Cátia Mateus
        
         A SUA FORMAÇÃO académica passa longe 
        das artes, mas na altura da decisão Carla Alvarenga não 
        hesitou em deixar a informática de lado para se dedicar em exclusivo 
        ao mundo artístico. O emprego numa multinacional americana ligada 
        às tecnologias de informação ficou para trás 
        e a empreendedora deu corpo à sua eterna paixão: a arte.
      
    
    
      
      
    
  
  
  
  
     
       
        
          Há três anos decidiu dedicar-se em exclusivo à concepção 
          do projecto empresarial que abriu caminho à criação 
          da BelourArte Gallery. Sem pudores, confessa-se uma profissional realizada 
          mas não nega que "não é fácil lançar 
          uma galeria de arte em Portugal".
          
          Os últimos anos foram de crise económica no país. 
          E se por si só apostar na arte já é um risco, em 
          conjunturas menos benéficas é preciso uma boa dose de 
          coragem e acreditar muito no projecto onde vai investir. Requisitos 
          que não faltaram a Carla Alvarenga. 
          
          Depois de vários anos de formação - divididos entre 
          os Estados Unidos da América e Portugal - e uma experiência 
          profissional centrada nas novas tecnológicas, a empreendedora 
          resolveu não deixar por terra o talento artístico que 
          desenvolveu de forma autodidacta.
          
          Abandonou o seu trabalho e tirou dois anos para se dedicar à 
          família, aperfeiçoar a sua técnica artística 
          e estruturar o negócio. O ano de 2003 marcou a entrada em actividade 
          da galeria BelourArte. 
          
          Para trás ficavam 75 mil euros de investimento e a empreendedora 
          confessa nunca ter duvidado das potencialidades do seu projecto já 
          que, como refere, "temos um mercado aberto para os apreciadores 
          e para todos aqueles que gostam de investir em arte". 
          
          A empresária Carla Alvarenga define a sua galeria como "um 
          espaço de encontro aberto aos nomes mais conceituados das Artes 
          Plásticas nacionais e estrangeiras, com particular vocação 
          para apresentar novos valores da comunidade artística". 
          
          
          A concepção do projecto resultou da experiência 
          acumulada pela empreendedora ao longo das suas inúmeras viagens 
          que sempre aproveitou para descobrir novos conceitos de museus e galerias 
          de arte.
          
          Encarando as obras de arte como um investimento alternativo - "num 
          país que tem alguns artistas contemporâneos com boa valorização 
          em termos de mercado" - Carla Alvarenga não nega contudo 
          que quem decide apostar nesta área terá de se preparar 
          para enfrentar algumas dificuldades.
          
          Criada há menos de um ano, a empresa que lidera ainda não 
          recuperou a totalidade do investimento - o que deverá até 
          ao final do ano - mas "reúne já uma vasta carteira 
          de clientes que tem conseguido fidelizar". 
          
          Contudo, apesar de encarar a criação da BelouArte como 
          "uma aposta muito ponderada e bem sucedida", a empreendedora 
          lamenta as dificuldades de lançar no mercado uma galeria de arte. 
          
          
          "Por maior que seja a qualidade do projecto e do trabalho desenvolvido, 
          há obstáculos muito difíceis de ultrapassar nomeadamente 
          ao nível da divulgação junto do público", 
          explica. 
          
          A empresária adianta que "os órgãos que 
          divulgam iniciativas ligadas à arte continuam presos às 
          acções desenvolvidas por espaços já conceituados, 
          dando pouca oportunidade a novas galerias".
          
          Uma realidade que não desmotivou a empreendedora para quem a 
          grande meta quotidiana é "fazer da BelourArte um espaço 
          de referência enquanto galeria de arte, na área da grande 
          Lisboa". 
          
          Ainda em fase de conquista de mercado, o projecto de Carla Alvarenga 
          foi gerado sem recurso a qualquer subsídio e empresa, a título 
          permanente, duas pessoas. A empreendedora não prevê a diversificação 
          da actividade para outras áreas, nem a entrada de novos parceiros 
          para o projecto. Ainda assim, não fecha as portas a parcerias 
          ao nível do desenvolvimento de acções e organização 
          de eventos ligados à cultura.
          
          Coragem, persistência e a lucidez necessária para saber 
          tomar as decisões certas no momento exacto são os lemas 
          quotidianos de uma empresária que reconhece as dificuldades que 
          se impõem no dia-a-dia de uma micro-empresa em Portugal.
          
          BI EMPRESARIAL
        Empresa: BelourArte Gallery
          Localidade: Quinta da Beloura, Linhó, Sintra
          Área de actividade: Organização de exposições 
          
          e mostras artísticas ao nível das artes plásticas 
          nacionais e estrangeiras
          Ano de Criação: 2003
          Fundadora: Carla Alvarenga
          Idade da fundadora: 38 anos
          Formação académica: Licenciada em Informática, 
          carreira que abandonou para se dedicar em exclusivo à arte
          Investimento inicial: Cerca de 75 mil euros
          Postos de trabalho criados: dois em regime permanente