Ruben Eiras
MBA de escolas de negócios
castelhanas conquistam prestígio internacional
Recrutamento sobe em 2004
AS ESCOLAS de negócios espanholas estão a conquistar os
"rankings" internacionais de MBA mais prestigiados a nível
mundial. O Instituto de Empresa (IE), por exemplo, sedeado em Madrid,
surge em 8º lugar na classificação do jornal "Financial
Times" e da revista "The Economist" e na 36º posição
na lista do Wall Street Journal.
Esta é mais uma das novas tendências a emergir mercado global
dos MBA, depois da vaga da aposta no ensino da ética (ver edição
do EXPRESSO Emprego da semana passada).
As outras estrelas castelhanas da formação de executivos
são a IESE Business School de Navarra (em 28º e 23º lugar
nos "rankings" do "The Economist" e do FT, respectivamente)
e a Esade (Escuela Superior de Administracion y Direccion de Empresas)
em Barcelona, que ocupa o 46º lugar na tabela do Wall Street Journal.
Internacionalização e ensino prático
Entre as análises dos vários "rankings" MBA referidos,
os factores de sucesso da escola melhor classificada, o IE, residem sobretudo
na estratégia bem sucedida de captação de alunos
vindos de outros pontos do globo e num ensino intricado com a realidade
empresarial.
O IE é uma "business school" com fortes ligações
na América Latina, nas Filipinas e nos EUA. As suas principais
áreas de especialização são o empreendedorismo,
as tecnologias de informação e a gestão.
Aquela instituição educativa está profundamente ligada
ao tecido industrial, já que possui um departamento dedicado exclusivamente
à consultoria e formação interna para empresas.
Quanto à metodologia de ensino, esta centra-se nas técnicas
de estudos de caso e no trabalho em grupo. O programa de formação
é altamente intensivo e está desenhado de propósito
a simular a vida real dos negócios.
Os estudantes concederam à faculdade as melhores classificações
no que diz respeito à consistência e à abordagem internacional
dos programas educativos. Mais de 15% dos graduados MBA desta escola criam
os seus próprios negócios.
Quanto à IESE, esta escola de negócios também optou
por uma estratégia de internacionalização, com o
estabelecimento de alianças concentradas nas regiões das
economias emergentes:
América Latina, China e Europa de Leste. A política seguida
para a metodologia de ensino também está a focar-se cada
vez mais nas vertentes prática e experimentalista, na maximização
das tecnologias de informação nos processos de aprendizagem
e no desenvolvimento das infra-estruturas da universidade.
A IESE de Navarra é uma universidade pertencente ao Opus Dei, uma
corrente da Igreja Católica fundada em 1928. Mas, segundo as análises
contidas nos vários "rankings", o ambiente é semelhante
ao de qualquer escola de negócios moderna.
As principais áreas de especialização são
a gestão e estratégia, o empreendedorismo, as finanças
e a economia. Esta escola foi a primeira na Europa a oferecer um MBA com
a duração de dois anos, depois de efectuar uma aliança
com a Universidade de Harvard em 1964.
Quanto a Portugal, o país continua "invisível"
nas listas mundiais de excelência do ensino de gestão. Com
efeito, entre as escolas de negócios portuguesas, à parte
algumas parcerias pontuais com universidades estrangeiras, não
se conhecem estratégias sustentadas de internacionalização
e de captação de alunos estrangeiros.
Os critérios de avaliação da qualidade dos MBA para
elaboração dos "rankings" consistem na eficácia
dos cursos e na abertura de novas oportunidades de carreira, no nível
de desenvolvimento pessoal e na experiência educacional, no aumento
produzido no salário e no potencial das redes de antigos alunos.
Salários com subida ligeira
Quanto às tendências salariais para os MBA em 2004, a sondagem
da World MBA Tour, uma organização que presta serviços
informativos sobre formação para executivos, prevê
um ligeiro crescimento.
Segundo aquele documento, o salário médio de um MBA (calculado
com base em valores dos mercados dos EUA e da Europa), desceu de 82.000
euros em 2001 para perto de 75 mil no ano de 2002.
No presente ano, a remuneração aumentou 2%. "Com
a subida gradual dos mercados bolsistas, a confiança das empresas
aumentará, elevando o grau de contratação e os salários
praticados em 2004", remata Monisha Saldanha, uma das autoras
da pesquisa.
Recrutamento sobe em 2004
O RECRUTAMENTO de diplomados em MBA deverá recuperar em 2004.
Esta é a principal previsão da mais recente sondagem aos
recrutadores elaborada pela World MBA Tour.
O principal factor desta inversão no mercado de trabalho é
a recuperação económica que se avizinha e que já
está a dar os primeiros sinais nas locomotivas do capitalismo mundial:
a Alemanha saiu da recessão técnica e os EUA também
já mostram sinais de um renovado dinamismo.
Todavia, os resultados da sondagem confirmam que a era da oferta de dois
a três empregos a cada graduado MBA acabou e revelam uma nova tendência
de recrutamento: os grandes contratadores serão as PME.
"Muitas destas pequenas e médias empresas operam em nichos
de mercado de alto valor acrescentado e foram criadas por antigos alunos
MBA. Estes recorrem muitas vezes às redes 'Alumni' - associações
de graduados - para recrutarem os talentos que procuram", lê-se
no relatório da sondagem.
Quanto aos postos de trabalho oferecidos, a qualificação
MBA já é exigida para uma função de nível
mais baixo na área da gestão. Consultoria, marketing e planeamento
estratégico são as áreas com maior oferta de emprego.