Cátia Mateus
        
        Começou com uma empresa, 
        hoje têm três e 'caminha' para a Bolsa. Mil contos bastaram 
        a Miguel Monteiro para criar o seu império
      
      
     
      
       
        
          
          
          
          
          
          BI empresarial
          
          
        
        
  
  
     
      
        DAS HORAS gastas no curso de Matemáticas Aplicadas retirou o rigor 
        e o método. Da sua vivência enquanto descendente de comerciantes 
        herdou o gosto pelos negócios. Temperou a receita com a sua "paixão" 
        pelas tecnologias e encontrou no "boom" da internet a oportunidade 
        ideal.
        
        Já lá vão nove anos desde que a partir de um pequena 
        loja de 15 m2, num centro comercial decadente da cidade Invicta, Miguel 
        Monteiro resolveu lançar-se no mundo empresarial. 
        
        Criou a Chip7, uma empresa de venda de material informático. Não 
        investiu no negócio mais de cinco mil euros e o curso superior 
        ficou para trás. Das ameaças fez oportunidades e no ano 
        passado, com as três empresas que lidera facturou 45 milhões 
        de euros.
        
        Aos 35 anos Miguel Monteiro garante que a vida de empresário é 
        um jogo angustiante. Mas assegura, "o melhor aliado é o 
        medo. É nele que ganhamos forças para ultrapassar as barreiras".
        
        Miguel Monteiro cedo compreendeu que a sua vida profissional passaria 
        pela criação da própria empresa. Esclarece que "uma 
        pessoa só se realiza e só brilha quando gasta o seu tempo 
        numa coisa que gosta de fazer". 
        
        Com base neste pressuposto não será difícil entender 
        a opção do jovem empreendedor em deixar para trás 
        a universidade ainda que faça questão de frisar que "não 
        é que desvalorize o conhecimento que se adquire na universidade, 
        acho que ganhei rigor e método no curso que frequentei, mas sem 
        dúvida não era aquele o meu caminho". E se bem 
        o pensou melhor o fez. 
        
        Em 1994 criou a sua primeira empresa a Chip7. "Realiza-me vender 
        e por isso, aliando esse prazer ao gosto que sempre tive pela tecnologia, 
        criei uma loja de material informático que dava também assistência 
        técnica", relembra. Investiu o que havia ganho a dar aulas 
        de matemática e confessa que na altura não foram muitos 
        os que acreditaram no seu projecto. Ainda assim, garante, "acreditei 
        eu, e foi o suficiente!". 
        
        Trabalhava todos os dias de manhã até à meia noite, 
        um esforço que assegura foi largamente recompensado pelo sucesso 
        do seu projecto. 
        
        A Chip7 rapidamente ganhou expressão no mercado, mas as ameaças 
        começaram a surgir. "Na altura começaram a abrir 
        muitas lojas de informática e eu percebi que de alguma forma poderia 
        perder terreno", explica. 
        
        Foi nesse momento que, face à ameaça, Miguel Monteiro resolveu 
        adicionar um outro ingrediente à sua receita de sucesso: "lancei-me 
        na revenda. Abri um armazém que é hoje a minha maior empresa, 
        a Introduxi". 
        
        Ameaça gera nova oportunidade 
        
        A necessidade gerou a oportunidade e alguns anos mais tarde acaba por 
        criar também uma empresa especializada na criação 
        de "websites", a seara.com .
        
        Diz Miguel Monteiro que o mundo empresarial é um jogo. "Há 
        dificuldades, vitórias, derrotas, estratégias e muitas expectativas", 
        confessa. "É angustiante e sofre-se muito com o peso constante 
        da possibilidade de fracasso, mas é isso que tempera o negócio", 
        explica. 
        
        Para o empreendedor, "é este receio de perder, esta insegurança, 
        que nos faz mover montanhas para triunfar".
        
        Juntas, as três empresas dão emprego a 150 trabalhadores 
        em regime directo e cerca de 20 subcontratados. Com escritórios 
        e armazéns espalhados por várias cidades do país 
        e também com uma implantação forte na comunidade 
        virtual, as empresas renderam no ano passado qualquer coisa como 45 milhões 
        de euros. 
        
