Um em cada cinco portugueses procuram emprego através da internet. As conclusões são avançadas pelo último relatório da Kelly Services – Kelly Global Workforce Index – e demonstra que a tarefa de procurar emprego está já longe de se resumir à pesquisa nos jornais e agências. A internet cada vez ganha mais terreno, não só na resposta a anúncios e pesquisa em sites da especialidade, mas também através das redes sociais e da candidatura direta nas bases de dados online das empresas.
O papel da internet enquanto meio de recrutamento está a ganhar relevância, mas o mesmo estudo que aponta para que um em cada cinco portugueses utilize esta ferramenta como forma de combater o desemprego, revela que muitos portugueses ainda receiam as consequências que o conteúdo pessoal publicado em redes sociais possa significar para a sua carreira.
São já cerca de 22% os que confessam ter encontrado o seu último emprego através de um site de emprego na internet que é já a principal fonte de emprego depois da abordagem direta do empregador, citada por 25% dos inquiridos pelo estudo. Logo a seguir neste ranking das fontes de oportunidade laboral vem o “passa-a-palavra” (17%), as empresas de recrutamento e trabalho temporário (13%), outros métodos (13%) e redes sociais (1%).
Afonso Carvalho, diretor-geral da Kelly Services, explica que “mesmo que apenas uma pequena percentagem de pessoas tenha realmente garantido o seu trabalho mais recente através das redes sociais, 38% utilizam o Facebook, o Linkedin e o Twitter para procurar oportunidades de emprego ou uma progressão na carreira”.
O estudo, realizado no início do ano junto de 97 mil pessoas em 30 países, nove mil das quais em território nacional, mostra que ao mesmo tempo que as redes sociais são uma ferramenta popular para a conquista de emprego, também é crescente a apreensão sobre os danos que estas podem ter nas carreiras. De tal modo que “um em cada seis inquiridos admitem editar deliberadamente o conteúdo das suas páginas nas redes sociais para evitar problemas na sua carreira”.
Para Afonso Carvalho, “o uso das redes sociais na procura de trabalho está a tornar-se mais comum porque permite que as pessoas se candidatem diretamente à função que pretendem e até mesmo à organização onde gostariam de trabalhar”. O especialista acrescenta ainda que “os candidatos e os empregadores estão cada vez mais adeptos da utilização deste meio, que crescerá cada vez mais como uma ferramenta para procurar oportunidades de trabalho”.
Em Portugal, o estudo demonstra que o Facebook é, para todas as gerações, a mais popular rede social para encontrar trabalho, utilizada por 59% da Geração Y (entre os 18 e os 29 anos), 47% da Geração X (dos 30 aos 47 anos) e 37% dos baby boomers (entre os 48 e os 65 anos). Segundo a Kelly Services 18% dos inquiridos afirma claramente ser necessário manter-se ativo nas redes sociais para progredir na carreira e um quarto dos entrevistados confirma que as empresas para as quais trabalha têm regras que regulam o uso das redes sociais no trabalho.
Tecnologias de Informação, Hotelaria e indústria farmacêutica são os setores onde os trabalhadores são mais ativos nas redes sociais e em conversas online. Em termos geográficos, os distritos onde as pessoas são mais ativas na busca de emprego online são Viana do Castelo (44%), Faro (43%), Évora (41%), Aveiro, Braga, Leiria e Porto (40%), Lisboa e Santarém (37%) e Setúbal (35%).
Cerca de 74% dos inquiridos gastam uma hora ou menos por dia em redes sociais e para Afonso Carvalho é evidente que as redes sociais estão a mudar a forma como as pessoas procuram trabalho. Como acontece com qualquer nova tecnologia, as pessoas estão a aprender que há aspetos positivos e negativos e precisam de tirar o melhor partido que a internet oferece”.