Portugal tem desempenhado um papel relevante na expansão de um sector que, ainda que permaneça tipicamente masculino, é liderado a nível europeu por uma mulher. A portuguesa Luísa Coutinho, dirige a Fedração Europeia de Soldadura (EWF), a entidade europeia responsável pela certificação de profissionais na área da soldadura, que está sedeada em Portugal.
Em 2012, a Comissão Europeia como meta fazer crescer o sector de “Manufacturing” de 16% para 20% do PIB, durante a próxima década. Para Bruxelas, não há crescimento económico sem uma sólida base industrial e não há criação de emprego sem investimento neste sector. As tecnologias de ligação e a soldadura estão presentes em todos os setores de manufacturing e representam, segundo dados de um estudo conduzido por investigadores na Universidade de Böchum, 65 mil milhões de euros de turnover na Europa. Em média, a soldadura assegura a nível europeu 1,25 milhões de postos de trabalho. Em Portugal, 30 mil profissionais encontram emprego no sector. Segundo Luísa Coutinho, diretora-geral da European Federation of Welding, Joining and Cutting (EWF), o organismo europeu responsável pela certificação de profissionais na área da soldadura, o sector tem registado “um crescimento da empregabilidade, em Portugal e na Europa”, mas é necessário um esforço continuo na qualificação e certificação dos profissionais.
Luísa Coutinho é desde 2003 membro do Conselho de Administração do IIW – International Institute of Welding e lidera desde 1992 a European Welding, Joining and Cutting Federation (EWF), uma organização europeia que reúne mais de 30 membros que representam nos seus países as instituições referência nas áreas de Formação e Investigação e Desenvolvimento no sector da soldadura e tecnologias de ligação. “Pioneira na implementação de um sistema internacional harmonizado de qualificação e certificação para profissionais da área da soldadura, o EWF tem inovado em metodologias de formação no sector e no desenvolvimento de novas tecnologias e utilizações para a soldadura, através de novos projetos de investigação como o Flexi_Fab, WMFWeld e TailorWeld”, explica Luísa Coutinho que aponta este investimento como vital para o sector.
Apesar do crescimento da economia europeia ser relativamente baixo nos últimos anos, o EWF tem detetado, através do seu parceiro nacional, o Instituto de Soldadura e Qualidade (ISQ), “um aumento da procura do curso de Engenheiro Europeu de Soldadura, mesmo em tempo de crise”, explica a diretora que enfatiza que “muitos dos formandos procuram, através deste curso, arranjar emprego quer dentro quer fora de Portugal”. A par com o crescimento deste investimento individual nos cursos relacionados com a soldadura, a especialista dá também conta de um aumento do número de empresas que procuram o instituto para financiar a formação dos seus colaboradores. “Uma prova de que não só estamos perante um aumento da empregabilidade nesta área, como também tem existido um aumento da procura, por parte da indústria, de pessoal cada vez mais qualificado”, reforça Luísa Coutinho.
Trunfos que, lamenta a diretora do EWF, não são suficientes para atrair os jovens para a profissão. Luísa Coutinho reconhece que “a soldadura não é uma profissão apelativa oara os jovens. Está associada a ambientes industriais pouco acolhedores o que, hoje em dia, é uma ideia completamente errada”. Confirmando a existência de algum desconhecimento sobre as potencialidades de uma carreira associada à soldadura ou técnicas afins, Luísa Coutinho destaca a importância de mostrar aos jovens o potencial desta via profissional que possibilita carreiras nacionais e globais, como soldador mas também inspetor, engenheiro de soldadura e outras, onde as remunerações pode ser muito atrativas.
Apesar do quadro económico nacional, Portugal tem vindo a somar uma dinâmica crescente na procura de profissionais qualificados neste sector. “A crescente procura de formação e qualificação em engenharia de soldadura EWE, tem levado a escola de formação do ISQ a duplicar o número de cursos anuais”, explica a diretora. Mas além de Portugal, as oportunidades crescem também noutros países. “Atualmente o país europeu com maior número de empregados nesta área é a Alemanha, com cerca de 333 mil empregados, seguido de países como a Itália, com 211 mil e França, com 103 mil”, especifica Luísa Coutinho adiantando que qualquer um destes países já começa a debater-se com dificuldades em encontrar no mercado interno mão-de-obra qualificada de modo a responderem às suas necessidades industriais. Muitos países, confirma
Luísa Coutinho, “têm vindo a contratar profissionais noutros países europeus, sendo Portugal bastante procurado”.
Na mira de Luísa Coutinho está a captação de um número crescente de jovens para este sector, mas também a sua qualificação. Entre as missões que assumiu como determinantes na liderança do organismo europeu que lidera, a portuguesa, engenheira mecânica de formação, quer potenciar uma formação profissional de qualidade crescente, com novas metodologias e boas práticas ou não fosse a meta expandir um sector com forte potencial de empregabilidade.