Não se formou na gestão das pessoas, mas descobriu esse talento ao longo do seu percurso profissional. Engenheiro eletrónico e de informática, formado nos bancos de uma universidade francesa, François de Wazieres só encontrou a sua real vocação para os recursos humanos depois de uma experiência de 7 anos como consultor, na Accenture. Hoje, é o homem que lidera a nível mundial os recursos humanos da L'Oréal. Sob a sua alçada tem uma equipa de 66.600 colaboradores que trabalham na criação e no desenvolvimento de 23 marcas internacionais, em mais de 130 países. Em Portugal são 345. O diretor de recursos humanos esteve em território nacional e explicou aos Expresso Emprego os desafios de gerir talentos à escala global.
Criatividade, inovação, empreendedorismo, ambição, audácia, coragem, energia, resiliência, rapidez e agilidade. Eis as competências chave que asseguram o passaporte de entrada para a L'Oréal em qualquer canto do mundo. Para François de Wazieres, a formação académica é importante, mas as competências pessoais não lhe ficam atrás. “Para trabalhar nesta empresa é necessário que os colaboradores estejam aptos a entrar na aventura L'Oréal, a viver a construção das nossas marcas, dos nossos centros de investigação, das nossas fábricas e dos nossos negócios no mundo inteiro”, explica.
A visão de recrutamento desta empresa não é restritiva em matéria geográfica ou académica. A L'Oréal contrata à escala mundial e incentiva, fortemente, a mobilidade. “12% dos nosso colaboradores trabalham fora do seu país de origem e 45% dos nossos diretores gerais também”, revela o diretor internacional de RH adiantando que “a mobilidade internacional é um dos pilares da nossa animação de carreiras. Em 2010 exportámos seis talentos portugueses para outras filiais do grupo”.
No momento de contratar, a empresa segue uma lógica de visão a longo prazo própria de quem reconhece a importância das pessoas na construção do sucesso de uma marca. “A ideia é detetar em todos os mercados os nossos gestores do amanhã e do depois do amanhã. Esta é a filosofia que está inscrita no nosso DNA, desde as origens do Grupo”, explica. Outra das características da marca é selecionar os seus talentos à porta das universidades. Jean-Paul Agon, o CEO da L'Oréal, foi recrutado assim em 1978 e hoje “dois terços dos nossos diretores de marca internacionais foram fully developed from within , iniciando a aventura na L'Oréal logo à saída da faculdade”.
Marketing, Comunicação, Finanças, Recursos Humanos, Pesquisa, Inovação, Operações (Manufacturing e Supply Chain) são áreas-chave de recrutamento da empresa em todo o mundo, sem esquecer também os perfis relacionados com as competências digitais. “Recrutamos em todos os países, em todas as fileiras desde a engenharia, ao comércio passando pelas ciências, com uma filosofia voluntarista de diversidade de perfis, enriquecendo assim as nossas equipas”, refere François de Wazieres.
Atualmente, o enfoque da empresa em matéria de contratações vai para os jovens talentos e, para determinados cargos, pessoas com experiência. Em Portugal, o responsável reconhece que “a empresa desenvolve um negócio de sucesso, numa envolvente económica bastante turbulenta, com especial agravamento a nível nacional”. Razão pela qual acredita que “é necessário encorajar e estimular a inovação de cada colaborador, utilizando-a como uma vantagem competitiva para o futuro”. Uma forma de o fazer é através de uma política de benefícios “bem acima da praticada no mercado”.
François de Wazieres
44 anos
Diretor Internacional de Recursos Humanos da L'Oréal
Formação:
Licenciado em Engenharia Eletrónica e Informática, pelo ISEN - École d'Engenieurs, em Lille, França.
Grande desafio:
Assegurar-se de que as equipas da L'Oréal no mundo recrutam talentos da melhor qualidade possível, capazes de conduzir o modelo L'Oréal nos próximos 10, 20. 30 anos com cada vez mais exigência, generosidade e paixão.
Hóbis:
Não é uma pessoa desportiva, mas assume-se adepto do lema “mente sã em corpo são”. Por isso, disciplina-se a praticar desporto regularmente num ginásio. Os seus tempos livres dedica-os a dois interesses muito especiais, aos quais prefere não chamar hóbis: a arquitetura, em especial a arquitetura moderna e “o jogo de observação das pessoas, dos seus estilos de vida, das suas atitudes, dos seus olhares, jogos, conversas”. Diz gostar muito de, numa cidade desconhecida, estar numa esplanada de um café e a imaginar a vida das pessoas que observa.
Guru:
Barak Obama, “pelo lema Yes, you can!, pela comunicação positiva, pela atitude, a modernidade, pela fantástica capacidade de aumentar a esperança e de levar as pessoas a seguir os seus ideais”.
Lema de vida:
Saber misturar o prazer e o divertimento com o sucesso. Diz François de Wazieres que “tudo se resume a trabalhar com afinco para percebermos realmente aquilo que nos dá prazer fazer e depois, encontrar uma maneira de ser pago para fazer isso”.
Princípio de gestão:
“Ousar! Ousar, arriscar e acompanhar” é para o líder o grande trunfo rumo ao sucesso.