Cátia Mateus
A UNIVERSIDADE do Porto (UP) quer abrir as suas portas
a mais estudantes estrangeiros. A instituição de ensino
tem, apesar das várias restrições legais que limitam
o acesso destes estudantes às universidades lusas, uma taxa considerável
de jovens oriundos de vários países.
A maior frequência faz-se nos cursos de pós-graduação
e mestrado, mas para a UP "é altura de facilitar a sua entrada
nas nossas licenciaturas". Brasil, Europa e países Asiáticos
(começando pela Tailândia são, na opinião
de José Ferreira Gomes, vice-reitor da instituição,
"pontos de interesse na estratégia de cativar alunos".
O regime rígido que regulamenta o acesso ao ensino superior em
Portugal é, para José Ferreira Gomes, "um forte
entrave à entrada livre de estudantes estrangeiros nas universidades
portuguesas". Diz o vice-reitor da UP que "a maioria
dos estudantes estrangeiros que temos entrou ao abrigo dos regimes especiais,
por ser proveniente dos Países de Língua Oficial Portuguesa
(PALOP) ou por se tratarem de filhos de emigrantes".
A estes acrescenta a frequência de estudantes integrados nos programas
comunitários de intercâmbio, como o Erasmus. Uma realidade
que merece o aplauso de José Ferreira Gomes, mas que para este
responsável é ainda insuficiente. O vice-reitor da UP
acredita que a universidade que representa tem capacidade para acolher
mais alunos estrangeiros e salienta a necessidade de facilitar a vida
a estes estudantes em matéria de acesso às universidades
portuguesas.
Actualmente, explica o vice-reitor, "é praticamente impossível
para um aluno que não tenha concluído o ensino secundário
em Portugal ingressar no nosso ensino superior". José
Ferreira Gomes mostra alguma esperança na nova legislação
actualmente em análise e avança que a UP está já
a trabalhar no terreno para conseguir cativar estudantes estrangeiros.
"Temos na UP vários tipos de estudantes estrangeiros
com predominância para os que têm curtos períodos
de permanência (Erasmus e outros programas); protocolos de intercâmbio
com universidades estrangeiras", explica.
Ao nível de pós-graduações e mestrados a
"fatia" de estrangeiros representa 10% da comunidade estudantil.
Se considerarmos a licenciatura, a percentagem baixa para os 5%.
José Ferreira Gomes anuncia que a meta passa por aumentar qualquer
uma destas percentagens com particular incidência na segunda.
Entre as várias estratégias adoptadas, o vice-reitor fala
de uma participação activa na delimitação
de uma nova regulamentação de acesso ao ensino superior
para estrangeiros, de uma aposta estruturada no acolhimento destes estudantes
no seio académico e de um investimento de peso na promoção
da imagem da UP em vários países
.
Além da Europa, dos Estados Unidos e do Brasil, a Tailândia
apresenta-se como um importante ponto de investimento da UP na altura
de cativar alunos. "Por ano temos cerca de cinco alunos de mestrado
provenientes deste país e há uma particular apetência
destes estudantes pela área da Arquitectura. Pensamos que o estreitar
de relações com a Tailândia poderá ser uma
excelente porta de entrada para outros países asiáticos",
destaca.
Na mesma linha de acção, a UP promoveu recentemente a
criação da Associação de Estudantes Brasileiros
para apoiar os estudantes desta nacionalidade no meio estudantil. Todavia,
José Ferreira Gomes salienta a existência de várias
parcerias e projectos, nomeadamente com a Europa e os PALOP com quem
Portugal mantém há anos programas de intercâmbio.
Projectos válidos e que "se deseja que atraíam
ainda mais estudantes para uma Europa que pretende recuperar a supremacia
perdida para os Estados Unidos após a Segunda Grande Guerra,
em termos de atracção de alunos estrangeiros",
conclui.