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Sociedades disputam talentos do Direito

Sociedades disputam talentos do Direito

Atrair os melhores passou a ser a grande prioridade das sociedades de advogados. Longe vão os tempos em que as oportunidades de estágio iam para os familiares ou amigos dos sócios. A profissionalização do recrutamento há muito já chegou à área do Direito e hoje, a concorrência entre as sociedades para captar os melhores estagiários começa logo nas faculdades e com quase um ano de antecedência.

13.09.2013 | Por Cátia Mateus


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Procuram futuros sócios nos estagiários que contratam e não deixam espaço para amadorismos sempre que recrutam um jovem advogado. Para detetarem e atraírem os melhores talentos para as suas equipas, as sociedades de advogados conduzem anualmente exigentes e rigorosos processos de seleção. Para carimbar o passaporte e estagiar nas mais reputadas sociedades nacionais, os jovens estagiários têm não só de ser tecnicamente bons nos chamados pilares do Direito, como também reunir um conjunto de soft skills hoje basilares para o exercício da profissão. Detetar estes perfis e escolher o melhor entre os melhores, é um processo exaustivo e moroso que as sociedades iniciam com um ano de antecedência e que e que já levou muitos escritórios a criarem internamente, departamentos específicos para liderar estes processos. Na mesma semana em que recebem novos estagiários, as sociedades nacionais já preparam a seleção dos que irão chegar em setembro de 2014.

A PLMJ recebe na próxima semana os 12 estagiários que selecionou em fevereiro para o estágio profissional deste ano que agora se inicia. Há um mês atrás integrou na sua estrutura como advogados, 15 jovens profissionais que nos concluíram o seu estágio. A conta pode parecer simples, mas a seleção destes candidatos têm um longo, rigoroso e exigente processo por trás, liderado pela Comissão de Estágios que a sociedade criou para o efeito. “No atual contexto, um escritório não sobrevive se os seus estagiários são os filhos dos amigos ou familiares dos sócios e dos clientes”, explica Tiago Duarte, sócio da PLMJ e coordenador da Comissão de Estágios da sociedade também formada por Rita Alarcão Júdice e Raquel Ribeiro Correia. Para líder da comissão reconhece a enorme mudança e profissionalização que o recrutamento de advogados registou nos últimos anos. A PLMJ recebe em média 10 a 13 estagiários a cada ano. O processo de candidaturas tem início em Dezembro e está concluído em fevereiro, altura em que são conhecidos os estagiários que iniciarão o seu estágio em setembro desse ano. Neste processo, a comissão conta com a colaboração da FIND, uma empresa especializada no recrutamento de advogados e assessores jurídicos (ver caixa). 

Comissão e FIND estão em perfeita sintonia no que toca a requisitos. “Nós escolhemos estagiários que possam vir a ser os sócios de amanhã, mas escolhemos sobretudo pessoas que possam formar grupos de trabalho de excelência”, explica Rita Alarcão Júdice. A sociedade privilegia uma boa média e um percurso académico consistente e valoriza candidatos que tenham conseguido conciliar o estudo com outras atividades. “Na PLMJ os alunos que concluem o quarto ano são elegíveis para virem realizar o estágio de verão, com duração de quatro semanas, mas para o estágio profissional só recrutamos alunos com a parte curricular do mestrado concluída, o equivalente ao antigo quinto ano de licenciatura”, esclarece Raquel Ribeiro Correia.

Com base neste perfil, a FIND realiza uma primeira triagem dos candidatos entre largas centenas de currículos, filtrando e selecionando 60 para a comissão da PLMJ entrevistar. Desses, a sociedade escolhe dez para um estágios de três anos que os levará a percorrer três áreas de prática e que no final, em função da sua prestação, poderá conduzir a um convite para integrar a sociedade. A grande maioria fica na PLMJ.

A sociedade Vieira de Almeida (VdA) conduz um processo semelhante. Em média entram no escritório da VdA 15 estagiários por ano, mas este ano a empresa somará 17 jovens advogados. Susana Almeida Lopes, diretora de Recursos Humanos da Sociedade, explica que a VdA privilegia o crescimento orgânico e recruta diretamente nas universidades. A sociedade criou internamente a VdAcademia, a associação certificada em formação jurídica que promove atividades de formação e desenvolvimento, incentivo à investigação e aproximação entre o mundo académico e profissional. “Os estágios de verão que desenvolvemos em parceria com o BES são uma fonte de recrutamento importante, dado que cerca de 50% dos estagiários regressam ao escritório para realizarem o estágio profissional”, explica a diretora. A sociedade desenvolve ainda diversos projetos formativos que abrangem alunos das licenciaturas em Direito, como a VdAcademia Spring School que durante uma semana trabalha com os apirantes a advogados as suas softskills. O recrutamento dos estagiários que integram a firma anualmente tem início em Novembro, altura em que abre o período de candidaturas. A VdA opta por manter o processo aberto durante todo o ano de modo a não perder potenciais talentos. “Procuramos selecionar estagiários e advogados com uma sólida base em termos de conhecimentos técnicos. Alguns requisitos incluem a iniversidade de origem, a média de licenciatura e a fluência em inglês. Valorizamos a realização de mestrado, L.LM ou outras formações pós-graduadas relevantes”, explica Susana Almeida Lopes. Espírito de equipa, raciocínio analítico, criatividade, empenho, rigor e procura de desenvolvimento profissional contínuo compõem a lista de requisitos da sociedade na hora de contratar.

