Cátia Mateus
O PRÓXIMO ano poderá representar uma vitória
para o movimento empreendedor nacional. Durante a sessão de apresentação
do recém-criado PRIME-Jovem (ver caixa), Armindo Monteiro,
presidente da Associação Nacional de Jovens Empresários
(ANJE), desafiou o primeiro-ministro, Durão Barroso, a fazer de
2005 o "Ano do Empreendedorismo". A ideia agradou ao chefe do
Governo, que prometeu estudar a viabilidade de materializar alguns projectos
neste sentido.
Rejuvenescimento das classes dirigentes e estruturas sindicais, rigor
e transparência nas obrigações fiscais e sociais,
combate à burocracia, defesa da ética, da responsabilidade
e da coesão social, fomento do capital de risco em Portugal e
introdução do conceito de empreendedorismo nas escolas
portuguesas são "bandeiras" que poderão vir
a ganhar algum dinamismo caso Portugal acolha a iniciativa proposta
pela ANJE.
Para Armindo Monteiro, "esta é uma convocatória
para o país, um movimento cultural muito mais amplo do que meras
iniciativas avulsas".
O dirigente dos jovens empresários acredita que o fundamental
"é que, a partir de 2005, o país esteja sensível
para a necessidade de empreender, de ter iniciativa, de ser produtivo
e competitivo, tanto a nível empresarial como trabalhando por
conta de outrem".
Armindo Monteiro defende que "os bons empreendimentos, hoje
como ontem, serão melhor desenvolvidos por uma nova geração
de portugueses, talvez a única capaz de suportar o risco e de
ter a coragem, a determinação e a iniciativa".
Quem sabe se é por isso que acredita na importância da
intervenção do Estado como aliado no compromisso de tornar
Portugal um país de empreendedores.
O presidente da ANJE destaca com agrado a abertura do primeiro-ministro
para a sua proposta. E, em declarações ao EXPRESSO, adiantou:
"Algumas sinergias já foram analisadas e, inclusive,
já tive oportunidade de trocar ideias com o primeiro-ministro
sobre os parceiros a envolver neste projecto".
Razões mais do que suficientes para que acredite que o próximo
ano marcará definitivamente a história do movimento empreendedor
nacional.
Num discurso optimista, Durão Barroso apontou 2004 como o ano
da retoma económica que "os jovens empresários
e empreendedores ajudarão a consolidar".
O líder do Governo considerou fundamental a necessidade de "transformar
o temperamento depressivo dos portugueses, cultivando a cultura do chegar
a horas, cumprir a palavra dada e ter brio no que se faz".
Diz Durão Barroso que, "em Espanha, mesmo quando se perde
parece que se ganha, mas em Portugal até quando se ganha parece
que se perde".
PRIME apoia jovens empresários
GARANTIR que nenhuma boa ideia de negócio deixe de se concretizar
por falta de capacidade de investimento poderia muito bem ser o lema
do recém-lançado Prime-Jovem.
Este programa de apoio à iniciativa empresarial direcciona-se
para os jovens entre os 18 e os 35 anos e é substituto do já
extinto SAJE 2000 (Sistema de Apoio aos Jovens Empresários).
Como forma de colmatar as dificuldades de financiamento inicial, o programa
agora lançado acentua a importância do capital de risco
no fomento à iniciativa empresarial instituindo uma majoração
de 5% nos apoios dos sistemas de incentivos financeiros e a reserva
de 15 milhões de euros ao abrigo do Fundo Sindicação
de Capital de Risco do PRIME, destinados a projectos promovidos por
jovens empresários.
"O Prime-Jovem introduzirá ainda incentivos à
formação de jovens empresários, bem como a criação
de uma bolsa de ideias 'on-line' onde os empreendedores poderão
expor os seus projectos e procurar investidor", destacou o
ministro da economia, Carlos Tavares, durante a sessão de apresentação
do novo programa.
O Prime-Jovem vem substituir os incentivos financeiros do SAJE 2000
que apesar de apenas ter funcionado durante ano e meio foi responsável
pela aprovação de 600 projectos empresariais no valor
de 6,5 milhões de euros, permitindo a criação de
3.500 novos postos de trabalho.
Os dados globais de avaliação do SAJE revelam que a maior
fatia das candidaturas ao programa se registou na região Norte
(48,5%), seguida de Lisboa e Vale do Tejo (29%).
A indústria e as "outras actividades" foram os sectores
económicos que mais beneficiaram com o SAJE.
Os projectos apresentados para criação de novas empresas
lideraram com 67% das candidaturas, logo seguidos dos projectos de investimento
com valor inferir a 20 mil contos (24,9%).