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Entrevista



01.01.2000



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Vontade de vencer

Ricardo Castanheira é deputado eleito pelo círculo eleitoral de Coimbra, pelo que é membro de inúmeras comissões parlamentares, tais como da Educação, Ciência, Cultura e da Juventude.
Se é jovem e quer enveredar pela política, veja este exemplo!



Entre as suas múltiplas funções contam-se ser Deputado à Assembleia Parlamentar da NATO, membro do "East West Parliamentary Practice Project", porta-voz do partido socialista na Assembleia Municipal de Arganil, além de secretário do grupo parlamentar Portugal/Estados Unidos. É ainda membro da Comissão Parlamentar de Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades e Garantias, da Comissão eventual de acompanhamento da situação em Timor Leste, da Comissão de acompanhamento e fiscalização do EURO 2004, além de Presidente do Conselho Nacional da Associação Nacional de Jovens Advogados Portugueses, entre muitas outras funções.
Tudo isto com apenas 28 anos. Digam lá se não é vontade de vencer?

Expresso Emprego: Qual é a sua formação académica e percurso profissional?

Ricardo Castanheira: Tenho uma Licenciatura em Direito, ramo Jurídico - Económico, pela Faculdade
De Direito da Universidade de Coimbra e exerço na mesma cidade.
Sou também Professor Auxiliar Convidado da Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, em Lisboa, na Licenciatura de Ciência Política (disciplina de Direito Político-Constitucional do 2º ano).

EE: Como começou o seu percurso profissional?

RC: Foi em parte por influência familiar. Houve em mim um despertar para a política. Desde sempre fui militante do partido socialista, com a idade mínima possível, com apenas 14 anos, já tinha uma actividade partidária singela.
Tudo o que são órgãos de estrutura partidária eu fiz parte e hoje faço também parte, por exemplo, da comissão política do partido socialista, e da comissão política nacional. Algo que me preocupa é a relação que se deteriorou ao longo dos anos, entre aqueles que são titulares de cargos públicos e a população em geral.
Às vezes acho que se vive um pouco de costas voltadas quando se deveria apostar fundamentalmente nessa relação porque a política serve para servir os interesses dos cidadãos.

EE: Dentro das funções que desempenha como deputado o que é que mais lhe agrada fazer?

RC: O deputado é um representante da nação e eu tenho tido a preocupação de preservação de uma proximidade que me parece não só necessária como útil daqueles aos quais a política se dirige. Apercebo-me de certos problemas de administração pública, órgãos descentralizados.
Por outro lado, tenho a felicidade de ter duas actividades perfeitamente complementares. Ser advogado e ser deputado é muito gratificante e adoro o desempenho de cada uma.

EE:Como deputado o que é que menos lhe agrada?

RC: Há uma morosidade processual, há algumas coisas que considero castradoras.
Há convicções que podem ferir o equilíbrio parlamentar, a que nós por disciplina partidária estamos obrigado. Apesar de tudo, o balanço que faço é positivo porque o exercício da política e dos mandatos políticos requerem alguma presença de espírito, alguma liberdade e arejamento, aspectos necessários na minha vida.

EE: Existe algum país da comunidade europeia que considere um exemplo político a seguir?

RC: Não considero que exista um arquétipo político para Portugal, cuja Constituição por exemplo é das mais avançadas e equilibradas do mundo, no entanto penso que dos vários países europeus se podem retirar algumas notas relevantes. A França anda sempre adiantada em relação às grandes questões polémicas e sociais, preocupações clássicas de intervenção do estado. Nos países nórdicos, confesso uma atracção, que subsiste, pela ideia sempre presente de um Estado-Social onde as medidas de solidariedade têm forte importância. Em França assistimos sempre por avanço aos grandes debates de ideias, foi assim com o papel das mulheres na política e com a limitação dos mandatos, por exemplo. Na Alemanha deve retirar-se o rigor económico e financeiro e na Holanda a forma descomplexada e sem preconceitos com que tomam decisões, cujo alcance, apenas mais tarde a restante "velha-Europa" vislumbra.

EE: Quais as áreas que considera necessitarem de uma intervenção política mais urgente em Portugal?

RC: Como áreas políticas prioritárias, e não significa que tal diagnóstico não esteja já feito e as respectivas medidas em curso, considero: a preparação social, das famílias às empresas, para as novas tecnologias cuja utilização, ou não, passarão a ditar os novos critérios de produtividade, de crescimento, de adaptação funcional e, em suma, de modernização. A formação profissional contínua da população activa portuguesa e a preservação/incremento dos "clusters" nacionais vão permitir neste mundo globalizado a afirmação da nossa identidade histórica, linguística e económico-social.

EE: Que papel devem desempenhar os políticos em alturas de crise?

RC: Hoje a organização do trabalho tem repercussões ao nível da organização social e o que se passa é que apesar de tendermos a especializarmo-nos, os desafios não são os mesmos, porque temos ao mesmo tempo de ter uma cultura abrangente, de modo a nos valorizarmos.
Em certas alturas há sinais de preocupação, como agora, mas eu penso que o que aconteceu não é tão alarmista para Portugal como a preocupação sentida no último ano do mandato do professor Cavaco Silva.
Há alguns sinais de preocupação, de algum ressentimento da economia, mas deve-se tentar pensar em soluções. Principalmente os jovens devem ter uma consciência política com essas preocupações, sendo optimistas e procurando soluções para as coisas, em vez de nos lamentarmos e dizermos que estamos em crise.
A atitude política ou dos próprios cidadãos deve ser superar a crise e conseguir projectar através de investimentos públicos, a própria economia nacional.

EE: Se não fosse deputado que outra profissão escolheria?

RC: Quando era muito pequeno penso que pensei em ser médico, pelo facto de ser uma profissão em que provavelmente todas as crianças pensam no sentido de ajudarem
os outros.

AF






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