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Intervenção/prevenção



01.01.2000



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Intervenção/prevenção

O recrutamento/selecção é a melhor política empresarial no domínio do TT. Por outro lado, e para salvaguardar os erros cometidos (margem inferior a 5%) na selecção, é necessário proceder a avaliações periódicas, médicas e psicológicas, de acordo aliás com directivas comunitárias emitidas nesse sentido.

Entretanto, estas medidas não são suficientes. É necessário informar e educar os trabalhadores (e os empresários) sobre os procedimentos a adoptar no intuito de optimizar a adaptação ao trabalho por turnos. Os empregadores terão de assegurar a optimização do meio ambiente onde decorre o trabalho: níveis de iluminação adequados para a manutenção da vigilância, períodos curtos de repouso de hora a hora para reduzir a acumulação de fadiga, hidratação dos trabalhadores, redução da monotonia pela introdução de tarefas de auto-monitorização dos níveis de rendimento e qualidade em linhas de montagem, etc.

Deverá ser assegurado um plano de avaliações médicas e psicológicas dos trabalhadores: análises bioquímicas periódicas (colesterol, HDL, triglicerídeos) tensão arterial, fadiga crónica, reflexos e tempos de reacção, exame do estado mental, índice de massa corporal, etc..

Os trabalhadores deverão ser incentivados à prática do desporto em outdoor, treino de métodos simples de relaxamento, bem como adopção de uma alimentação adequada, rica em fibras. O consumo do álcool e do tabaco são outros factores onde a informação/educação deverá incidir. Nos casos em que haja alterações graves, poderá ser necessária uma intervenção clínica individual (tratamento farmacológico, psicoterapia cognitivo-comportamental, "baixa" para estudo ou mudança para trabalho diurno). Em nenhum caso o trabalhador deverá automedicar-se, na medida em que a medicação não prescrita por médico poderá ter repercussões nos relógios biológicos complicadas (ou mesmo irreversíveis), para além dos efeitos colaterais já conhecidos.

Do ponto de vista ergonómico, as empresas deveriam tentar conciliar os imperativos económicos com os princípios cronobiológicos. Beneficiarão os trabalhadores em termos de saúde e bem-estar, acabando a empresa por ser beneficiada com aumento da produção e da qualidade da mesma, sem custos significativos em termos de absentismo e indemnizações.

Terminamos esta reflexão chamando a atenção para um pormenor importante, frequentemente descurado: se é um facto que o "Homo Sapiens Sapiens" parece talhado para estar activo de dia e dormir de noite, há indivíduos que estão talhados para dormir de dia e trabalhar à noite (mochos "puros"). Assim sendo, em vez de anatemizar pura e simplesmente o TT, deveremos investir cada vez mais nos estudos que facilitem a promoção da tolerância, acima de tudo no processo a montante: a selecção. Os médicos de trabalho, psicólogos do trabalho e gestores de recursos humanos deveriam ter formação sólida no domínio da cronobiologia.

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