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O futuro passa pela especialização

23.02.2007


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Cátia Mateus
O Trabalho Temporário (TT) entrou na ‘Era da Especialização'. Face ao aumento do desemprego entre os jovens licenciados, este segmento tem hoje profissionais mais qualificados do que na sua fase de arranque em Portugal. Actualmente há quem faça do TT uma opção profissional, útil não só para os estudantes que querem ter um primeiro contacto com o mundo do trabalho, mas também para profissionais mais seniores que procuram capitalizar experiência em várias áreas ou, simplesmente, manter-se no activo.

Certo é que esta rota de especialização, onde o TT nacional já se posicionou, veio para ficar e promete ser uma aposta de futuro num sector emergente e onde novas áreas de actuação já se vislumbram. Tecnologias de informação, «marketing» e vendas, agricultura, turismo, banca, engenharia, gestão ou até saúde, são áreas onde as empresas de actual trabalho temporário, em Portugal, querem posicionar-se de forma competitiva sem no entanto perderem de vista os sectores onde tradicionalmente actuam. Para a generalidade dos actores deste mercado, os próximos anos prometem ser de crescimento.

Mário Costa, presidente do Grupo Select/Vedior, assegura que a sua empresa não vai perder de vista a necessidade de uma aposta na formação e qualificação dos recursos humanos. A empresa encara a formação também como um nicho de mercado onde vale a pena investir e tenciona desenvolvê-lo cá, mas também em Angola e Moçambique. A saúde e a agricultura são duas áreas que para Mário Costa terão futuro em matéria de trabalho temporário.

Mas o líder da Select garante que “será dada uma atenção especial e cada vez maior à Administração Pública Central, Regional e Local, bem como ao sector público empresarial (Estado, autarquias, institutos, fundações, entidades públicas empresariais e empresas de capitais públicos”. Sectores que para Mário Costa “estão em reestruturação e exigem o desenvolvimento de projectos definidos e não duradouros”.

A saúde é para Amândio da Fonseca, administrador do Grupo Egor, uma das áreas onde vale a pena investir no futuro, a par com o turismo que considera ser “um sector em expansão no país e no qual estão a surgir crescentes necessidades de colaboradores, quer para novas unidades hoteleiras, quer para fazer face aos picos de ocupação sazonais característicos do sector”. Já no campo da saúde, Amândio da Fonseca acredita tratar-se de “um sector em crescimento no que respeita às exigências de qualidade e à emergência dos sistemas privados de saúde que vão acelerar no curto e médio prazo a necessidade de reforçar equipas de pessoal de apoio, ou mesmo técnico, como é o caso do pessoal de enfermagem”.

Para Amândio da Fonseca, “tendo em conta a rigidez do enquadramento legal do mercado de trabalho tudo aponta para que o trabalho temporário continue a crescer de forma exponencial”. Uma ideia corroborada por Mário Costa, para quem “o crescimento económico se baseia, cada vez mais, no desenvolvimento de projectos de carácter temporal ilimitado”. O presidente da Select mostra também alguma expectativa nos projectos que vão ser lançados ao abrigo do QREN entre 2007 e 2013.

Uma expectativa que se alarga a outros líderes do mercado de TT. Rémy de Cazalet, director-geral da Michael Page Internacional Portugal, acredita que a especialização vai ditar as regras neste negócio. A empresa que lidera vem desenvolvendo o recrutamento de trabalhadores temporários com elevados graus de qualificação em áreas como as finanças, administrativo, «marketing», comercial e engenharia. Sectores que, garante, continuarão a merecer uma aposta estruturada da Michael Page.

Tanto mais que o especialista acredita que “as potencialidades de crescimento do TT especializado são imensas. Cada vez mais existem mudanças estruturais nas grandes empresas que implicam fortes mudanças nos actuais organigramas. A diminuição de quadros devido a processos de internacionalização, implica redução de quadros fixos e novas metodologias de contratação”.

Uma realidade a que as empresas deverão estar atentas, mas que Mark Bowden, da Hays Personnel, encara com a cautela necessária a cada investimento a longo prazo. Para o especialista, “muito do desenvolvimento nesta área do TT vai depender do desenvolvimento salarial do país em comparação com a Europa e da capacidade do Governo para flexibilizar a legislação em vigor”.

O líder da Hays acredita ainda que, “se os salários continuarem a subir, aproximando-se dos europeus, e se o Governo flexibilizar a legislação em vigor, algo que parece será forçado a fazer com o passar do tempo com o objectivo de criar uma economia competitiva a nível mundial, dar-se-á lugar à existência de mais postos de trabalho preenchidos por profissionais a trabalhar através de contratos temporários”.





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