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Portugal a Recrutar: desafios do turismo e da saúde

Portugal a Recrutar: desafios do turismo e da saúde

O Turismo já garante 7,9% do emprego nacional, de acordo com dados do World Travel & Tourism Council (WTTC) e as contratações no sector, a avaliar pelo número de novos projetos turísticos atualmente em desenvolvimento, deverão continuar a aumentar em 2016. As notícias animam os profissionais do sector e os empresários, mas não chegam isentas de desafios. O de acompanhar este crescimento com a qualificação dos profissionais é o principal.

22.04.2016 | Por Cátia Mateus


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O bom desempenho do Turismo nacional e aumento do número de empresas a operar nesta área, já gerou impactos visíveis ao nível da criação de emprego. No último ano, segundo dados do World Travel & Tourism Council (WTTC), os sectores dos transportes e do turismo asseguraram em solo nacional 363 mil empregos, o equivalente a 7,9% do emprego nacional. Em 2016, o número poderá subir para os 441 mil. Mas este crescimento vem acentuar ainda mais aquela que é, há muito, uma dificuldade e batalha do sector: a qualificação dos seus profissionais. Compreender até que ponto o país está a conseguir formar profissionais qualificados em número necessário para o crescimento do sector e como o pode fazer são questões estratégicas para os principais palyers do Turismo Nacional.
 
Na última semana da iniciativa Portugal a Recrutar é aos desafios do Turismo e da Saúde que damos destaque.?Os dados do Turismo de Portugal não deixam margem para grandes dúvidas: “todos os números disponíveis demonstram a performance positiva do sector, numa tendência sustentada”, explica Luís Araújo, presidente do Turismo de Portugal. Segundo o presidente, em 2015, Portugal registou um novo record de dormidas e receitas, com 48,9 milhões de dormidas (mais 6,7% do que no ano anterior) e 11,4 mil milhões de euros em receitas (mais 968,3 milhões de euros do em 2014), num crescimento de 9,3%. Em 2016, os primeiros números já permitem antever uma continuidade deste crescimento. Em fevereiro, o Instituto Nacional de Estatística (INE) registava já um crescimento de 11,8% no número de hóspedes e 12,7% em dormidas nas unidades nacionais, face ao mesmo mês de 2015.?Luís Araújo reconhece o desafio que a necessidade de responder a esta procura crescente com uma oferta de qualidade comporta e realça a relevância de um investimento estruturado na qualificação dos profissionais do sector.
 
As escolas do Turismo de Portugal formam atualmente mais de três mil alunos por ano, preparando-os para um primeiro emprego no sector, e qualificando cerca de 3800 profissionais da atividade, tendo como meta “o crescente prestígio das profissões turísticas”, explica. Em 2020, o organismo que representa tem como ambição “que a rede escolar atinja a sua capacidade máxima de formação, 4000 alunos, e uma empregabilidade média de 90%, estimulando a criação de mais emprego e emprego mais qualificado no sector, reduzindo as assimetrias regionais”. Um estudo recente da consultora de recrutamento Hays aponta esta aposta na qualificação dos profissionais com um dos grandes desafios estratégicos para o Turismo nacional (ver caixa) e do lado das instituições de ensino, a aposta é também encarada como vital.

Promover a qualificação
Para Raúl Filipe, presidente da Escola Superior de Hotelaria e Turismo do Estoril (ESHTE), “os diagnósticos já efetuados sobre os recursos humanos no sector evidenciam algumas deficiências estruturais, visíveis no forte recurso a mão-de-obra pouco qualificada, com baixos níveis de escolaridade e com elevada rotatividade, o que torna os empregos no Turismo menos atrativos”. O presidente da ESGTE reconhece que o diagnístico descrito suscita a necessidade de uma eventual mudança no sistema educativo/formativo, “passando-se a enfatizar mais a aprendizagem e formação ao longo da vida e as condições de adaptação dos recursos humanos às profundas alterações económicas, tecnológicas e socioculturais que caracterizam as sociedades contemporâneas e o fenómeno do Turismo em particular”.
 
Raúl Filipe realça que “há que equacionar as necessidades emergentes que apontam novas funções e que têm de ser convenientemente enquadradas, a par das vantagens competitivas que a qualificação de profissionais em segmentos muito específicos pode comportar”. Em paralelo, reconhece, “a revisão e correção das debilidades atuais passa também pela alteração da atitude dos empresários turísticos face à mão-de-obra que empregam, apostando na valorização das carreiras dos profissionais, na aposta em profissionais com formação técnica especializada e na reciclagem/formação contínua dos profissionais que já se encontram a operar no sector”. ?A ESHTE tem registado nos últimos anos uma procura anual “particularmente forte” e, segundo o presidente, “acima das flutuações decorrentes de situações conjunturais”.
 
