No futuro não se contratarão pessoas, mas sim competências, experiência e tempo. Esta é uma das principais conclusões alcançadas pela investigação mundial da Lukap. Segundo a empresa especializada em transições de carreira, “as contratações serão instantâneas e intermitentes. As empresas exigirão para isso contratos mais dinâmicos e simples”. A questão é: estaremos preparados?
Com base numa investigação em 20 países que envolveu a análise de 6000 profissionais em busca de emprego e recrutadores, a Lukap alcançou uma projeção do mercado de trabalho no futuro de onde ressaltam, entre as diversas conclusões, uma de grande relevância: “no futuro, procurar-se-á vincular rapidamente colaboradores e projetos, os medias sociais permitirão monitorizar em tempo real competências, interesses e motivações, dentro e fora da empresa”. Segundo o estudo, “o mercado laboral atual é o mundo e a situação ibérica, em particular, exige uma profunda transformação e adaptação às novas tendências de recursos humanos que já estão a dar bons resultados noutros países”.
Cada vez mais, o capital humano é uma fonte de vantagem competitiva para as empresas, um elemento que marca a diferença. “O talento atrai mais talento”, defende a Lukap no seu estudo adiantando que a tendência de futuro é “convertermos os colaboradores da empresa nos melhores embaixadores da nossa marca”. Para os profissionais os desafios serão ainda maiores. A tendência aponta para que ao mesmo tempo que as empresas se adaptarão de forma muito customizada a cada colaborador e às diferentes gerações de colaboradores, os profissionais passem a ser responsáveis por gerir a sua própria carreira profissional. Em cima da mesa estarão planos de retribuição à medida (por hora, por valor, por projeto, por tarefa). Planos capazes de se adaptarem, de modo flexível ao ciclo de vida de cada profissional.
A Era da Geração do Milénio, voltada para as tecnologias e internacionalização, está a gerar profundas mudanças no mercado de trabalho, mas à luz das principais conclusões deste estudo, os desafios serão ainda maiores, logo a começar pela forma como as empresas captam talento. Na era do Recruiting 2.0, onde as redes sociais desempenham um papel vital, expressões como Buzz Talent, ganham cada vez mais importância. “No futuro, os colaboradores ajudar-nos-ão mais do que nunca a selecionar os seus futuros chefes, colegas e subordinados”. As relações laborais também vão mudar. “No futuro não se contratarão pessoas, contratar-se-ão competências”, os futuros departamentos de RH gerirão o ciclo de vida do colaborador (employee life cycle) e oferecerão compensações e condições laborais específicas para cada momento vital da sua vida, fomentando relações sustentadas no tempo.
Os salários, defende a Lukap, enfrentarão novas balizas com o aparecimento daquilo que a empresa classifica como “uma nova geração de salários que dá prioridade à relevância das tarefas e ao tempo dedicado a cada uma, permitindo ao colaborador organizar o seu dia e o seu salário, à medida das suas preferências profissionais”. Um cenário que evolui à medida que também muda a produtividade dos colaboradores e o investimento da empresa no estímulo ao bom desempenho. “Os escritórios do século XXI adaptar-se-ão ao contexto de tarefa e ao momento do dia, oferecendo espaços multiuso (smart work-places)”, enfatizam as conclusões do estudo. As novas tecnologias permitirão também aos colaboradores interagir e colaborar a partir de qualquer parte do mundo. “Os RH terão de ensinar a trabalhar neste ambiente virtual, pelo que deverão ser os primeiros a adotá-las”, aconselha a Lukap. A gestão do tempo será outro foco de extrema relevância do emprego do futuro. Caberá às empresas ensinar os seus colaboradores a tirar o máximo partido do seu tempo, pondo à sua disposição técnicas, dispositivos e aplicações de coaching.
As conclusões do estudo da Lukap chamam ainda a atenção para as questões do engagement e desenvolvimento dos profissionais, bem como a desvinculação. “Uma maior competência e exigência por parte dos candidatos levará a uma especialização dos programas por objetivo profissional ou sector”, deteta o estudo enfatizando que a procura de oportunidades noutros países dará lugar a uma nova geração de programas de outplacement, com módulos no estrangeiro e um networking internacional.
Com a realização deste estudo, a Lukap quis “facilitar a adaptação dos indivíduos e das organizações à novas tendências, tornando possível a inserção no mercado laboral de profissionais na procura, no crescimento profissional e na compreensão do novo ambiente empresarial”. A empresa procura assim demonstrar que o novo paradigma social gera novas formas de emprego e taxas de recolocação elevadas, “quando se amplia a mobilidade regional, se trabalha de forma intensiva na procura de emprego e se é capaz de se reciclar profissionalmente”.