Maribela Freitas
Utilizar ficheiros electrónicos em vez de papel, evitar imprimir «e-mails», reciclar «tonners» e pilhas, ou ainda usar papel reciclado, são práticas ecológicas simples, que podem ser adoptadas no dia-a-dia de trabalho com impacto directo no meio ambiente. As empresas estão cada vez mais alerta para a necessidade de proteger o ambiente e muitas começam já a incentivar este tipo de acções junto dos seus trabalhadores.
A Microsoft Portugal é uma delas. “Todos os colaboradores são incentivados a participar nas ‘práticas de trabalho ecológicas' e em manter o escritório ‘clean'”, refere Ângela Martins, HR Business Partner da Microsoft Portugal. Nos escritórios desta empresa, existe uma forte aposta nas mais recentes tecnologias disponíveis no mercado. Utilizam-se «e-mail» e ficheiros electrónicos em diversos dispositivos (nomeadamente telemóvel e «laptop») e a presença de «wireless» em todo o edifício permite o uso do computador em todo o lado, evitando a acumulação de papéis.
“Este ambiente de ‘escritório electrónico' é fortemente dissuasor de uma sobrecarga nas impressões em papel. Temos também uma prática instituída de reciclagem de todo o material poluente como «tonners», pilhas. Por exemplo, os colaboradores só recebem pilhas novas para os ratos ou teclados sem fios, se entregarem as usadas para reciclagem”, conta Ângela Martins. A Microsoft tem ainda em todos os pisos salas específicas para fotocopiadoras e impressoras, com uma pessoa responsável que repõe o papel necessário e trata do material que segue para reciclagem. Divulga ainda internamente informação sobre os materiais recicláveis e faz a recolha de tudo o que é gerado no escritório.
À luz do que se passa na Microsoft, também a IBM se preocupa em proteger o ambiente. “Além da vulgar separação e devido encaminhamento de todos os resíduos perigosos, a IBM procede também através dos seus colaboradores, à divisão da totalidade dos materiais não perigosos produzidos no interior da empresa, como «tonner», vidro, gordura da cozinha, papel, cartão, metal, óleo vegetal, paletes de madeira e embalagens de plástico, para efeitos de reciclagem ou reutilização”, explica Ricardo Bruno Silva, director de contabilidade e impostos da IBM Portugal. O responsável acrescenta que nesta acção de protecção do meio ambiente através das práticas de trabalho ecológicas, todos colaboram e têm junto a si os meios para o fazer, uma vez que, “em todos os corredores e pisos da IBM é possível encontrar uma diversidade de pontos de recolha de materiais para reciclagem”, conta Ricardo Silva.
A empresa lançou até uma campanha intitulada “vamos tornar o azul da IBM mais verde” que abrangia todas as áreas onde o colaborador poderia intervir, desde desligar o interruptor da luz, passando pela economia do lápis, da caneta, do clip e do agrafe. “A IBM sabe que pequenos gestos podem fazer uma grande diferença e com esta campanha quisemos e conseguimos de facto tornar o ‘azul da IBM mais verde'”, conclui Ricardo Silva. A Ecopilhas, entidade responsável por gerir a recolha, triagem e reciclagem das pilhas e acumuladores usados em Portugal, tem vindo a sensibilizar o cidadão e as empresas para reutilização destes materiais.
De acordo com Eurico Cordeiro, director-geral da Ecopilhas, “desde o início de 2004 aderiram ao sistema mais de 1.200 ecoparceiros — todas as empresas que contribuem para o esforço de recolha das pilhas e acumuladores”. Em três anos foram já recolhidas 41 milhões de unidades destes resíduos. Mas não são só as multinacionais estrangeiras que possuem preocupações ambientais. De acordo com dados da Sonaecom, o seu consumo de papel reciclado situa-se em cerca de 80%, o consumo de «tonners» reciclados ronda os 30% e em 2006 reduziram a utilização de papel em 20%. Têm ainda um processo electrónico de aprovação de facturas.
Na Sonae Turismo esta a ser desenhada um mensagem a incorporar no correio electrónico para sensibilizar os seus colaboradores a não imprimirem os «e-mails». Na Sonae Sierra aposta-se na recolha selectiva de resíduos, entre outras actividades e procede-se à divulgação dos resultados obtidos para promover estas práticas junto dos trabalhadores. Na Sonae Distribuição dá-se preferência à utilização de papel reciclado e nas suas lojas existe há mais de um década receptáculos de pilhas usadas para clientes, que são também usadas pelos colaboradores.
Além dos exemplos já referidos de práticas de trabalho ecológicas que podem ser adoptadas, o Grupo de Estudos de Ordenamento do Território e Ambiente (GEOTA) deixa mais alguns conselhos. Hélder Careto, secretário executivo deste organismo propõe “o reuso do papel impresso para anotações ou novas impressões, desligar os monitores CRT quando os PC não são usados durante um período significativo e todo o equipamento informático deve ser desligado quando as instalações se encontrarem vazias”. Para o ambientalista, “as empresas que têm um comportamento social e ambientalmente sustentável sabem que o seu bom exemplo tem um efeito de cascata noutras empresas que lhes estão ligadas”.