Pode parecer contraditório, mas há quem afirme sem vergonhas que o despedimento foi a melhor oportunidade de crescimento profissional que lhe surgiu. Teresa Martins é um exemplo. Foi graças ao facto de ter perdido um emprego no sector da banca que decidiu dar forma a um projecto pessoal há muito adiado. Mas nem sempre a oportunidade de mudar de vida implica empreender por conta própria. Há casos de sucesso também entre os que sempre quiseram mudar de área profissional, mas só ganharam coragem de tentar quando perderam a estabilidade laboral. Transformar momentos de crise em fontes de oportunidade exige, sobretudo, estratégia e propensão ao risco. Até porque, quando já se perdeu tudo não há que ter medo de perder mais nada.
Aos 35 anos, Teresa Martins mudou drasticamente de vida. Depois de mais de uma década de trabalho na banca, a licenciada em matemáticas aplicadas, abraçou o sonho de abrir um colégio. Trocou Lisboa por Alenquer e concretizou o seu sonho. “Sempre tive esta ambição, mas faltava-me coragem para arriscar. Só a tive quando perdi a estabilidade profissional que julgava ter. Foi ai que pensei: porque não?”, relembra.
Teresa reconhece que tal como uma boa parte dos portugueses, sempre foi avessa à mudança e “foi necessário um período de adaptação para passar do salário certo e garantido à gestão de um negócio próprio, com outros encargos, outro risco, outras responsabilidades”, confessa.
Mas para transformar a crise do desemprego em oportunidade não é preciso arriscar tanto. Tiago Guedes há muito que se sentia estagnado profissionalmente, mas nunca teve a “garra” necessária para tentar a sua sorte noutras paragens. Quando terminou o 12º ano entendeu que o seu caminho era o mercado de trabalho porque não queria estudar mais. Anos mais tarde, a decisão revelou-se errada e sentiu-se estagnar na empresa de seguros onde trabalhava. “A dada altura percebi que as minhas hipóteses de progressão de carreira eram poucas e sentia-me estagnar a cada dia”, recorda. Face a uma redução de quadros na empresa Tiago foi dispensado das suas funções. Investiu o dinheiro da indemnização na sua formação e aproveitou o subsídio de desemprego a que teve direito para regressar aos bancos da escola. Está a concluir a licenciatura em marketing e integra hoje a equipa comercial de uma empresa ligada à área farmacêutica. Está motivado, acredita que o desemprego lhe mudou a vida para melhor mas sabe que para aproveitar esta oportunidade é preciso também estar preparado e delimitar bem uma estratégia.
Não há muito tempo Fernando Neves de Almeida, country manager da empresa de executive search Boyden, referia que existem muitas pessoas apara quem o desemprego foi o melhor ponto de partida para a progressão na carreira e a realização profissional. O especialista referia mesmo que em 50% dos casos, o desemprego gera uma mudança para melhor. Mas para que isto aconteça, o candidato a novo emprego ou o profissional que procura lançar-se no mundo empresarial não pode ficar de braços cruzados esperando que as soluções venham até si. Delimitar uma estratégia de abordagem eficiente e activa ao mercado de trabalho é fundamental, mas o grande trunfo neste domínio é mesmo o marketing pessoal.
Timidamente este conceito tem vindo a ganhar terreno e entre os especialistas da indústria de recrutamento não restam mais dúvidas de que para vencer no mercado laboral, o profissional tem de se assumir como uma marca pessoal (ver caixa) e perceber que as criatividade nas abordagens é meio caminho andado para conseguir aquele minuto de ouro em que você pode mostrar o que vale.
Cada vez mais, o tradicional CV é em si uma ferramenta que em si, isolada, se torna pouco determinante para quem procura recrutar. Seja criativo na forma como aborda o mercado e até no modelo que escolhe para se dar a conhecer. Respeite o valor de um currículo, mas não o assuma como determinante por quem recruta não o faz exclusivamente por essa via.
A inovação é cada vez mais uma constante no mercado de recrutamento, por isso é fundamental que se adapte às novas estratégias de formação profissional. Se quiser testar-se a si mesmo neste domínio tem em breve uma oportunidade. O projecto Cidade das Profissões, promove no Porto, a 3 de Março, um inovador evento: o “Speed Recruitment”, um encontro entre empresas e candidatos a emprego onde os últimos têm oportunidade de mostrar o que valem em mini-entrevistas de dez minutos.
A grande inovação do evento em matéria de marketing pessoal, é que cada candidato tem uma indumentária própria: uma t-shirt com o próprio currículo estampado, em formato A4. O desafio é pois criar uma imagem pessoal, criativamente estruturada nesta ferramenta, de forma a conquistar a atenção dos empregadores e dar lugar a uma segunda entrevista. Um incentivo à criatividade como forma de fazer do desemprego uma oportunidade de recomeço e mudança.
Eu sou uma marca de sucesso!
Não se ofenda se um recrutador lhe disser que tem de saber vender-se. Você é o seu melhor trunfo para alcançar tudo o que quer profissionalmente e tem de aprender a mostrá-lo. Saber gerir a seu favor a sua própria imagem e tirar dela o melhor partido é o primeiro princípio básico a que deve dar atenção se quiser alcançar o emprego dos seus sonhos. Construa a sua imagem sempre com base na realidade. As qualidades pessoais que tem são a sua base. Deve apenas aprender a salientar os seus elementos distintivos e apresentá-los ao seu empregador.
Deve também saber que o seu valor e conduta profissional são os pilares da construção de uma imagem pessoal positiva aos olhos de quem recruta. Jamais sacrifique isto a favor de nada. Transmita sempre confiança e credibilidade, minimizando as indecisões e reforçando a assertividade em todas as suas posturas. Seja coerente nas palavras e nos actos, carismático e motivante para quem consigo trabalha.
Desenvolver o seu estilo pessoal é fundamental. Procure ser uma marca e não uma réplica. Não copie ninguém. Desenvolva o seu próprio estilo e cultive a sua rede de contactos interpessoais. Networking é uma palavra de ouros nos dias que correm.