Com menor sentimento de valorização do que os profissionais portugueses só mesmo os italianos. Segundo os resultados do inquérito Kelly Global Workforce, apenas 26% dos quase 13 mil profissionais portugueses inquiridos se sentem valorizados pelos seus empregadores. Um valor que se encontra bastante abaixo da média do estudo, situada nos 41%.
No graú de compromisso com os empregadores os portugueses também não marcam pontos. “Portugal encontra-se também aquém da média global (41%) no que respeita ao compromisso para com a função atual, uma preocupação apenas presente entre 19% dos profissionais em Portugal”, explica Afonso Carvalho, country manager da Kelly Services, que enfatiza ainda que “apenas a Itália (3%) e a Hungria (10%) apresentam resultados mais baixos”.
Associado a este desprendimento com a função que atualmente desempenham e os seus atuais desafios profissionais, há outros indicadores que apontam para o descontentamento dos profissionais portugueses. O estudo torna claro que 61% dos portugueses pensam com frequência em despedir-se do seu emprego. Um valor que na análise global não excede os 39%.
O responsável da empresa de recrutamento Kelly Services enfatiza ainda que “63% dos profissionais portugueses admitem pesquisar diariamente oportunidades no mercado de trabalho, algo que apenas 39% da totalidade dos profissionais entrevistados afirmou fazer”. A procura de alternativas à situação atual, mais vantajosas em motivação e em condições, é identificada também entre os profissionais que se assumem satisfeitos com a sua situação atual.
Segundo Afonso Carvalho, “a tendência encontrada no Kelly Global Workforce Index, que é uma tendência global mas que se apresenta de forma particularmente visível entre os profissionais portugueses, não deixa de ser preocupante”. Para o especialista em recrutamento, “a incapacidade de gerar um compromisso do profissional com a organização e os seus objetivos tem consequências diretas no empenho e qualidade do trabalho realizado e na capacidade produtiva da organização”.
Afonso Carvalho destaca ainda que “este é um indicador relevante quando se equaciona a capacidade de uma organização em reter o seu talento”. A evidente insatisfação revela, segundo o country manager da empresa, “falta de uma orientação para criar equipas estruturadas, estáveis e cria entraves ao desenvolvimento de projetos de sucesso a longo prazo”.
A edição 2014 deste estudo realizado com uma periodicidade anual, inquiriu mais de 230 mil profissionais a nível global, num total de 31 países. Em Portugal foram ouvidos 13 mil profissionais.