Mas há outros rankings. Uma pesquisa levada a cabo junto dos colaboradores das empresas que integram o Great Place to Work 2013, revela que Copenhaga, Madrid e Lisboa são as três melhores cidades para viver e trabalhar na Europa.
China e Tailândia são os dois melhores países para emigrar ou ser um quadro expatriado segundo um estudo recente, conduzido pelo banco britânico HSBC, que analisou fatores como oportunidades económicas e profissionais e a qualidade de vida em 34 países distintos. O ranking elenca ainda outros países, pequenos mas financeiramente abastados, conhecidos por captarem há muito a atenção de executivos de todo o mundo que aspiram a carreiras globais: Suíça, Ilhas Caimão, Barain e Singapura. O pior sítio para viver e trabalhar sendo estrangeiro é mesmo o Egipto, onde o estudo do HSBC detetou níveis de risco no que diz respeito atos xenófobos. Para muitos perfis portugueses, alguns destes destinos são hipóteses demasiadamente arriscadas. Ricardo Nobre, fundador e diretor-geral da CB Talents, uma consultora vocacionada para o recrutamento de talentos portugueses ou provenientes de outros países do sul da Europa onde o desemprego seja elevado, na altura de emigrar “continuamos muito tradicionais”. Na lista das opções dos portugueses continuam a estar a França, Luxemburgo, Suíça e Alemanha, ainda que o especialista dê conta de um “aumento da procura de trabalho no Reino Unido, Escandinávia e, fora da Europa, em Angola e no Brasil.
Ricardo Nobre não tem dúvidas: os profissionais portugueses não estão a saber aproveitar verdadeiramente as oportunidades profissionais que o estrangeiro oferece. O mentor da CB Talents diz compreender a hesitação em abandonaram um país como Portugal e até esclarece que também ele e a família lidaram com a tão célebre expressão “saudade” quando em 2007 deixaram o país, mas pergunta: “viver a vida sem conhecer o mundo será viver na totalidade?”. Para Ricardo Nobre, “emigrar não deve ser apenas uma consequência da falta de emprego no país de origem, mas uma forma de “ganhar mundo” e assim adquirir vantagens competitivas que nos poderão diferenciar quando se der o regresso à pátria, para nela investir e criar valor”. Foi o que fez. De regresso a Portugal deu forma à CB Talents que atua ao nível do recrutamento e seleção de quadros médios e superiores portugueses - em áreas de elevada qualificação, como a Medicina, Engenharia, Tecnologias de Informação, mas também apoio ao cliente – para colocação em países onde escasseiam estas competências profissionais.
Com sede em Lisboa e uma rede de recrutadores espalhada por 38 países, Ricardo Nobre deu o passo em frente na criação da CB Talents quando constatou que “existem empresas, muitas delas globais, com imensa dificuldade em recrutarem determinados profissionais para projetos específicos”. Mas se há coisa que para o especialista não gera dúvidas, é que além da dificuldade das empresas, os profissionais portugueses também se mantém muito conservadores. Uma boa parte da lista de “bons destinos de acolhimento” para emigrantes ou expatriados, não contam na lista de opções dos profissionais portugueses, seja por falta de proximidade ou até de afinidade cultural. Um distanciamento que pode estar a impedir os profissionais de agarrarem boas oportunidades.
Um dos fatores analisados no estudo do HSBC são as condições dadas pelos países para que os emigrantes ou expatriados possam criar os seus filhos e viajar com as famílias. Num cruzamento entre qualidade de vida para estrangeiros e capacidade para criar crianças no país, a China qualifica-se em primeiro lugar, seguida da Alemanha e Singapura. Segundo o relatório, a Alemanha é o melhor país para criar crianças como emigrante, a Tailândia assegura melhor a conciliação trabalho-família para estrangeiros e a Suíça tem a economia mais favorável para emigrantes ou expatriados. Nesta matéria e no reverso da medalha, o HSBC lista países como a França, Espanha, Reino Unido, Itália ou Irlanda (alguns dos mais escolhidos pelos portugueses para trabalhar) como os menos “amigos” de emigrantes ou expatriados, pelo seu elevado custo de vida.
E para os que se surpreendem de ver a China em lugar de destaque, as conclusões do estudo justificam: a dinâmica da economia e as oportunidades que gera, superam os elevados índices de poluição ou as divergências alimentares. Já as posições da Alemanha e da Suíça são fáceis de explicar, nomeadamente, pelo facto dos serem bastante elevados para os expatriados e os programas de apoio social muito bons. Viver e trabalhar nos países emergentes da Ásia também pode ser muito gratificante, na medida em que as empresas locais tendem a pagar 15% acima aos profissionais estrangeiros e custo de vida é bastante baixo. Os países do Médio Oriente tendem a ser os piores destinos para emigrar ou ser expatriado, muito embora os salários sejam regra geral aliciantes. A legislação não é amiga de estrangeiros e as restrições sociais são muitas, o que pode dificultar a integração.
Apesar deste cenário e focando o caso específico dos profissionais portugueses, para Ricardo Nobre, os melhores países para emigrar são “sem dúvida a Alemanha e o Brasil”. Diz o especialista que “existe no principal motor da economia da Europa uma substancial escassez de profissionais em determinados setores, nomeadamente engenharias e tecnologias de informação que já está a afetar inúmeras empresas que se veem obrigadas a adiar ou cancelar investimentos por não terem o capital humano necessário”. No que respeita ao Brasil, “a necessidade de profissionais é premente em diversos setores, contudo, o acesso a vistos de trabalho no país continua a ser um processo complexo que tem dificultado a mobilidade de profissionais”, conclui.
Copenhaga está entre as melhores cidades para trabalhar
Sandrine Lage, diretora do Great Place to Work Institute Portugal aponta destinos diferentes, mas igualmente aliciantes. Pela primeira vez o Great Place to Work Institute conduziu nos países europeus onde está representado o estudo “Great Cities to Work in Europe”. Segundo a diretora, “a ideia é ir além da perspetiva turística, ainda que cruzando-se com a da cidadania, levando as empresas e as próprias autarquias locais, a questionarem-se sobre as melhores práticas”. Através destes dados é possível avaliar o impacto que tem nos trabalhadores desenvolverem a sua atividade no seio de capitais europeias ou fora delas, permitindo ainda “clarificar o peso da localização de uma empresa na qualidade de vida do cidadão ativo”, esclarece a especialista.
De acordo com as contas do Great Place to Work Institute Portugal 2013, “as melhores cidades para trabalhar são Copenhaga, Madrid, Lisboa, Atenas, Paris, Bruxelas, Amsterdão, Londres, Dublin e Berlim”, destaca Sandrine Lage. As conclusões baseiam-se na média de satisfação de 9042 colaboradores que integram 50 empresas o Top 5 de ambientes Great Place to Work 2013, situadas em dez capitais europeias. Segundo a diretora, a presença de Lisboa neste ranking tem justificações relevantes que vão além da conjuntura nacional.
“O orgulho no contributo para a comunidade e a facilidade de contacto e diálogo com as administrações das empresas são os pontos fortes em Lisboa face às restantes capitais europeias”, realça Sandrine Lage que enfatiza ainda “o envolvimento dos colaboradores na tomada de decisão e o orgulho no contributo para a comunidade” que colocam Lisboa tendencialmente acima da média europeia. No ranking Great Place to Work 2013, Copenhaga é a campeã europeia apontando os melhores resultados em todos os indicadores do estudo.