Intervenção/prevenção
O recrutamento/selecção
é a melhor política empresarial no domínio do TT.
Por outro lado, e para salvaguardar os erros cometidos (margem inferior
a 5%) na selecção, é necessário proceder a
avaliações periódicas, médicas e psicológicas,
de acordo aliás com directivas comunitárias emitidas nesse
sentido.
Entretanto, estas medidas não são suficientes. É
necessário informar e educar os trabalhadores (e os empresários)
sobre os procedimentos a adoptar no intuito de optimizar a adaptação
ao trabalho por turnos. Os empregadores terão de assegurar a optimização
do meio ambiente onde decorre o trabalho: níveis de iluminação
adequados para a manutenção da vigilância, períodos
curtos de repouso de hora a hora para reduzir a acumulação
de fadiga, hidratação dos trabalhadores, redução
da monotonia pela introdução de tarefas de auto-monitorização
dos níveis de rendimento e qualidade em linhas de montagem, etc.
Deverá ser assegurado um plano de avaliações médicas
e psicológicas dos trabalhadores: análises bioquímicas
periódicas (colesterol, HDL, triglicerídeos) tensão
arterial, fadiga crónica, reflexos e tempos de reacção,
exame do estado mental, índice de massa corporal, etc..
Os trabalhadores deverão ser incentivados à prática
do desporto em outdoor, treino de métodos simples de relaxamento,
bem como adopção de uma alimentação adequada,
rica em fibras. O consumo do álcool e do tabaco são outros
factores onde a informação/educação deverá
incidir. Nos casos em que haja alterações graves, poderá
ser necessária uma intervenção clínica individual
(tratamento farmacológico, psicoterapia cognitivo-comportamental,
"baixa" para estudo ou mudança para trabalho diurno).
Em nenhum caso o trabalhador deverá automedicar-se, na medida em
que a medicação não prescrita por médico poderá
ter repercussões nos relógios biológicos complicadas
(ou mesmo irreversíveis), para além dos efeitos colaterais
já conhecidos.
Do ponto de vista ergonómico, as empresas deveriam tentar conciliar
os imperativos económicos com os princípios cronobiológicos.
Beneficiarão os trabalhadores em termos de saúde e bem-estar,
acabando a empresa por ser beneficiada com aumento da produção
e da qualidade da mesma, sem custos significativos em termos de absentismo
e indemnizações.
Terminamos esta reflexão chamando a atenção para
um pormenor importante, frequentemente descurado: se é um facto
que o "Homo Sapiens Sapiens" parece talhado para estar activo
de dia e dormir de noite, há indivíduos que estão
talhados para dormir de dia e trabalhar à noite (mochos "puros").
Assim sendo, em vez de anatemizar pura e simplesmente o TT, deveremos
investir cada vez mais nos estudos que facilitem a promoção
da tolerância, acima de tudo no processo a montante: a selecção.
Os médicos de trabalho, psicólogos do trabalho e gestores
de recursos humanos deveriam ter formação sólida
no domínio da cronobiologia.
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