Novos desafios para profissionais da Lei
Os advogados não estão imunes à austeridade. O acesso à profissão já viveu melhores momentos e sofre hoje o impacto de um excesso de oferta agravado por uma saturação do mercado. Para apoiar os seus alunos a fazer a transição da universidade para o mercado de trabalho, a Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa organiza na próxima semana a sua Feira de Emprego. Rui Pinto, subdiretor da faculdade, congratula-se com a taxa de empregabilidade da instituição que representa, mas reconhece que também para os advogados, como em muitas outras profissões, este é o momento de alargar horizontes e procurar novos nichos de mercado.
25.10.2012 | Por Cátia Mateus
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É cada vez maior o número de advogados que apostam em consolidar uma carreira dentro de uma empresa deixando de lado as sociedades de advogados. A tendência não é novidade e já no ano passado, os dados do Instituto de Advogados de Empresas (IAE) da Ordem dos Advogados (OA), apontavam para um crescimento exponencial desta conjuntura. Se em 2008 cerca de 200 profissionais tinham optado por um vínculo laboral com uma empresa, em 2011 o número já excedia os 1200. O próprio bastonário da OA, Marinho Pinto, já lançou sucessivos alertas face ao estado da profissão, das dificuldades com que se debatem os advogados em Portugal e até da taxa de abandono da carreira.
O bastonário chegou mesmo a revelar que em seis anos, cerca de oito mil advogados abandonaram a profissão. Um número que faz constatar uma profissão em mudança e com novos desafios para os quais é urgente preparar os que agora vão abraçar uma carreira na advocacia. É com esta missão que a Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa organiza na próxima semana uma feira de emprego. O evento sucede às Jornadas da Empregabilidade que a instituição acolheu já esta semana e que promoveram o debate em torno de temáticas como a transição para o mercado de trabalho, a internacionalização e mobilidade na carreira ou as várias possibilidades de carreira existentes.
Rui Pinto, subdiretor da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa (FDUL) não confirma números nem tendências, mas reconhece que o mercado de trabalho para os adogados está em mudança. A instituição que ajuda a liderar forma em média 365 advogados por ano e está longe de ser a única a “produzir” estes profissonais. O responsável reconhece que a profissão não é imune à crise, mas adianta que “os nossos diplomados têm uma boa preparação teórica e, consequentemente, muitos conseguem um trabalho/estágio algumas semanas após o término do curso”. A FDUL regista uma média de empregabilidade anual de 65%. Rui Pinto reafirma ambições maiores e explica que por isso a instituição está decidida a apoiar os seus alunos a dar o salto para o mercado de trabalho.
A Feira de Emprego da FDUL, que se realizará a 30 e 31 de Outubro nas instalações da faculdade, é a primeira que realiza sob a tutela da universidade. Até ao ano passado, o evento era organizado pelos alunos a quem a FDUL cedia o espaço físico. “A faculdade detectou a necessidade de apoiar os alunos e criou o gabinete de Saídas Profissionais, que tem como missão principal apoiar e facilitar a transição do estudante da sua vida académica para a profissional ativa”, explica o subdiretor adiantanto que a feira de emprego está enquadrada nesta missão e permitirá aproximar as entidades empregadoras dos alunos. O evento, que conta com a colaboração do Conselho Distrital de Lisboa da OA, reunirá nesta edição 25 empresas, entre sociedades de advogados, bancos, consultoras. Uma diversidade que confirma o alargar de horizontes que cada vez mais se impõe aos profissionais do Direito.
“A resposta ao aumento do desemprego, que também afeta os nossos alunos, passa pela procura de novos nichos de mercado, seja internamente ou em último caso lá fora”, confirma Rui Pinto que acrescenta ainda a necessidade de “incentivar os estudantes a criarem o seu próprio posto de trabalho, a serem empreendedores, mesmo quando no curo de Direito não é muito fácil ser-se empreendedor”. Para o subdiretor da FDUL “é fundamental que os jovens profissionais se tornem criativos e procurem novos nichos de mercado ou até novos mercados fora de Portugal, porque existem empresas estrangeiras a recrutar advogados portugueses”.
É há muito inquestionável que o mercado nacional não consegue absorver a quantidade de licenciados que as universidades de direito fornecem e se lá fora existem oportunidades, Rui Pinto é apologista de que não se fechem portas. Europa, PALOP e América Latina são já, a nível internacional, os maiores recrutadores de advogados portugueses, enfatiza o subdiretor. “Nestes mercados de trabalho existem lacunas na parte jurídica e temos sociedades que operam lá, gerando assim uma conjugação de factores que pode ser muito apetecível para os profissionais portugueses”. A internacionalização de carreiras foi, de resto, um dos pontos-chave das Jornadas de Empregabilidade que a FDUL acolheu esta semana. Para Rui Pinto “cada vez mais os jovens licenciados devem ter em aberto a hipótese de uma carreira global. O mercado está estagnado e não é fácil a absorção de novos licenciados por parte das empresas”.
Ainda assim, em Portugal há empresas decididas a não deixar escapar os melhores talentos produzidos nas universidades nacionais. No evento estarão presentes sociedades como a CuatreCasas Gonçalves Pereira, In Lex, Linklaters, Miranda Correia Amendoeira & Associados, Raposo Bernardo & Associados, SRS Advogados, Morais Leitão Galvão Teles Soares da Silva, Abreu Agvogados, Garrigues ou empresas como a PwC, Delloite, entre muitas outras. A meta é contratar.
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