No último concurso nacional de acesso a escola absorveu cerca de um terço do total das vagas disponibilizadas a nível nacional no ensino superior público do turismo, registando uma procura superior às vagas disponíveis. A procura dos cerca de dois mil alunos da escola distribui-se, segundo Raúl Filipem, pela generalidade das áreas formativas que a instituição oferece, desde a gestão hoteleira até ao planeamento e gestão do lazer e da animação turística, sem esquecer a produção alimentar em restauração, a gestão turística (na ótica dos produtos e das empresas), a informação turística, a gestão estratégica de destinos turísticos ou de eventos, o turismo de natureza e aventura e a inovação em artes culinárias. Os 95,4% de empregabilidade que escola regista nos dados do Ministério da Educação comprovam a relevância de uma aposta estruturada na formação dos profissionais do sector e da necessidade das empresas em absorver estes profissionais. Mas segundo o especialista, deixam também claro que qualificar profissionais no sector do Turismo exige que as instituições de ensino saibam manter o seu foco em áreas cruciais, como a hotelaria e a restauração, sem deixar de olhar para a evolução do sector e sendo capazes de, com celeridade e qualidade, adaptar uma oferta formativa especializada às necessidades das empresas e à evolução do sector.

Radiografia do sector
O sector do Turismo e Lazer manteve no último ano a tendência de crescimento que já vinha a registar desde 2014 e formando a sua posição como um dos motores da recuperação económica nacional e da criação de emprego. O último Guia do Mercado Laboral, realizado pela multinacional de consultoria de recrutamento Hays, revela que no último ano Portugal reafirmou a sua posição enquanto destino preferencial para turistas de todo o mundo, sendo mais de 80% do mercado europeu. Sinais que para os especialistas da Hays são encorajadores, mas não isentam o país de desafios, nomeadamente ao nível da qualificação dos profissionais do sector. É necessário preparar o sistema de ensino nacional para formar em quantidade e qualidade os profissionais necessários para o que país responda à procura com uma oferta de excelência.?E há, segundo o estudo, áreas onde a necessidade de perfis qualificados é urgente.
 
Entre os profissionais mais requisitados pelas empresas do sector do Turismo estão os restaurant managers (gestores de restaurante), os chefes de cozinha e as governantas, os dois últimos são simultaneamente os perfis mais difíceis de contratar. “Os restaurant managers têm vindo a assumir um papel importante nas estruturas hoteleiras por possuirem conhecimentos e competências semelhantes às de um diretor de Food & Beverage (F&B), mas com valores de remuneração mais baixos”, adianta o estudo da Hays. No caso dos chefes de cozinha e das governantas, a procura é crescente, mas a disponibilidade de profissionais no mercado não permite dar uma resposta imediata às necessidades das empresas. Segundo a Hays, os chefes de cozinha continuam no topo da lista de prioridades de contratação das empresas, mas “os melhores chefes, com boa capacidade de gestão e liderança de equipas, encontram-se numa posição confortável em grandes cadeias hoteleiras, demonstrando pouco interesse em avaliar ou aceitar novos desafios de carreira”.
 
O mesmo sucede com as governantas. As que existem são bastante seniores, estando há muito tempo ligadas a uma estrutura, e não demonstrando por isso disponibilidade para uma mudança de projeto. Na verdade, o relatório demonstra que 50% dos profissionais do sector do Turismo inquiridos pela Hays no âmbito do estudo, recusaram novas ofertas de emprego no último ano. E na área das governantas, o problema poderá até ser mais difícil de colmatar do que com os chefes de cozinha. É que segundo os especialistas em recrutamento responsáveis pelo Guia do Mercado Laboral, “como os atuais alunos alunos de hotelaria não consideram esta área particularmente aliciante, o problema da escassez de governantas deverá manter-se a médio prazo”.?Em 2016, este cenário não deverá alterar-se.
 
A área de F&B continuará a crescer e, consequentemente, a merecer a atenção dos recrutadores que deverão reforçar as suas equipas nas áreas de Cozinha, Bar e Atendimento ao Cliente, alavancando a contratação de Chefes de Cozinha e Restaurant Managers. Os diretores de F&B deverão também voltar a ganhar destaque nas intenções de contratação das empresas do sector, depois de durante o período de crise terem em muitas organizações sido substituidos por chefes de cozinha e restaurant manager, num esforço de contenção de custos. Entre os profissionais que enfrentarão maiores dificuldades de integração profissional durante este ano estão os sommeliers, já que as unidades optam por atribuir esta função aos restaurant managers e chefes de sala.


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