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Um sector em mutação

O perfil dos trabalhadores temporários está a mudar e a qualificar-se
07.07.2006


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Cátia Mateus e Marisa Antunes

O Trabalho Temporário tem vindo a ganhar «adeptos» em Portugal, ao longo dos últimos anos. Quer seja para colmatar as necessidades momentâneas de mão-de-obra, quer seja para dar resposta a uma nova forma de trabalho onde a flexibilidade e mobilidade ditam as regras, a verdade é que são cada vez mais as empresas a apostar no recrutamento temporário de colaboradores. Para os especialistas, a procura crescente está a modificar até o perfil do trabalhador temporário. É que se antes esta forma de trabalho era associada a alguma precariedade e falta de qualificação, hoje não parecem restar dúvidas de que no futuro as funções temporárias abarcarão também os profissionais mais qualificados.

Informática, serviços administrativos, «call-centers» e área alimentar, figuram entre os sectores que mais requisitam trabalhadores temporários, mas a esta lista somam-se outras funções. Segundo Marcelino Pena Costa, presidente da Associação Portuguesa das Empresas do Sector Privado de Emprego (APESPE), «já lá vai o tempo em que trabalhar temporariamente através de uma empresa de trabalho temporário era ser administrativa ou indiferenciado industrial. Hoje, os nossos colaboradores cobrem todas as profissões e ramos de actividade económica, considerando as devidas proporções».

Em função desta nova realidade, o perfil do trabalhador temporário também se alterou. «Ao invés do que se diz, os trabalhadores temporários são maioritariamente do sexo feminino (60%), profissionais com experiência e qualificação profissional, com idades entre os 23 e 35 anos e grande capacidade de adaptação à mudança e às tecnologias», clarifica Marcelino Pena Costa.

Mário Costa, presidente do conselho de administração da Select-Vedior, traça também um quadro positivo da evolução do trabalho temporário em Portugal. «O volume de facturação das empresas do sector tem vindo a crescer anualmente, na ordem dos 5 a 10%», salienta o responsável. Líder nacional do sector, a empresa tem áreas-chave na requisição de mão-de-obra temporária. «Recebemos muitos pedidos para os grandes armazéns, distribuição alimentar, ‘merchandising', secretariado e outras funções administrativas, bem como para técnicos de informática», resume Mário Costa.

Com um franco crescimento estão também os «call-centers». «Só para a área do ‘call-center', a Select Vedior tem 5000 colaboradores. As empresas já perceberam, com a crise económica, que devem dar um especial enfoque à parte comercial. Também os operadores de telemóveis recorrem com frequência aos trabalhadores temporários, principalmente na altura das campanhas», adianta o responsável.

O presidente da APESPE chama ainda a atenção para o facto do trabalho temporário estar também a entrar no vocabulário dos trabalhadores seniores. «Aos poucos, os trabalhadores mais experientes estão a aproximar-se das empresas de trabalho temporário e a descobri-las como fonte de emprego», explica Marcelino Pena Costa.

Por sua vez, garante o responsável, «embora as empresas ainda prefiram os jovens, os sinais são mais que evidentes de que a experiência de vida e o histórico de uma actividade são um valor importante para a cultura empresarial e para o ‘vestir' da camisola e com o aumento da expectativa de vida e da idade da reforma, estão criadas as condições para que os seniores passem também a ter um papel importante no trabalho temporário, no futuro».





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