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Crise favorece gestão de talentos

Crise favorece gestão de talentos

A desculpa da crise está a dar carta branca para muitas empresas despedirem indiscriminadamente. José Ramón Pin, professor do IESE defende que este é um momento único para fazer uma verdadeira gestão de talento.
28.04.2011 | Por Marisa Antunes


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Momentos de crise podem transformar-se em oportunidades raras para que a empresa se fortaleça, defende José Ramón Pin, professor do reputado instituto espanhol IESE Business School. Segundo este especialista em gestão de recursos humanos, “a recessão acaba por permitir uma verdadeira gestão dos talentos, excluindo quem não cumpre os critérios de exigência e mantendo na empresa quem por verdadeiro mérito, merece lá ficar”.

O professor - que vem a Portugal dentro de um mês – realça que as situações de crise permitem corrigir os erros abdicando de determinado talento que não seja necessário na empresa: “Durante as épocas de ‘vacas gordas', as empresas acumulam gordura desnecessária no seu quadro de pessoal, pelo que agora é um momento psicológico para a eliminar. Além disso, em épocas de crise podem tomar-se medidas dificilmente explicáveis noutro momento como é o caso das regulações dos quadros de pessoal”.

Mas atenção: este processo de contenção de despesas requer uma gestão muito hábil por parte de quem avalia os colaboradores. “Um dos principais erros é reduzir o pessoal com critérios mecânicos: por exemplo, a idade ou o custo do despedimento, sem levar em conta a produtividade de cada pessoa; se se fizer as coisas de modo incorreto, podemos despedir pessoas produtivas e reter na empresa pessoas menos competentes”, alerta José Pin que vai participar num seminário para diretores de Recursos Humanos organizado pela AESE, entre os dias 31 de maio e 1 de junho.

Outro erro frequente nas organizações sempre que ocorrem despedimentos é não assegurar a permanência aos que ficam na empresa. “A redução de pessoal acarreta sempre inquietação para aqueles que se mantém dentro da organização. Se não houver cuidado com isso surge o chamado “síndrome do sobrevivente”, a moral da equipa pode deteriorar-se e isso reduz a competitividade da empresa. Além disso, há que preparar sistemas de outplacement para aqueles que têm de deixar a empresa. Gerir a situação das pessoas é um desafio importante nos tempos difíceis”, diz o responsável.

Tempos que se deverão agravar a curto prazo. Quisemos, pois, saber como podem os departamentos de recursos humanos prepararem-se para uma conjuntura ainda mais agreste que a atual. “Estudando o que se passou noutras épocas de crise, ver a história recente do sector e da própria empresa. Isso vai-nos ensinar muito sobre o que se tem de fazer. Também devem procurar especialistas nos desafios mais comuns em momentos de crise: pessoas conhecedoras das relações sindicais, dirigentes especialistas na gestão de épocas de stress. A preparação deve ser tanto técnica, como psicológica e afetiva, aponta o professor.

E que características deve ter o capital humano de uma empresa? “Deve ser adequado à estratégia da empresa. As suas qualidades e comportamentos devem tornar viável e acrescentar valor a essa estratégia. Fazê-lo nem sempre é fácil porque nisso intervêm a remuneração, formação, desenvolvimento profissional, promoções, comunicação… É um complexo sistema de políticas que devem ser consistentes entre si e dar sinergias para conseguir levar a cabo a estratégia empresarial”.

Para as empresas que estão a passar por processos de reestruturação e que desejam atrair e manter bons profissionais, José Ramon Pin reforça, lembrando que o mais importante é ter uma tradição de manutenção dos postos de trabalho. “Hoje, as pessoas procuram segurança. Outra coisa que procuram é uma carreira profissional, pois saber oferecer caminhos de desenvolvimento e promoção é criar uma ligação forte para os bons profissionais. Por último, pesa e muito, um clima laboral e estilos de direção atraentes”, remata o professor do IESE.

 



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