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Modelos preditores



01.01.2000



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Modelos preditores

Os estudos por nós efectuados, bem como os realizados em outros países apontam para os seguintes factores preditores do grau de tolerância ao TT: o tipo diurno (cotovia/mocho), flexibilidade, amplitude dos ritmos biológicos, neuroticismo, intro-extroversão, satisfação geral no trabalho, controlo sobre o ritmo do trabalho, suporte socio-familiar e idade.

A satisfação geral no trabalho é uma variável tampão relativamente aos efeitos do TT nos trabalhadores. A flexibilidade favorece a adaptação ao TT, bem como o tipo diurno vespertino. Contudo, os modelos são apenas preditores, não afirmam relações de causalidade. Por exemplo, o neuroticismo ( medido pelo Inventário de Personalidade de Eysenck) é um bom preditor do grau de tolerância (elevado neuroticismo está associado a intolerância), contudo não é necessariamente causa. Pode ser efeito do TT. Os modelos preditivos servem fins práticos (seleccionar a pessoa com melhor perfil para o TT) e podem sugerir protocolos de investigação experimental.

Um exemplo prático: suponhamos que num Hospital os horários dos turnos são 2400-0800, 0800-1600 e 1600-2400; que a rotação é rápida (tarde tarde manhã noite descanso folga tarde...); trabalharão 2 enfermeiros em cada turno em simultâneo, contudo à noite 1 assegurará o trabalho sem problemas; que há 2 vagas e 10 candidatos, com idades compreendidas entre 21 e 45 anos.

Dado que a idade é uma variável preditora (menor idade maior tolerância), deveremos escolher os mais novos; se a rotação é rápida deveremos escolher os de maior amplitude dos ritmos; poderemos escolher uma cotovia e um mocho, na medida em que no turno da noite o mocho poderá trabalhar das 2400 até às 0400 (melhor desempenho) e dormir das 0400 às 0800 e a cotovia trabalhar das 0400 até às 0800, dormindo das 2400 às 0400. O que está a dormir poderá ser chamado para ajudar nalguma situação de emergência.

Nos casos em que não pode haver este sono âncora ( um sono de 90 a 180 minutos que ocorra entre as 2400 e as 0800), teríamos de escolher dois tipos intermédios (nem mochos nem cotovias), dado que são os que melhor toleram a rotação de horários. Com efeito, os mochos toleram melhor a noite mas não toleram os turnos da manhã.

Nos casos individuais (para estudo clínico de um trabalhador por turnos) damos primazia aos registos biométricos e escalas clínicas. Contudo, para a selecção/recrutamento de recursos humanos é impraticável efectuar estudos biométricos, pelo que dispomos de instrumentos de auto-avaliação com margens de erro inferiores a 5% que asseguram uma gestão mais eficaz.

Fonte RHM (continua)






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