EM PORTUGAL, a taxa de adesão aos sindicatos cresceu 1,3% entre
1993 e 2003. Este é o resultado em destaque num recente estudo
sobre o panorama sindical da UE elaborado pelo Observatório Europeu
das Relações Industriais.
De acordo com Afonso Diz, presidente da União de Sindicatos Independentes
(USI), a subida das filiações sindicais deve-se, em parte,
ao facto de a partir do ano 2000, com a recessão mundial e o
Governo português a gastar muito acima das receitas, o desemprego
começar a desenhar-se no horizonte.
"Com as medidas decretadas para a função pública
- como a proibição de novas admissões e a não
substituição dos reformados, por exemplo -, originou-se
uma corrida à filiação nos sindicatos da função
pública", explica aquele responsável.
Outro factor que contribuiu para a maior adesão às organizações
sindicais foi a deslocalização e o encerramento de empresas
no sector privado. "Os sindicatos em ambos os casos foram encarados
como possíveis garantes dos postos de trabalho e daí o
aumento da filiação sindical verificado", refere
Afonso Diz.
Segundo João Paulo, membro da Comissão Executiva da CGTP-IN,
as análises à sindicalização realizadas
por aquela entidade revelam nos últimos anos uma estabilização
da sindicalização.
"Com ligeiras oscilações, os trabalhadores que
se sindicalizam, compensam as saídas dos sindicatos originadas
pelos despedimentos e pelas reformas. Por isso, não nos surpreende
o resultado do estudo que indica um aumento de sindicalização",
refere.
"Mais do que a crise ou as admissões na Administração
Pública, é a busca da segurança e da protecção
proporcionada pelos sindicatos aos trabalhadores o que os motiva a sindicalizarem-se",
refere aquele dirigente sindical.
Afonso Diz acrescenta que a profusão de novos sindicatos também
tem contribuído para o crescimento dos sindicalizados. "Os
sindicatos profissionais estão mais próximos dos problemas
dos trabalhadores - são mais realistas e no diálogo com
a entidade patronal avançam com soluções de compromisso",
remata aquele responsável.