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Um cruzeiro universitário

Sete das mais reputadas universidades mundiais uniram-se para criar o primeiro «campus» universitário a bordo de um navio. O ‘Scholar Ship’ faz escala em Lisboa a 13 de Setembro
31.08.2007


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Cátia Mateus
Um barco, 200 estudantes oriundos de 35 países, várias universidades de renome e 16 semanas a desafiar os mares, numa volta ao mundo em busca de conhecimento. Assim se poderia resumir o espírito que norteia o ‘Scholar Ship'. A Royal Caribbean Cruises associou-se a várias universidades — a Cardiff University (Reino Unido), Fudan University (China), Macquire University (Austrália), Tecnológico de Monterrey (México), University of California (Berkeley), University of Ghana (Ghana) e Al Akhawayn University (Marrocos) — para criar o primeiro campus universitário a bordo de um navio. O ‘barco do conhecimento' atraca em Lisboa a 13 de Setembro.

Pireu (Atenas), Lisboa (Portugal), Panamá, Guayaquil (Equador), Papeete (Taiti), Auckland (Nova Zelândia), Sydney (Austrália), Xangai, Macau e Hong Kong (China), constituem a rota desta universidade marítima que tem como meta proporcionar aos estudantes participantes um aprofundamento dos seus conhecimentos académicos através de um programa que lhes permite participar em visitas de estudo, fazer voluntariado e viajar de forma independente, durante 16 semanas.

De acordo com o Institute of International Education (IIE), mais de oito milhões de estudantes de 175 países já tentaram a admissão em programas de ensino no estrangeiro. A América representa 36% destes alunos, enquanto a Europa/África representam 44% e a Ásia 20%. Reflectindo este crescente interesse dos estudantes em levar a cabo um percurso académico internacional, o ‘Scholar Ship' vai emergir alunos e corpo docente num ambiente intercultural de vivência e aprendizagem a bordo de um navio com 201 metros que viajará por quatro continentes durante um semestre.

Segundo John Lie, reitor de Estudos Internacionais da Universidade de Califórnia (Berkeley), “o ‘Scholar Ship' promete ser um microcosmos da nossa era, um laboratório para a democracia global”. Na verdade, o navio acolherá estudantes de 35 nacionalidades, “procurando criar uma verdadeira comunidade de ensino e aprendizagem transnacional, com ênfase no conhecimento experiencial”, refere John Lie que considera o programa “uma experiência audaz na educação internacional e global”.

Para o representante do programa, a metodologia de ensino é o grande trunfo do ‘Scholar Ship'. O programa curricular e os critérios de atribuição de notas resultam de um trabalho conjunto entre as várias universidades parceiras, colocando um ênfase especial na vertente prática do ensino. Durante o período de formação “em mar” os alunos terão contacto com a vertente teórica deste programa, através de uma formação em sala e diversas actividades, como se de um campus universitário tradicional se tratasse.

A cada escala do navio em portos internacionais, os estudantes saem para o terreno com o objectivo de realizar visitas de estudo, tomar contacto com a cultura de cada país, o estilo de vida dos seus habitantes, os negócios e realizar até programas de voluntariado em cada cidade por onde passam. A partir de Lisboa, onde o navio atracará de 13 a 19 de Setembro, os estudantes vão visitar as cidades académicas de Coimbra e Évora, as ruínas romanas, desenvolver trabalho de voluntariado na Casa do Gil, dando assistência aos funcionários da fundação no seu trabalho junto das crianças doentes e abandonadas.

Além destas paragens, outras incursões estão previstas em empresas nacionais e instituições de apoio social. Muito voltado para o mercado internacional, o ‘Shcolar Ship' conta também com a colaboração de algumas multinacionais como a IBM, a Microsoft e o HSBC Bank. A meta, assegura John Lie, é “garantir que o programa resulte uma aprendizagem relevante e de uso prático para os estudantes”.

O enriquecimento académico, cultural e o contacto com os mercados de trabalho internacionais são o objectivo primordial deste barco de conhecimento que foi pensado para preparar os estudantes para competirem à escala global. Na primeira viagem deste navio não constam estudantes portugueses. A inscrição neste programa custa aproximadamente 20 mil dólares por semestre. Mas a pensar nas mentes brilhantes que não podem despender desta quantia, “a organização criou um fundo de dois milhões de dólares para o ano lectivo de 2007/2008 de forma a alargar o programa a estudantes de diversos meios sociais”, revela. As bolsas de estudo são atribuídas com base no mérito académico e na necessidade económica.

Quando a comunidade estudantil do mundo inteiro está de olhos postos numa experiência académica internacional, esta formação intensiva pode estar a marcar um ponto de viragem, permitindo conhecer não um país, mas vários, num ambiente onde o intercâmbio de culturas e vivências dita as regras.





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