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Startups que valem milhões

Startups que valem milhões

São portuguesas, nasceram da inovação e determinação dos seus mentores e em menos de cinco anos de atividade conqusitaram investidores internacionais e entraram na mira de alguns dos business angels e empresas de capital de risco mais exigentes e reconhecidos mundialmente. O que têm em comum a Feedzai, a Seedrs, Uniplaces, a Talkdesk e a Unbabel? O valor do seu projeto e estratégias de ouro para pitchs imbatíveis, capazes de fazer render até o investidor mais cético.

31.07.2015 | Por Cátia Mateus


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Juntas foram capazes de conquistar mais de 55,7 milhões de euros em diversas rondas para captação de investimento junto de investidores internacionais, alguns deles apontados como os mais exigentes e criteriosos do mercado. Os seus líderes recusam que exista uma fórmula de secreta para captar com sucesso a atenção de investidores e empresas de capital de risco, mas reconhecem que algumas estratégias podem ajudar. Ter um bom projeto é o requisito-chave. Depois, há que treinar a forma de o demonstrar.

A Talkdesk, de Tiago Paiva (28 anos) e Cristina Fonseca (27) é o caso mais recente de sucesso. Depois de já terem angariado 3,6 milhões de dólares (cerca de 3,3 milhões de euros) em rondas de investimento anteriores, junto de investidores como a 500 Startups, Alex Khein e Storm Ventures, a dupla de mestres em Engenharia de Redes, ex-alunos do Instituto Superior Técnico, acaba de angariar 15 milhões de dólares (13,2 milhões de euros) em nova ronda de investimento, desta vez liderada pela empresa de capital de risco DFJ que detém participação em empresas como o Skype, Twitter e Tumblr. A startup portuguesa que se dedica ao desenvolvimento de software para call centers empresa foi criada em 2011, emprega 70 profissionais e está em vias recrutar 100 novos colaboradores em Portugal, impulsionada pelo crescimento que tem registado nos últimos anos. Como o alcançou? Com trabalho, é certo, mas também com visão estratégica. “Os investidores interessam-se por negócios com potencial. Daí que cada uma das rondas de investimento tenha sido motivada por taxas de crescimento sustentáveis onde o número crescente de clientes e o potencial do projeto foram os critérios mais importantes para atrair os investidores”, explicam os fundadores da empresa que já opera em mais de 50 países e lidera num mercado avaliado em mais de 18 mil milhões de euros.?

A visão da dupla da Talkdesk é corroborada na plenitude pela equipa da Seedrs, Carlos Silva e Jeff Lynn. Para os mentores da plataforma que permite a qualquer pessoa investir em empresas através da internet, é importante que a empresa esteja hot quando está a levantar capital. O mesmo será dizer que tenha trunfos de peso para apresentar aos investidores. A preparação começa muito antes de levantar o capital. “Acreditamos que é necessário primeiro desenvolver uma relação com os potenciais investidores e essa relação é algo que demora tempo a criar e que necessita de ser mantida”, explicam acrescentando que no caso da Seedrs, a aposta doi sempre “apresentar um plano de ação que nos levasse até ao próximo milestone e que fosse claro e eficaz e tentamos perceber para cada investidor que abordámos, qual o seu DNA e o que o motiva”. A equipa angariou já 9,8 milhões de euros e não tem dúvidas de que “apesar de todos os investidores quererem um retorno do seu investimento, a sua estratégia para atingir esse retorno define a forma como investe e onde investe”. Compreender estas motivações, garantem, “permitiu à Seedrs afinar o seu pitch a cada investidor”.?

Mostrar “tração” é também para Nuno Sebastião, Paulos Marques e Pedro Bizarro, os mentores da tecnológica Feedzai, especializada em sistemas anti-fraude, o ingrediente essencial num processo de captação de investimento. A empresa criada em 2011 comprova-o: 22,4 milhões de euros captados em várias rondas de investimento internacionais, em fases do seu processo de crescimento. “É importante mostrar tração. Ou seja, quantos clientes e a que valor se está a crescer. Se esse crescimento for sustentado, consegue-se captar capital”, explicam. No espaço de um ano e utilizando como trunfo um crescimento de 300%, a tecnológica portuguesa conseguiu captar 21,7 milhões de dólares (19,9 milhões de euros).

?Na Uniplaces a estratégia é similar. Miguel Santo Amaro, Ben Grech e Mariano Kostelec, fundadores da plataforma de arrendamento universitário que entrou no mercado depois de um investimento inicial de 200 mil euros angariados junto da Startup Lisboa e da Shilling Capital Partners, defendem que para captar investimento, um projeto tem de ter quatro requisitos fundamentais: um bom pitch, um bom posicionamento no mercado, contas feitas (bem feitas!) e uma equipa altamente qualificada. Foi assim que somaram nas suas contas 4,1 milhões de euros, em várias rondas. “Um investidor que esteja a considerar entrar com dinheiro a sério quer ver o livro de contas e saber o que foi feito com o dinheiro que entrou em rondas anteriores”, relembram.

