Metodologias de estudo
Os principais métodos
em cronobiologia são de dois tipos: métodos biométricos
e de auto-avaliação. Um dos principais métodos biométricos
é a actigrafia, isto é, o registo dos graus de actividade
ao longo do dia, por vários dias. O dispositivo (actímetro)
possui um acelerómetro que regista variações de movimentos.
É do tamanho de um relógio de pulso e é colocado
num dos pulsos. Pode efectuar registos contínuos por períodos
de até cerca de 30 dias. Um interface permite a passagem dos registos
para um computador e posterior análise cronobiológica.
Outros dispositivos de registo usados em cronobiologia em geral e no TT
em particular são os medidores ambulatórios de tensão
arterial e frequência cardíaca (os mapas) e medidores de
temperatura rectal ou auricular, resistência eléctrica da
pele, actividade eléctrica cerebral (polígrafos ambulatórios).
Muitas funções implicam colheitas periódicas ( por
exemplo, de cortisol salivar) ou cateteres.
Os métodos de auto-avaliação incluem escalas visuo-analógicas
( uma recta segmentada com dígitos a que correspondem intervalos
de uma dimensão subjectiva e em que o indivíduo assinala
com uma cruz), questionários padronizados, escalas do tipo Likert
e autorritmometria. Na autorritmometria o indivíduo regista de
forma simples a ocorrência de determinados eventos em folhas apropriadas,
com indicação das horas (ou dias ou meses) em que ocorrem.
Na nossa Unidade I&D de Psicofisiologia e Neuropsicologia possuímos
diversos instrumentos para estudos cronobiológicos: a versão
portuguesa do Standard Shiftwork Index, uma bateria de questionários
e escalas padronizadas que permitem efectuar estudos comparativos com
amostras de outros países da EU, a Escala de Sonolência,
a Métrica de Ritmos Sociais (que permite registar e medir variações
de ritmicidade social), o questionário de Matutinidade/Vespertinidade
de Horne e Oestberg, 6 actígrafos, um polígrafo EMBLA de
16 canais (ambulatório) e lâmpadas solares para fototerapia
(terapia pela luz).
Com estes instrumentos têm sido realizados diversos estudos em colaboração
com centros de investigação europeus e americanos; 1 projecto
institucional do Centro de Estudos de Educação e Psicologia
da Universidade do Minho (CEEP), 31 projectos de mestrado, diversos deles
financiados pela FCT e projectos de doutoramento igualmente financiados
pela FCT. Com um financiamento da Fundação Bial, decorre
nesta Unidade I&D um projecto pioneiro na EU sobre ritmos biológicos,
noção do tempo e tolerância ao TT, em colaboração
com a Universidade de Swansea.
As amostras mais estudadas por nós em Portugal são de enfermeiros,
médicos, agentes de segurança pública, trabalhadores
da indústria metalomecânica, cimenteira, química e
agro-alimentar. Têm sido publicados diversos trabalhos nossos em
revistas estrangeiras como referência.
Destes estudos não só têm sido desenvolvidos modelos
preditores da tolerância ao TT na população portuguesa,
como têm sido desenvolvidos instrumentos e metodologias de âmbito
cronobiológico para uso em gestão de recursos humanos, nomeadamente
selecção/recrutamento de pessoal e reconversão dos
mesmos recursos.
Fonte RHM (continua)