O que diferencia paises como a Suíça, a Dinamarca, a Alemanha ou a Finlândia de economias como a Bulgária, a Venezuela, a Coácia, a Africa do Sul ou a Argentina? Entre os inúmeros fatores culturais, económicos, políticos e geográficos que as distinguem, a diferença reside também na capacidade que os primeiros têm de identificar, atrair e reter talento e que aos segundos ainda falta. Segundo o último estudo sobre a retenção de talento conduzido em 60 países pela escola de formação executiva IMD, a Suíça é o detetor e fidelizador de talento por excelência. Qual a sua fórmula de sucesso? Uma estratégia de gestão de recursos humanos orientada para a evolução, qualificação e motivação profissional.?
Além da Suíça, Dinamarca, Alemanha e Finlândia, integram as dez primeiras posições deste ranking de líderes na retenção de talento paises como a Malásia, Irlanda, Holanda, Canadá, Suécia e Noruega. Em alguns casos, como a Alemanha ou a Malásia, merece destaque a recuperação alcançada pelos países nesta matéria quando comparado com o ranking de 2005. A Alemanha, por exemplo, passou da 17ª posição na tabela para a atual terceira posição. A fórmula seguida pelos países líderes na identificação, recrutamento e retenção de talento é em tudo similar: “os países melhor posicionados neste ranking destacam-se pela abordagem equilibrada entre o compromisso com a educação, o investimento no desenvolvimento do talento local e a sua capacidade para atrair talento estrangeiro”, explica Arturo Bris, docente e diretor do IMD World Competitiveness Center, que assegurou a realização do estudo.?
Segundo o especialista, foi analisada nesta investigação a capacidade dos países atrairem e reterem talento para as empresas que operam no país, refletindo fatores-chave como o investimento realizado no crescimento e desenvolvimento de talento interno (considerando, por exemplo, o investimento público realizado na educação e na qualidade dos respetivos sistemas de ensino), a atratividade ou a capacidade do país em reter talento interno e atrair talento externo e a sua capacidade de antecipar as necessidades do mercado, formando e mantendo disponível talento suficiente para satisfazer as necessidades das empresas. “Países com estratégias de gestão de talento mais eficientes são também mais ágeis no desenvolvimento de medidas capazes de potenciar o crescimento da sua rede de talentos”, clarifica Arturo Bris.?
Baseado num conjunto de 20 indicadores, o estudo reune também a opinião de 4300 executivos internacionais, permitindo traçar uma evolução dos principais indicadores em 60 países, entre 2005 e 2014. Focando-se nos lugares cimeiros deste ranking, Arturo Bris destaca que a Dinamarca (2ª no ranking) supera líder da retenção de talento - a Suíça - em matéria de investimento realizado em prole do desenvolvimento de talento. A Suíça mantém, porém, uma liderança imbatível entre 60 outras nações em matéria de capacidade de atração de talento nacional e internacional e na rápida capacidade de resposta que tem ao fornecer talento capaz e altamente qualificado às empresas que dele necessitam.
Portugal a meio da tabela
Apesar de não serem apontadas no estudo como exemplos destacados de excelência em matéria de retenção de talento, as empresas portuguesas mantém uma posição interessante neste ranking. Em termos globais, Portugal ocupa a 33ª posição entre os 60 países avaliados e conseguiu até melhorar a sua performance nesta matéria quando comparado com 2005, altura em que ocupava a 34ª posição na lista.
Longe de poder ainda competir com os líderes da retenção de talento – Suíça, Dinamarca e Alemanha – Portugal marca, contudo, pontos em alguns dos critérios considerados nesta análise como sejam o domínio de idiomas estrangeiros, onde o país ocupa a 17ª posição no ranking, o ensino de competências de gestão (18º), a igualdade entre géneros no mercado de trabalho (12º) ou o índice de custo de vida (18º). Numa análise à performance dos diversos países em anos anteriores, o estudo da IMD destaca ainda a relevante posição que Portugal detinha em 2011, por exemplo, no rácio entre professores e alunos (tanto no ensino primário como no secundário).
Se no caso do número de alunos por cada professor do ensino primário o país ocupava há três anos a oitava posição num ranking de 60 países, no que diz respeito o ensino secundário, Portugal era o país com o equilíbrio mais favorável entre o número de alunos por cada professor, ocupando a primeira posição na tabela. Em 2011, Portugal figurava também na nona posição da tabela em matéria de investimento público em educação por aluno. Fatores que, juntos, reforçam a capacidade de um país se tornar competitivo à escala global, conseguindo atrair e reter os melhores talentos.