O foco na competência e experiência da equipa é também apontado pelos mentores da Unbabel - Vasco Pedro, João Graça, Sofia Pessanha, Bruno Silva e Hugo Silva - como requisito fundamental para conquistar os investidores. A startup de serviços de tradução automática captou desde 2013, 2,4 milhões de euros e mais do que dinheiro garante que “estes investidores trazem valor ao projeto”. Caixa Capital, Faber Ventures, Shilling Capital Partners, Google Ventures, Matrix Partners e Y Combinator, entre outros investidores dos Estados Unidos, China e Japão acreditaram no projeto da equipa portuguesa que acredita que o ditou o sucesso nas várias rondas de investimento que disputou foi “a diversidade e experi~encia da equipa, o crescimento inicial alcançado pela Unbabel, os conceitos inovadores que trouxe à tradução e a dimensão do mercado em que atua”.

Ideias disruptivas, inovação e solidez financeira

Exemplos como estes começam a ser cada vez amis comuns em Portugal. “Atualmente, as startups portuguesas, em particular as de base tecnológica e científica, conhecem menos dificuldades em captar financiamento à escala nacional e internacional, sobretudo através do capital de risco”, explica João Rafael Koehler, presidente da Associação Nacional de Jovens Empresários (ANJE) acrescentando que em muitos casos são empresas inovadoras, orientadas para o mercado global e elevado valor acrescentado que acabam por atrair a atenção dos investidores, nomeadamente, o designado smart money (financiamento e experiência empresarial”. ?Uma boa equipa, com competências técnicas e de negócio complementares e relevantes, capacidade de execução, flexibilidade, resiliência e atitude proativa são para Pedro Rocha Vieira, presidente da Beta-i, requisitos fundamentais para qualquer projeto que queira captar o interesse dos investidores.

E nesta matéria, não há diferenças entre a origem geográfica dos projetos,. As exigências são as mesmas para portugueses, franceses, japoneses ou americanos. “É muito importante que se tenha um produto que resolva um problema real e concreto e com uma vantagem competitiva clara e sustentável”, explica. Uma ideia que o presidente da ANJE também corrobora.?Para ambos os líderes, é clara a presença de um número cada vez amior de investidores internacionais de olhos postos em projetos portugueses e na inovação nacional, muito por força do número crescente de iniciativas promovidas pelas principais associações de empreendedorismo nacionais. O sucesso lá fora, garantem, assegura-se com projetos de qualidade, trabalho, conhecimento do mercado, personalização dos contactos com investidores, bons pitchs (com muito profissionalismo) e um qb de sorte que também é necessária no mundo dos negócios.

UNIPLACES

“Um bom pitch é fundamental. Saber o que dizer quando se tem um investidor à frente é importantíssimo”

4,1 milhões de euros de investimento captado

Mentores: Miguel Amaro (26 anos), Ben Grech (26 anos) e Mariano Kostelec (26 anos)

Área de atividade: Tecnologia e Inovação

Data de criação: 2011

Investimento inicial: 200 mil euros (Shilling e Startup Lisboa)

Faturação: 7 milhões de euros transacionados entre 2014 e 2015

Empregos criados: 125

TALKDESK

“Um projeto aliciante tem de ser baseado numa ideia de negócio sustentável que traga aos investidores retorno futuro”

18,6 milhões de dólares (cerca de 17 milhões de euros) de investimento captado

Mentores: Tiago Paiva (28 anos) e Cristina Fonseca (27 anos)

Área de atividade: Desenvolvimento de software para Call Center

Data de criação: 2011

Investimento inicial: 50 mil dólares (cerca de 45 mil euros)

Faturação anual: 10 milhões de dólares (cerca 9,1 milhões de euros)

Empregos criados: 70

UNBABEL

“Um mercado grande, de mais de 37 biliões de dólares anuais, numa indústria algo estagnada e pronta a ser ‘disrompida’ foram determinantes para captar investimento”

2,7 milhões de dólares (cerca de 2,4 milhões de euros) de investimento captado

Mentores: Vasco Pedro (38 anos), João Graça (36 anos), Sofia Pessanha (35 anos), Bruno Silva (41 anos) e Hugo Silva (22 anos)

Área de atividade: Serviço de Tradução automático que combina inteligência artificial e editores humanos

Data de criação: 2013

Investimento inicial: 1,5 milhões de dólares (cerca de 1,3 milhões de euros)

Faturação anual: Não divulga.

Empregos criados: 10

FEEDZAI 

“Importa postrar tração, ou seja, quantos clientes e a que valor se está a crescer”

26 milhões de dólares (cerca de 23 milhões de euros) de investimento captado

Mentores: Nuno Sebastião (37 anos), Paulo Marques (40 anos) e Pedro Bizarro (41 anos)

Área de atividade: FinTech

Data de criação: 2011

Investimento inicial: 1,4 milhões de euros

Faturação anual: 30 milhões de dólares

Empregos criados: 50

SEEDRS

“Todo o processo é mais simples quando se criam condições para que a empresa esteja hot quando estamos a levantar capital”

6,8 milhões de libras (cerca de 9,8 milhões de euros) de investimento captado

Mentores: Carlos Silva (35 anos) e Jeff Lynn (37 anos)

Área de atividade: Tecnológico-financeira (Fin Tech) Data de criação: 2012

Investimento inicial: 40 mil libras (cerca de 57 mil euros) de um business angel

Faturação anual: Não divulga.

Empregos criados: 31 (14 em Portugal e 17 em Londres)



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