Pedro Maia Ramos
A COMISSÃO Europeia lançou no início
de Março um novo Plano de Acção para promover o espírito
empresarial na União Europeia (UE).
A promoção de uma cultura empresarial nos jovens, por forma
a levá-los a considerar a opção de criação
de negócio próprio; a redução do estigma do
insucesso, com um equilíbrio mais estimulado entre auto-financiamento,
crédito bancário e outros tipos de financiamento externo;
a prestação de um apoio específico às mulheres
e às minorias étnicas; a facilitação do cumprimento
da legislação fiscal, ao reduzir a complexidade associada
a este processo e a simplificação dos processos de transmissão
de empresas a novos proprietários, são as cinco áreas
estratégicas de actuação contempladas no Plano.
Um especial destaque é dado à necessidade consultar as PME
quando se elabora nova legislação.
Na opinião do comissário responsável, Erkki Liikanen
"a Europa precisa de mais empresários".
O dirigente alertou para a necessidade da colaboração de
todos "para reforçar a inovação, a competitividade
e o crescimento, a UE carece de mais europeus envolvidos no arranque ou
tomada de negócios, e, a partir daí, criar condições
para que este se desenvolva. Todavia, a UE não pode avançar
sozinha. A participação dos governos nacionais, das autoridades
regionais e locais e das organizações empresariais é
essencial".
UE perde para EUA
De acordo com a edição de 2003 do inquérito Eurobarómetro
ao espírito empresarial (a publicar em breve), a União é
penalizada em relação aos Estados Unidos da América
(EUA).
Desde 2001, apenas 4% dos europeus participaram na criação
de uma nova empresa, número que sobe quase para o triplo nos EUA.
Um para três é também a relação entre
o número de empregados. Uma empresa média na Europa tem
seis trabalhadores, mas 18 no outro lado do Atlântico.
Dentro das fronteiras da UE, apenas a Grécia e a Irlanda, têm
desempenhos próximos dos EUA.
Estes números serão um entrave ao principal objectivo de
um terço das PME inquiridas: o crescimento.
Na Europa, a velocidade de crescimento das novas empresas é reduzida.
As chamadas "gazelas", empresas de crescimento rápido,
são raras.
A agravar o défice está o envelhecimento demográfico.
Hoje, quem cria mais empresas é o escalão entre os 25 e
os 34 anos, e espera-se uma retracção nas próximas
décadas.
A que se junta o facto de um terço dos empresários da EU,
deverem abandonar a actividade nos próximos dez anos.