Os salários associados às funções da gestão de risco nas instituições financeiras aumentaram no ultimo ano, mas prossegue a tendência de redução do peso dos incentivos de curto-prazo nos pacotes de remuneração nesta área de atividade. A análise é sustentada pelo estudo Pan-European Financial Services Executive Remuneration Survey , realizado pela consultora Mercer, segundo o qual “a redução destes incentivos tem sido acompanhada pelo aumento do salário base e pelo incremento do uso de esquemas de compensação diferidos e dos incentivos a longo prazo”, esclarece a Mercer.
Cerca de 73% das organizações aumentaram os salários dos colaboradores ligados à auditoria e riscos internos. Segundo as conclusões agora divulgadas pela Mercer a tendência é para continuar, apesar da conjuntura económica. “Em 2011, a maioria das organizações estudadas aumentará as remunerações na habitual revisão salarial anual, com um aumento médio de 2,5%”, avança o estudo. Nos últimos dois anos, quase todas as organizações financeiras procederam a alterações nos seus programas de compensação e medidas de desempenho, tendo introduzido mais recentemente os planos de pagamento diferido obrigatório.
Segundo a Mercer, “no futuro, as organizações esperam desenhar os seus planos diferidos de acordo com as exigências das novas regulações e um terço das empresas inquiridas neste estudo planeiam adaptar ou introduzir acordos de clawback e bónus-malus ”. A consultora revela ainda que 30% das organizações preveem um aumento do bónus em 2011 face ao ano anterior, enquanto 60% não esperam qualquer alteração.
O estudo da Mercer indicia também que “a introdução de modos de compensação diferida torna o sistema de bónus numa ferramenta mais eficaz para alinhar os pagamentos de prémios com horizonte temporal de riscos” e avança que “a tendência de mudar dos planos de pensões de benefício definido para os planos de pensões de contribuição definida, é uma realidade”.
Em matéria de posições de chefia, o relatório demonstra que em 2009 e 2010 o aumento médio dos quadros superiores do setor financeiro rondou os 2%, espelhando constrangimentos de muitos setores da economia global. Contudo, segundo a Mercer, “os cargos de responsabilidade na área do controlo interno do setor financeiro receberam aumentos salariais significativos, tendo por exemplo os diretores de risco recebido aumentos na ordem dos 5%”. A consultora revela ainda que 50% das organizações financeiras prevê expandir os aumentos salariais a outras funções.
Comparativamente a 2008, a proporção do salário base e dos incentivos a longo-prazo de um colaborador aumentou durante 2010, tendo diminuído os bónus anuais como resposta direta à pressão exercida pelas entidades reguladoras. “Se considerarmos os C-Suite – os cargos mais altos numa empresa – em 2008 teriam recebido 25% da sua remuneração em salário base, 40% em incentivos de curto prazo e os restantes 35% na forma de incentivos a longo-prazo. A situação alterou-se significativamente em 2009, com 60% dos executivos a não receberem quaisquer bónus anuais”, revela o estudo.
Nos CEO, a mudança do mix das remuneração também é evidente. A proporção dos incentivos a longo prazo passou de36% em 2008 para 46%, em 2010, e o peso do bónus anual caiu de 39% em 2008 para 23%, em 2010. A Mercer concluiu também que apesar dos recentes esforços da industria para aumentar o salário base, o setor da banca é bastante diferente do setor segurador no que diz respeito à estrutura dos pacotes de remunerações. “Uma comparação dos dados entre os dois setores demonstra que enquanto a banca está a alterar o mix das remunerações a favor do aumento do salário base e dos incentivos a longo-prazo, o setor segurador já não dá tanta ênfase aos incentivos a curto-prazo, em termos proporcionais”, conclui.