Para colmatar essa lacuna, a Universidade de Coimbra prepara-se para lançar, em parceria com a tecnológica ITGrow, um programa de formação profissional – o Acertar o Rumo - que visa capacitar jovens qualificados em áreas marginais ao IT, para uma carreira no mundo tecnológico.
Cerca de 86% das empresas de Tecnologias de Informação (TI) a operar no mercado nacional pretendem recrutar novos colaboradores até ao final do ano, segundo um inquérito realizado pela consultora de recrutamento Hays e divulgado esta semana. A maior aposta nas novas contratações incidirá sobre os programadores (42%), analistas-programadores (34%) e consultores funcionais (16%). Mas para qualquer um destes perfis, há dificuldades de contratação. Segundo a Hays, “78% dos empregadores do sector das TI afirmam que há uma escassez de profissionais desta área em Portugal que se prende sobretudo com a falta de experiência, fuga de talentos para o estrangeiro e desadequação dos cursos superiores relativamente às necessidades das empresas”. A Universidade de Coimbra reconhece este desequilíbrio e para o minimizar, uniu-se à tecnológica ITGrow na meta de criar um programa de formação que permitisse reconverter profissionalmente para as TI, licenciados de outras áreas com maiores taxas de desemprego. O Acertar o Rumo inicia este ano a sua primeira edição.
Realinhar a trajetória profissional de inúmeros licenciados em áreas de menor empregabilidade é a grande ambição do programa conjunto da Universidade de Coimbra e da ITGrow. “O Acertar o Rumo é um programa de formação profissional que tem como objetivo desenvolver competências técnicas de programação informática em licenciados com dificuldade de encontrar emprego nas suas áreas de formação original, e que revelem as competências adequadas à área das TI“, explica João Gabriel Silva, reitor da Universidade de Coimbra. Para o reitor, “apesar da crise, continua a existir bastante falta de profissionais de qualidade nesta área, no mercado”. Por isso, o líder na Universidade de Coimbra, acredita que “os que tiverem sucesso neste curso conseguirão emprego sem grande dificuldade e o número de empresas que já se associaram ao programa mostra isso mesmo”.
Promovido em parceria com a tecnológica ITGrow, o Acertar o Rumo conta já com mais de 12 empresas associadas, com implantação nacional que se comprometem a receber os 25 formandos que integrarão a primeira edição deste curso. Critical Software, banco BPI, ISA, Present Techonologies e muitas outras servirão de primeiro palco para a aplicação dos conhecimentos adquiridos na formação pelos candidatos. “O papel dessas empresas é essencial porque garante a componente de formação on-the-job, abre as portas do mercado de trabalho aos formandos e dá-lhes a possibilidade de pagarem o empréstimo que possam ter contraído para completar a formação”, explica o reitor.
Frequentar o Acertar o Rumo, exige aos alunos uma propina no valor de 2850 euros, uma vez que o programa não tem qualquer financiamento público. Um valor que pode ser desencorajador no atual cenário, mas que João Gabriel Silva classifica como “relevante” para o sucesso do programa, uma vez que assegura que os candidatos estejam “fortemente comprometidos com o seu futuro, dispostos a investirem na sua formação profissional para criarem oportunidades de emprego e promoverem a sua carreira”. O reitor da UC acrescenta ainda que “o aluno começa a ser remunerado ainda durante o programa, na fase do estágio profissional”.
O Acertar o Rumo não confere grau de licenciatura ou mestrado, mas quem o frequentar terá direito a um diploma da UC e à possibilidade de ter acesso a equivalência em créditos às disciplinas frequentadas à Licenciatura em Engenharia Informática do Departamento de Engenharia Informática da instituição. Com as candidaturas a decorrer até ao final de julho, o programa tem como público-alvo pessoas com curso superior, com base forte de raciocínio lógico e matemático (preferencialmente engenharia, matemática, física ou economia) que pretendam redirecionar a sua carreira para a área das TI. “O Acertar o Rumo procura pessoas motivadas para as tarefas de um técnico de programação, dispostas a investir na sua formação para aumentar as suas oportunidades de emprego em Portugal”, explica o reitor adiantando que “o programa não tem qualquer restrição etária, geográfica ou outras” 8ver caixa).
Para Catarina Fonseca, general manager da ITGrow, o programa é uma resposta clara às necessidades da empresa na meta de recrutar programadores informáticos e às dificuldades sentidas no alcançar desta meta. “Contrariando o que se passa noutros setores, o mercado das tecnologias de informação continua em crescimento pelo que Portugal deve saber apoiar a competitividade deste mercado contribuindo, nomeadamente, com a formação de recursos com as competências-alvo necessárias”, explica a general manager reforçando a relevância do programa para o país, uma vez que permite “valorizar os recursos nacionais na área das TI e requalificar em função da empregabilidade e das necessidades do mercado, abrindo novas oportunidades de carreira”.
Acertar o Rumo para o emprego
A primeira edição do programa Acertar o Rumo tem disponíveis 25 vagas para licenciados de áreas fora do universo tecnológico. O programa tem uma abrangência nacional, ainda que a componente letiva decorra nas instalações da Universidade de Coimbra e contempla duas fases: Formação (com duração de 10 meses) e Consolidação nas Empresas (componente de estágio profissional com 12 meses de duração). “Durante os primeiros dez meses, o formando será imerso num curso intensivo, rigoroso e exigente, promovido por docentes da Universidade de Coimbra, totalmente focado nas técnicas de programação em Java”, explica o reitor. De acordo com o responsável, os conhecimentos adquiridos nesta fase são posteriormente colocados em prática, em contexto de projetos reais, com o acompanhamento de profissionais da área e um orientador da UC. Para João Gabriel Silva, o reito, “o valor distintivo do Acertar o Rumo reside precisamente no complemento da formação académica com uma componente de treino de competências on-the-job que possibilita o inicio efetivo de uma carreira profissional na área das TI.
Neste projeto, a ITGrow incorpora a sua experiência no recrutamento, seleção e integração de colaboradores inexperientes em projetos de desenvolvimento de software, complementando as necessidades específicas de qualificação profissional neste segmento de mercado. Programadores, analistas-programadores, gestores de projecto, arquitectos de soluções, administradores de bases de dados e administradores de sistemas, figuram na lista da Hays como os perfis mais dificeis de encontrar. Uma dificuldade que o programa conjunto da UC e da ITGrow poderá ajudar a minimizar. As candidaturas para a primeira edição do programa decorrem até final de julho.