Portugal é o país da União Europeia (UE) que mais cresceu, entre 2000 e 2008, no número de licenciados em Matemática Ciências e Tecnologia. Os progressos educativos do país nesta matéria são confirmados no último relatório da Comissão Europeia. Mas o documento espelha também uma outra realidade, não tão positiva, para o país. É que em Portugal mais de metade (55,5%) dos jovens entre os 20 e os 24 anos não tem o ensino secundário concluído. O país é mesmo o segundo na lista da União Europeia com a pior taxa de conclusão do ensino secundário.
Desde o ano 2000 que a taxa de conclusão do ensino secundário entre os jovens portugueses, na faixa etária dos 20 aos 24 anos, tem vindo a aumentar chegando inclusivé a registar um crescimento na ordem dos 12,3 pontos percentuais. O esforço é real mas ainda fica aquém da média de conclusão do secundário alcançada pela União Europeia (78,6%) e muito aquém dos objetivos definidos pela UE para 2010 fixados em 85%. O estudo da Comissão Europeia sobre o progresso da educação desde o ensino pré-escolar ao superior define os objetivos a alcançar pelos estados membros até 2020 e revela, por exemplo, que Portugal é um dos líderes da UE no abandono escolar precoce. Connosco está também a vizinha Espanha.
Há mais 5% de mulheres a concluir o ensino secundário do que homens. Em 2009, 31,2% dos jovens entre os 18 e os 24 anos de idade abandonam o sistema de ensino. A ilha de Malta lidera o ranking do abandono escolar na UE, com 36,8% quando a média da União Europeia se fica pelos 14,4%. A meta definida pela UE para o horizonte de 2020 é que os Estados membros em conjunto não excedam os 10% de abandono escolar. Uma meta ambiciosa mas que faz parte das estratégias da Comissão.
Para a comissária europeia responsável pela Educação, Androulla Vassiliou, “o abandono escolar precoce continua a afetar um em cada sete jovens na União Europeia”. A responsável acrescenta ainda que “um em cada cinco alunos têm, aos 15 anos, fracas competências no domínio da leitura”. Um problema grave ao qual a Comissão Europeia está sensível e quer resolver.
Portugueses conquistam ciências
Mas este cenário contrasta com outra realidade bem visível no relatório agora divulgado. É se por um lado Portugal não consegue travar o abandono escolar, por outro faz progressos notórios no número de diplomados na área das ciências e tecnologias.
Segundo o relatório, Portugal cresceu 193% no número de licenciados em matemática, ciência e tecnologia entre 2000 e 2008, sendo país da União Europeia com maior evolução nesta área. Logo a seguir nesta lista estão países como a Eslováquia com 185,8% de crescimento e a República Checa, com 141,3%.
O crescimento do número de diplomados nestas áreas foi, curiosamente, o único ponto em que os países da União Europeia conseguiram atingir o valor fixado para 2010, cuja meta definia alcançar o patamar dos 15% de crescimento. O relatório definia também como meta alcançar o equilíbrio entre géneros, nesta área. Mas Portugal chumbou na prova. Por cá, a percentagem de diplomadas do sexo feminino sofreu uma acentuada quebra passando dos 41,9% apurados em 2000 para os 34,1% alcançados oito anos mais tarde.
Contudo, o país marcou também pontos no índice de formação de adultos ao longo da vida que em 2009 se situava já nos 6,5%, contra os 4,1% apurados em 2005. Nesta matéria, Bruxelas definiu como meta para 2020 os 15%. Portugal tem ainda um longo caminho a percorrer, à semelhança de outros países.
Os autores do estudo consideram que de um modo geral, os esforços e progressos alcançados pelos Estados membros foram “significativos mas insuficientes”. Já para o secretário de Estado da Educação, João Mata, “aquilo que é a previsão da UE, expressa no relatório, confirma-se”. O responsável avançou à agência LUSA que “o INE acaba de revelar o dado para o abandono escolar para 2010 e esse dado revela que em Portugal a taxa desceu cerca de 2,5 pontos percentuais, situando-se agora nos 28,7%”. Para João Mata, “Portugal fez nos últimos anos progressos notáveis e as vias profissionais contribuíram em muito para a redução do abandono escolar no país”.