A SAP elegeu Portugal para consolidar um inovador Centro de Serviços que ligará a multinacional tecnológica de origem alemã, especializada no desenvolvimento de software de gestão, a clientes de 22 países. A nova estrutura representa um valor de vários milhões de euros em território nacional. Números que a empresa prefere não tornar públicos, ao contrário das suas previsões de contratação. Para já a SAP quer recrutar 100, mas em três anos a tecnológica terá criado 300 novos postos de trabalho num país que precisa de boas notícias.
A tecnológica alemã está em Portugal desde 1993, contando com uma centena de colaboradores na sua sede nacional em Porto Salvo, Oeiras, a partir da qual disponibiliza soluções de software de gestão a mais de 2500 empresas, na sua maioria PME. Contrariando a crise, a empresa alcançou no ano passado em termos globais os melhores resultados das últimas quatro décadas com receitas que superaram os 14 mil milhões de euros. Um crescimento muito sustentado nos mercados emergentes, mas que não deixa de lado Portugal.
Foi em terras lusas que a multinacional escolheu sediar o seu novo centro e é nos profissionais portugueses que está decidida a investir. O novo Centro de Serviços da SAP já garantiu a contratação de 41 colaboradores. Até ao final do ano a conta será arredondada para os 100. “São empregos altamente qualificados”, explica Paulo Carvalho, o diretor geral da empresa, adiantando que a tecnológica está claramente a apostar em novos licenciados e jovens, uma grande percentegem sem experiência profissional e à procura do primeiro emprego. A empresa contará com as principais universidades nacionais com formação na área da engenharia informática e tecnológica para assegurar as suas necessidades de recursos humanos e embora a maior fasquia dos profissionais a recrutar seja, preferencialmente, de origem nacional o diretor geral não coloca de lado a hipótese contratar pontualmente alguns quadros estrangeiros qualificados.
Segundo Paulo Carvalho, a plano de expansão da empresa prevê a contratação de 300 novos colaboradores em três anos, “embora a confirmação deste número dependa da evolução do tipo de projetos ao longo do tempo”, esclarece. O que é certo é que estes profissionais serão todos contratados com um vínculo sem termo.
Oportunidades para consultores
A empresa quer recrutar consultores na área da engenharia, especializados em business intelligence ou computação in memory, para dar resposta e apoio aos clientes que tem espalhados pela Europa, Médio Oriente e África. Mais de 90% do trabalho deste centro - que é um dos dois existentes na Europa, sendo que o da Roménia já arrancou - é para exportação de serviços. Para o gestor a aposta da empresa na expansão nacional e na minimização da situação de desemprego que afeta os portugueses, com enfoque alarmante nos jovens, é clara e de revelo. “No final deste ano a SAP já terá duplicado o seu número de trabalhadores em território nacional e isso espelha o grau de compromisso que a empresa tem com o mercado nacional”. Um compromisso que Paulo carvalho diz estar bem patente na opção de sediar no país o novo centro apesar da atual conjuntura económica.
O líder nacional da tecnológica de origem alemã não nega que nenhum negócio é imune à crise, mas esclarece que o ano tem corrido bem à SAP Portugal, à semelhança do que têm sido também a evolução e os resultados da empresa a nível internacional. A entrada de novos clientes na empresa parece sustentar este momento favorável que a SAP atravessa. O seu volume de negócios em Portugal subiu 4% no ano passado face a 2010, totalizando 54, 5 milhões de euros. Os projetos de apoio à expansão e internacionalização de empresas portuguesas representam quase 40% das receitas totais da tecnológica de soluções empresariais. A faturação no sector de software e serviços também cresceu, segundo Paulo Carvalho, cerca de 13%. Os novos clientes representaram 26% dos contratos celebrados pela empresa em 2011.
Resultados para os quais terá sido decisiva a motivação e o esforço coletivo da equipa SAP em território nacional. Uma equipa que Paulo Carvalho quer agora reforçar com profissionais de peso, com talento, formação de qualidade e altamente motivados. Até porque o país sido uma fonte de engenheiros para empresas internacionais que há muito detetaram a sua qualidade e o mérito das universidades que os formam. É preciso também que reforcem os cetros de competência nacionais, a bem da competitividade económica e da recuperação nacional.
Soluções tecnológicas que geram emprego
As soluções tecnológicas SAP parecem ser sinónimo de oportunidade e criação de emprego. A ROFF, consultora do grupo Reditus, tem desenvolvido a sua atividade com base em soluções tecnológicas da multinacional alemã SAP. Em 2009 criou o seu Centro de Desenvolvimento de Software - SAP Development Factory (SDF), com o objetivo não só de responder à crescente procura destas soluções no mercado português, mas sobretudo ao aumento de projetos internacionais através do regime de proximidade geográfica - nearshoring.
A ROFF desenvolve hoje projetos para um conjunto de empresas internacionais a partir da Covilhã, garantindo a empregabilidade a um número crescente de recém-licenciados da Universidade da Beira Interior (UBI). A unidade da ROFF na Covilhã, funciona em articulação um outro centro instalado em Lisboa e soma já três anos, com um total de 38 colaboradores. A ROFF está atualmente a analisar eventuais contratações para o segundo semestre de 2012, sendo de prever que o recrutamento venha a incidir nas áreas da engenharia informática e da informática de gestão, segundo revela a empresa.
No momento da contratação, a ROFF dá prioridade a recém-licenciados qualificados e motivados para atingir a sua valorização pessoal e, consequentemente, o sucesso dos clientes da empresa. “A maioria dos colaboradores do centro da Covilhã são provenientes da UBI e a parceria com a instituição tem sido fundamental para a captação de recém-licenciados em engenharia informática, que desta forma têm também acesso a programas de formação com consultores experientes e, mais tarde, a possibilidade de integrar os quadros da empresa”, explica Ricardo Lopes, manager do SDF. Em 2011, a ROFF reportou um volume de negócios de 42 milhões de euros, 57% provêm de projetos internacionais. A Covilhã faturou dois milhões de euros, mostrando a importância da estrutura para uma região ainda afetada pela interioridade em matéria de emprego.