        O empreendedor nortenho avança que o seu "império" 
        está em franca expansão e que "este ano é 
        o ano de maior investimento de sempre". 
        
        Garante que não é o "super-homem" e minimiza o 
        facto de estar a agir em contraciclo com a actual conjuntura económica, 
        "faz parte, dada a ambição que temos fazer este 
        tipo de investimentos, nesta altura".
        
        Uma ambição que passa pelo "sonho" da internacionalização 
        mas também pela entrada das empresas na Bolsa. Está já 
        em processo de criação a "holding" Avantport que 
        agrupará a Chip7, a Introduxi e a Seara.com. 
        
        Mas para Miguel Monteiro esta é apenas parte do percurso "tenho 
        de triplicar o volume de facturação das empresas para ter 
        condições de entrar para a Bolsa". 
        
        Assegura que "não é fácil gerir todas estas 
        empresas, ocupa muito tempo e talvez por isso o meu maior hóbi 
        seja o meu trabalho". Miguel Monteiro afirma que a sua grande 
        dificuldade sempre foi a questão do capital. 
        
        Nunca recorreu a subsídios - "porque nos obriga a ceder 
        em relação a prazos e limita muito o projecto" 
        - e afiança que "temos ganho muito dinheiro, mas é 
        todo investido na expansão da empresa". Para o empreendedor, 
        "uma empresa que se auto-financia é uma excelente garantia 
        para a banca e para os funcionários".
        
        Sem deslumbros, este "self-made man" distingue sonhos de projectos 
        com a perícia de quem diariamente coloca um traço vermelho 
        nos objectivos de vida já alcançados. "Um sonho 
        é a visão que persigo, alimenta-me mais do que um projecto. 
        Invisto muito nos sonhos". 
        
        Um investimento que explica o facto de passar uma semana por mês 
        em Londres com o objectivo de criar as bases para uma aposta além-fronteiras. 
        "Um negócio tem muito de cultura e por isso quando chegar 
        a altura da internacionalização já não estou 
        a zero. Estou já a trabalhar para construir um modelo mental de 
        negócio além-fronteiras. Trata-se de ir atrás da 
        realização de um sonho", sorri.
        
        
         
        
        BI empresarial
        
        Nome: Chip7, Introduxi e Seara.com
        
        Ano de criação: 1993 (da primeira empresa)
        
        Responsável: Miguel Monteiro, 35 anos
        
        Áreas de actuação: venda e distribuição 
        de material informático, assistência técnica e construção 
        de websites.
        
        Investimento inicial: investiu cinco mil euros na criação 
        da Chip7, a primeira empresa a ser criada e da qual decorreu a criação 
        das restantes empresas
        
        Principais clientes: particulares e empresas
        
        Postos de trabalho criados: 150 directos e cerca de 20 subcontratados
        
        Lema: «Coloque a carroça à frente dos bois!», 
        ou seja, para alcançar o sucesso é necessário muitas 
        vezes colocar o desafio em prática antes mesmo de estarem reunidas 
        as condições para tal, apenas porque sabemos que vamos conseguir 
        criar as condições. Ir a reboque do que já se fez 
        não é a solução!
        
        Objectivos: Entrar para a Bolsa - estando já em processo 
        de criação a «Avantport». a «holding» 
        que deverá agrupar as várias empresas do grupo - e, a médio 
        prazo, avançar rumo à internacionalização.
        
        Valores fundamentais: Uma empresa vale pela equipa que tem. A motivação 
        da equipa é um dos pilares que sustenta o sucesso de um negócio.
        
        Conselhos: O empreendedor deve valorizar mais a sua capacidade 
        e o que acha que consegue, (as variáveis que controla (determinação, 
        dedicação, criatividade...) do que o negativismo geral e 
        as variáveis externas, as que não controla. Quem se propõe 
        criar uma empresa aceita à partida o desafio de perder, mas também 
        deve sentir que está nas suas mãos sair como vencedor.