Com menor dimensão, a Sérvulo & Associados recruta em média três estagiários a cada ano. Este ano terá cinco. Lino Torgal, managing partner da sociedade, enfatiza as prioridades da firma: “a nossa política sempre foi recrutar jovens advogados com a perpetiva de oferecer-lhes formação e permitir que venham a ingressar, de forma duradoura, na sociedade”. A Sérvulo recruta em função das necessidades de cada área de prática e “a sua forte ligação académica permite-lhe detetar e reter o melhor talento não só à saída da universidade como durante as licenciaturas, através de protocolos que mantemos com as várias faculdades de Direito”. O processo de recrutamento da firma está concentrado no seu site e as candidaturas decorrem entre outubro e dezembro. “No primeiro trimestre do ano são feitas as entrevistas e em abril o processo está praticamente fechado”, explica Lino Torgal. Bases sólidas de conhecimentos jurídicos, domínio de línguas estrangeiras e softskills são essenciais para entrar na sociedade.

Mas quais são afinal as softskills que hoje se exigem a um advogado? Para Filipa Mendes Pinto, sócia da FIND, “a evolução sofrida no mercado da advocacia em Portugal, veio exigir o desenvolvimento de determinadas competências outrora menos valorizadas”. Segundo a especialista, “o advogado já não pode ser apenas um conhecedor do Direito que, com os seus argumentos, esgrime uma solução para o problema do seu cliente”. Hoje, os advogados têm, desde o início da sua carreira, de ser profissionais completos. “A par dos inquestionáveis conhecimentos técnicos, o advogado tem de ser um bom gestor de pessoas, exibindo capacidades de interação positiva quer com clientes quer com colegas (sejam, ou não, do seu escritório, e sejam mais ou menos seniores), um bom gestor de tempo e prioridades e um eficiente negociador, na defesa dos interesses do seu cliente”, conclui.
 
Rigor e especialização nas contratações

A ausência, em 2004, de um tratamento personalizado do recrutamento na área do Direito foi o pontapé de partida para a criação da FIND, a empresa especializada no recrutamento de advogados e juristas. Nove anos depois, o projeto de Filipa Mendes Pinto e Maria Brito de Goes ganhou escala e a empresa é hoje parceira de algumas das principais sociedades de advogados nos seus processos de seleção e deteção de talentos.

A forma de recrutar na área do Direito mudou nos últimos anos e hoje o sector coloca nas contratações um elevado grau de rigor e excelência. “Na altura, as sociedades de advogados estavam em contínuo processo de crescimento, mas mantinham hábitos antigos de recrutamento por conhecimento, o que já não se mostrava compatível com a sua dimensão, mas também com a especialização dos conhecimentos que aquele desenvolvimento exigia”, relembra Filipa Mendes Pinto. Hoje, o cenário é distinto. Grandes sociedades e empresas, que também figuram entre os clientes da FIND, procuram atualmente talento. “A especial sensibilidade do momento que atravessamos e em particular a imprevisibilidade que o mesmo transporta para o futuro, têm por consequência a necessidade de um acrescido rigor e objetividade em qualquer processo de recrutamento”, explica Filipa Pinto acrescentando que “as prioridades tendem a focar-se no candidato como um todo e no potencial que encerra relativamente à sua carreira dentro da sociedade e não apenas na sua expertise na área A ou B”.

Talento académico capaz de conferir consistentes conhecimentos técnicos (os chamados pilares do Direito), capacidade de investigação, atenção ao mundo mantendo-se atualizado nas áreas da economia, política ou cultura, fluência em línguas estrangeiras e uma permanente capacidade para absorver novas aprendizagens, são hoje competências-chave essenciais a quem queira consolidar uma carreira como advogado. A par com estas exigências, Filipa Mendes Pinto destaca a importância que as sociedades atribuem a um advogado com um perfil empreendedor, atitude confiante e disponível, capaz de gerir bem o tempo e as prioridades, com elevado sentido de compromisso, espírito de equipa e resiliência.



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