Fernanda Pedro e Maribela Freitas
PORTUGAL tem inegavelmente um grande potencial em termos
turísticos. Qualquer região do país pretende mostrar
o que tem de melhor e, numa altura em que se esperam muitos turistas para
o Euro-2004 (ver caixa), a oferta tem de contar com a qualidade dos seus
produtos, serviços e recursos humanos. Nesse sentido, a formação
daqueles que trabalham no turismo é hoje uma prioridade.
A funcionar desde 1965, o Instituto de Formação Turística
(INFTUR) está sob a tutela da Secretaria de Estado do Turismo
- Ministério da Economia - e assegura grande parte da formação
nacional na área do turismo.
Segundo dados deste organismo, anualmente cerca de 1700 alunos frequentam
as suas 11 escolas e núcleos em áreas como turismo, cozinha,
restaurante/bar e alojamento hoteleiro. Proporciona ainda formação
a cerca de seis mil profissionais no activo.
Nas suas escolas e núcleos, o INFTUR promove a formação
inicial de jovens candidatos a um emprego no sector do turismo.
Ao nível da formação contínua tem uma oferta
dirigida aos profissionais do sector organizada em três tipologias:
qualificação profissional, aperfeiçoamento e especialização.
No que respeita à certificação profissional reconhece
cursos de formação profissional para o turismo desenvolvidos
por entidades públicas e privadas, e certifica a aptidão
profissional para o exercício das actividades turísticas.
Francisco Vieira, presidente do conselho de administração
do INFTUR explica que "até 2006 vamos abrir mais seis
escolas e núcleos em zonas como, por exemplo, o Alentejo e Algarve".
É que, apesar do bolo formativo que este instituo oferece, "continua
a ser insuficiente em relação às necessidades do
país", acrescenta o responsável.
Turismo ainda mais profissional
Com larga experiência sobre as necessidades do sector do turismo,
Francisco Vieira explica que "o serviço de mesa e a cozinha
são as áreas onde existe uma maior carência de profissionais".
Neste momento, a empregabilidade das escolas tuteladas pelo INFTUR é
total e "não é possível satisfazer a procura
de trabalhadores formados por nós", salienta Francisco
Vieira.
O sector do turismo está em mudança e o responsável
do INFTUR considera que vão surgir novas profissões nesta
área, ligadas às novas tecnologias de informação,
ao "marketing" e à animação de natureza
e turismo activo.
Nesta medida, este organismo quer avançar até ao final
de 2004 com novas áreas formativas que contemplem as oportunidades
de trabalho que estão a nascer no sector. Mas para que a actividade
turística seja cada vez mais valorizada, "a formação
é imprescindível", afirma.
Mata Cáceres, presidente da Câmara Municipal de Portalegre,
partilha dessa opinião e tem consciência da importância
das competências dos agentes turísticos que trabalham na
região.
Foi por essa razão que incentivou a criação de
um pólo de formação nesta área bem no coração
do centro urbano. Ao desenvolver um projecto cultural para a cidade,
onde se integra a escola de turismo e hotelaria, a autarquia pretende,
assim, melhorar a qualidade da oferta turística da região.
Com a assinatura do arquitecto Eduardo Souto Moura, o futuro pólo
de formação em turismo, será, na opinião
do autarca, "uma mais-valia para o concelho".
Mata Cáceres, refere ainda que estão em curso projectos
na área do turismo e a necessidade de recorrer a mais profissionais
deste sector está para breve. "Temos os produtos mas
precisamos de mão-de-obra qualificada", explica o edil.
Também a Câmara Municipal de Vila Real de Santo António
acabou de abrir um concurso público para a execução
de um pólo da escola de hotelaria e turismo do Algarve.
Um projecto que irá custar cerca de 280 mil euros e que consta
da adaptação da antiga escola básica Marquês
de Pombal.
Para António Murta, presidente da Câmara Municipal de Vila
Real de Santo António, a escola irá colmatar a falta de
profissionais do sector na região. "Esta também
será uma forma de motivar os jovens a seguirem uma carreira no
turismo em vez de enveredarem por outras profissões com poucas
saídas no mercado", salienta o autarca.
Sendo o Algarve uma região de turismo por excelência, António
Murta admite que a formação dos profissionais desta área
é fundamental para o desenvolvimento do sector no concelho.
Formar para o Euro
Com a proximidade do Euro-2004, o Instituto de Formação
Turística (INFTUR) desenvolveu um pacote específico de
formação para esta ocasião.
São 34.650 horas de formação, orientadas para profissionais
de informação turística e da hotelaria e restauração
que estejam no activo.
Dez estádios do Euro-2004; iniciação ao fenómeno
desportivo; futebol; informação turística Euro-2004;
acolhimento a equipas desportivas; primeiro-socorros e combate a incêndios;
alimentação para desportistas e higiene e segurança
profissional, são algumas das áreas de formação.
No que respeita a idiomas, o INFTUR disponibiliza formação
de iniciação em castelhano, inglês, francês
e alemão.
Ao todo e neste bolo formativo estão incluídas 11 acções
a desenvolver de Norte a Sul do país e que deverão ficar
concluídas até ao final de Maio.