fim de alguns anos em Portugal, Tom McGibney decidiu avançar com o seu próprio negócio. Na altura, os amigos chamaram-lhe louco, mas este empresário não desistiu e criou a Erindale - uma empresa de consultoria de gestão presente no mercado nacional desde 1992.

"Ao longo da vida passamos por diversas fases e temos de nos comprometer com as nossas expectativas, temos de olhar para as coisas de outro ponto de vista, pois a vida não é sempre tão simples como nós pensamos que vai ser", salienta Tom McGibney.

Acrescenta ainda que são três as fases de trabalho pelas quais qualquer jovem passa. No início da carreira quer ganhar dinheiro para satisfazer as suas necessidades materiais.

Na segunda obtém uma maior responsabilidade e poder dentro da estrutura para a qual trabalha. Por último pretende atingir-se a perfeição e verifica-se que isso é uma utopia.

Quando começou o seu negócio Tom McGibney confessa que "estava na terceira fase. Decidi então que ia controlar o meu destino e tornar-me patrão de mim próprio. Só que nessa situação ainda é mais difícil atingir a perfeição".

Hoje, afirma sentir-se "rico pela experiência de trabalho que já tive ao longo da minha vida". Já trabalhou com dezenas de países e viu culturas laborais muito diversificadas.

Por isso aconselha os jovens que estão a avançar com os seus percursos profissionais, a saberem bem quais os objectivos que querem atingir e onde pretendem chegar profissionalmente.

Admite que na vida, por vezes, é necessário fazer desvios para se chegar onde se quer, mas nunca se deve perder de vista o que se pretende. O segredo está em "ter confiança em si mesmo para chegar lá".





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